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Câmara dos Deputados

- Publicada em 30 de Julho de 2017 às 15:55

Oposição dá como certa a vitória de Temer

O recesso parlamentar foi especialmente fatigante para o presidente Michel Temer (PMDB). Além de ter de empacotar medidas controversas na área econômica, nas duas últimas semanas, ele dedicou parte importante de sua agenda, inclusive os fins de semana, para intensificar o cortejo a deputados e lideranças partidárias.
O recesso parlamentar foi especialmente fatigante para o presidente Michel Temer (PMDB). Além de ter de empacotar medidas controversas na área econômica, nas duas últimas semanas, ele dedicou parte importante de sua agenda, inclusive os fins de semana, para intensificar o cortejo a deputados e lideranças partidárias.
Como muitos deles estão longe de Brasília, o peemedebista passou horas pendurado ao telefone tentando, mesmo à distância, conquistar aliados para conseguir rejeitar na Câmara a denúncia de corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra si.
Ele é acusado de receber propina da JBS em troca de uma solução de problemas da empresa com a Petrobras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A matéria deve ser apreciada na próxima quarta-feira. Segundo interlocutores do presidente, ao cabalar votos destinados a sepultar a denúncia, Temer ouviu demandas das mais variadas: vão desde os já repisados pedidos de liberação de emendas e de cargos até a solicitação de selfies e gravações em vídeo para prefeitos interessados dar uma turbinada na imagem - acredite, demonstrar proximidade com o poder rende votos, muitos votos.
Em ano pré-eleitoral, é tudo o que mais desejam os gestores municipais. Hábil articulador político, Temer sabe como poucos recitar palavras capazes de soar como música aos ouvidos dos políticos. O esforço não tem sido em vão. Pelo que indicam os mapas feitos pelo chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o governo tem apoios de sobra para enterrar a primeira denúncia do procurador-geral, Rodrigo Janot, contra Temer.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também passou a maior parte de seus últimos dias em Brasília e é quem vai presidir a sessão de apreciação da denúncia, vaticinou a interlocutores: a primeira batalha do presidente no Congresso já foi vencida. É favas contadas. Mesmo os mais empedernidos oposicionistas já jogaram a toalha - ao menos nesse primeiro round.
Ou seja, Temer pode não ser um presidente popular, o governo pode não ser bem avaliado pela população, mas ele é bom de voto no Legislativo e, ao contrário dos estertores da gestão Dilma Rousseff (PT), consegue controlar as rédeas da governabilidade. Para a denúncia prosseguir no Supremo - e, consequentemente, Temer ser afastado do cargo por seis meses - são necessários 342 apoios na Câmara. Qualquer resultado diferente, incluindo uma abstenção em massa, beneficia o peemedebista acusado por Rodrigo Janot de ser o destinatário final de uma mala de R$ 500 mil, portada por seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. É o que acontecerá, salvo uma hecatombe.
Na quinta-feira passada, sites que monitoravam a indicação dos votos dos deputados, mantidos por artistas e intelectuais refratários a Temer, indicavam apenas 207 votos pela continuidade do processo criminal contra o presidente no Supremo Tribunal Federal (STF). Àquela altura, havia 147 indecisos e 159 apoios a Temer. Pelo sim, pelo não, o governo raspa o cofre. Na tentativa de assegurar a vitória, sem sobressaltos, o governo liberou R$ 15 bilhões em emendas parlamentares. Com o triunfo na Câmara, Temer poderá retomar sua agenda econômica pelo menos até a apreciação de nova denúncia por obstrução da Justiça a ser feita pelo procurador Rodrigo Janot.

Adiamento de reformas tem custado caro ao País

O adiamento de reformas estruturantes, como a da Previdência, já tem custado caro ao País. De acordo com dados do Ministério da Fazenda, deixarão de ser economizados R$ 18,6 bilhões se a proposta só for aprovada depois das eleições de 2018. A falta de dinheiro já tem afetado as ações da Polícia Federal - não bastassem os problemas já conhecidos com as confecções de passaportes, que só agora começam a ser normalizadas, em doses homeopáticas. Na última semana, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, entoou o sinal de alerta. Segundo ele, após os cortes e contingenciamentos, a Polícia Federal (PF) não dispõe de verba suficiente para realizar todas as operações necessárias. Para continuar a operar, as mais importantes serão selecionadas. Em português claro: a Lava Jato será prejudicada. O presidente Temer já foi informado sobre o problema. "Tenho que ser honesto, sincero e transparente. Poderá implicar em processos seletivos de ações, não realizar todas as operações ou não realizar em suas extensões totais, mas apenas parcialmente", afirmou o Jardim. Na mesma entrevista, o ministro disse que o contingenciamento aplicado à PF foi de R$ 400 milhões.
Com o objetivo de economizar R$ 1 bilhão por ano, o governo prepara uma medida provisória com um Plano de Demissão Voluntária (PDV). A medida é polêmica, porque pode ter efeito contrário: retirar do governo exatamente os melhores quadros, já que os que pouco produzem não terão coragem de sair de um emprego com estabilidade para se aventurar na iniciativa privada em pleno momento de incertezas econômicas.

'PSDB precisa baixar a bola', diz chanceler tucano, Aloysio Nunes

Defensor da permanência do PSDB no governo, o ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) diz que seu partido precisa "baixar a bola" e deixar de pensar que abandonar o barco vá salvá-lo nas eleições.
"Achar que se afastar deste governo e contribuir para a sua queda vai salvar o PSDB nas eleições é subestimar a inteligência do povo brasileiro. O fato de sair do governo não vai fazer com que o sujeito emerja da pia batismal vestido de branco, 'não tenho nada a ver com essa situação'. Temos, sim (bate a mão na mesa). Nós criamos essa situação", disse, em entrevista à Folha de S.Paulo.
O PSDB volta do recesso nesta terça-feira dividido sobre a decisão de romper com o governo Temer ou continuar na base de sustentação e manter os quatro ministérios que ocupa.
Para o ministro, o PSDB precisa reduzir a temperatura de seus conflitos internos para decidir quem será o próximo presidente da sigla.

Em busca de apoio, presidente janta com Aécio no Jaburu

O presidente Michel Temer jantou, na noite de sábado, com o senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, e outros ministros tucanos.
O encontro ocorreu em meio ao esforço do governo para tentar pacificar o PSDB e garantir a maioria dos votos dos deputados da legenda, a segunda maior da Câmara, contra a aceitação da denúncia por corrupção passiva contra o presidente, que será votada nesta quarta-feira na Casa.
De acordo com a assessoria de imprensa de Aécio, o jantar aconteceu no Palácio do Jaburu e contou com a presença dos ministros tucanos Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Bruno Araújo (Cidades). O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, do PMDB, também participou, assim com as esposas de Temer e dos ministros. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi convidado, mas não compareceu ao evento.
A assessoria do presidente licenciado do PSDB afirmou que, no jantar, Temer, Franco e os tucanos conversaram sobre vários assuntos, inclusive sobre política.
Aécio defende a permanência do partido na base aliada, mas enfrenta forte resistência de setores que defendem o desembarque, entre eles do presidente interino da sigla, senador Tasso Jereissati (CE). O PSDB comanda quatro dos 28 ministérios: Secretaria de Governo, Cidades, Direitos Humanos e Relações Exteriores.
Placar do jornal O Estado de S. Paulo mostra que, dos 46 deputados federais do PSDB, 18 já declararam voto a favor da aceitação da denúncia contra Temer, e apenas seis se disseram contra. Deputados favoráveis à denúncia acreditam, porém, que a maioria dos tucanos que não quiseram se pronunciar deve votar contra o presidente.