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Partidos

- Publicada em 05 de Julho de 2017 às 18:59

Cúpula do PSDB quer o desembarque do governo

Brasília - O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tasso Jereissati,

Brasília - O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tasso Jereissati,


MARCELO CAMARGO/ABR/JC
Alvo de uma denúncia por corrupção passiva, o presidente Michel Temer (PMDB) pode perder, na próxima semana, o apoio daquele que tem sido o principal fiador de sua manutenção no cargo: o PSDB. Parlamentares tucanos que apoiaram o adiamento de uma decisão sobre o desembarque do governo na reunião da executiva do partido, há cerca de três semanas, agora defendem que a situação se deteriorou e que o PSDB precisa tomar uma decisão rápida.
Alvo de uma denúncia por corrupção passiva, o presidente Michel Temer (PMDB) pode perder, na próxima semana, o apoio daquele que tem sido o principal fiador de sua manutenção no cargo: o PSDB. Parlamentares tucanos que apoiaram o adiamento de uma decisão sobre o desembarque do governo na reunião da executiva do partido, há cerca de três semanas, agora defendem que a situação se deteriorou e que o PSDB precisa tomar uma decisão rápida.
O timing para o desembarque, segundo integrantes da cúpula da legenda, será após a votação da reforma trabalhista no Senado e a votação da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, ambas previstas para a próxima semana.
Senadores do PSDB acreditam que a movimentação não pode ocorrer antes disto, sob risco de comprometer a aprovação da reforma, apoiada pelo partido.
A contabilidade no Senado é de sete senadores tucanos, entre um total de 11, favoráveis ao desembarque. O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), além de Cássio Cunha Lima (PB), Ricardo Ferraço (ES), Eduardo Amorim (SE), Flexa Ribeiro (PA), Dalírio Beber (SC) e Antonio Anastasia (MG) estariam, segundo integrantes da cúpula, favoráveis ao desembarque. Resta convencer Aécio Neves (MG), José Serra (SP), Ataídes Oliveira (TO) e Paulo Bauer (SC).
"Embora o discurso de Aécio ontem tenha sido de permanecer no governo, ele tem que enfrentar os fatos. A posição de desembarque está cada vez mais clara no partido e cabe ao presidente apenas chancelar. Tem coisas que a gente não controla", afirmou Tasso Jereissati.
Na Câmara, o placar estimado pelo líder do PSDB, Ricardo Trípoli (SP), é de seis votos favoráveis à denúncia, contra apenas um apoio a Temer na CCJ. Desta forma, explica Trípoli, a permanência na base aliada seria incoerente.
"O partido está com seis votos a um na CCJ a favor da denúncia contra Temer. Deste jeito, fica inadmissível continuar no governo. A evolução dos fatos e a defesa que vimos que o presidente fez não é satisfatória. Isso gera desconfiança, insegurança. Esse é o grande problema hoje. Apenas criticar o procurador-geral da República não é defesa, é um problema muito grave. A rua diz outra coisa. Entre a rua e a fala de um presidente sob suspeição, é difícil ficar contra as pessoas", afirma Trípoli.
Para Cássio Cunha Lima, Temer receberá, em breve, um "voto de desconfiança", não só do PSDB, mas de todo o Congresso. O senador destaca que o sucessor de Temer no caso de afastamento do cargo é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem, assim como o peemedebista, grande trânsito entre os deputados.
 

Aécio é pressionado a deixar a presidência definitivamente

Apenas um dia após retomar seu mandato no Senado, Aécio Neves (PSDB-MG) está sendo pressionado por correligionários a deixar, definitivamente, a presidência do PSDB. O presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati, tem demonstrado forte incômodo com a situação provisória e cobrou uma definição rápida. "A renúncia à presidência do partido só cabe a ele. Mas temos que ter uma posição definitiva o mais rápido possível", disse Jereissati.
Segundo um aliado de Aécio, o senador deve agora "mergulhar" e evitar os holofotes. Para pessoas próximas, Aécio não deve insistir em permanecer no cargo, já que isso poderia gerar um esgarçamento maior de sua relação com os colegas de partido em um momento em que o senador precisa de apoio para escapar de um processo de cassação do mandato no Conselho de Ética e também se dedicar à sua defesa junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A expectativa é que a saída de Aécio da presidência do partido ocorra durante o recesso parlamentar, ou logo após este período. Ainda não foi definido internamente como será a escolha do novo presidente, mas a tendência é que Tasso Jereissati seja confirmado no cargo.
Um interlocutor do tucano afirmou que Aécio pediu ao partido que espere até que o Conselho de Ética tome uma decisão sobre o arquivamento do processo de cassação de seu mandato, o que está previsto para amanhã, e também sobre o desembarque do partido da base aliada, que pode ocorrer já na próxima semana.
Jereissati já afirmou a interlocutores que não ficará à frente do partido apenas de forma interina e que, se este cenário se prolongar, ele pode deixar o posto. Questionado se Aécio deve permanecer na presidência do partido, ele respondeu: "Isso ele que tem que responder, ele sabe o que faz", afirmou.
Aécio pediu licença da presidência do PSDB logo após o STF decidir afastá-lo do mandato de senador. A corte determinou o afastamento depois de reveladas as gravações entre Aécio e o delator Joesley Batista, dono da JBS.