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operação Cui Bono

- Publicada em 03 de Julho de 2017 às 19:05

Polícia Federal prende Geddel Vieira Lima

Geddel foi vice-presidente de pessoa jurídica do banco de 2011 a 2013

Geddel foi vice-presidente de pessoa jurídica do banco de 2011 a 2013


EVARISTO SA/AFP/JC
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) foi preso ontem pela Polícia Federal (PF), na Bahia. A prisão é preventiva, ou seja, sem tempo determinado de duração, e foi determinada a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e da PF, para quem o ex-ministro de Michel Temer (PMDB) tentou atrapalhar as investigações sobre desvios na Caixa Econômica Federal.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) foi preso ontem pela Polícia Federal (PF), na Bahia. A prisão é preventiva, ou seja, sem tempo determinado de duração, e foi determinada a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e da PF, para quem o ex-ministro de Michel Temer (PMDB) tentou atrapalhar as investigações sobre desvios na Caixa Econômica Federal.
A Polícia Federal deflagrou em janeiro a Operação Cui Bono? ("A quem beneficia?", em latim), que mirava Geddel e sua gestão na vice-presidência de pessoa jurídica na Caixa entre 2011 e 2013.
A investigação começou a partir de elementos colhidos em um antigo celular do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
De acordo com nota da Procuradoria da República no Distrito Federal, a prisão "tem como fundamento elementos reunidos a partir de informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva".
Segundo a procuradoria, o "objetivo de Geddel seria evitar que Eduardo Cunha e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. Para isso, tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de monitorar o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo."
Funaro, preso pela Operação Lava Jato, entregou à PF registros de chamadas telefônicas que Geddel fez para sua mulher, Raquel, por meio do aplicativo WhatsApp.
Na versão do operador, Geddel ligou para sua mulher várias vezes "sondando" sobre a possibilidade de ele, Funaro, fechar acordo de delação. Os registros mostram 12 ligações de "Carainho" - apelidado dado a Geddel na agenda telefônica de Raquel - em oito dias diferentes, após a imprensa divulgar a delação da JBS.
O número atribuído a "Carainho" na agenda, com código de área de Salvador, coincide com o número de celular de Geddel.
"Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente (entre maio e junho) por Geddel à esposa de Lúcio Funaro. Para provar, tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo.
Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome "Carainho", sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF", destaca a nota da procuradoria.
Para os investigadores, "os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa". A Justiça acatou também os pedidos de quebra de sigilos fiscal, postal, bancário e telemático.
O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. A ordem foi cumprida na tarde de ontem, segundo a Procuradoria no DF. Geddel deve ser transferido para Brasília. A reportagem não conseguiu, até as 17h desta segunda-feira, contato com o advogado do ex-ministro.
No ano passado, Geddel deixou o governo de Michel Temer (PMDB), de quem é amigo de longa data, sob acusação de pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a viabilizar a construção de um empreendimento imobiliário em Salvador (BA) em uma área com bens tombados pelo patrimônio histórico nacional.

'Que os desonestos respondam por seus atos', afirma Marcelo Calero

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero reagiu ontem à prisão do seus ex-colega de ministério Geddel Vieira Lima (PMDB) e defendeu que prevaleça "a justiça, a democracia e a verdade" no Brasil.
Em conversa com a reportagem, ele disse que sonha com um País em que "os honestos possam dar sua contribuição e os desonestos respondam por seus atos".
Ontem, Geddel, ex-ministro da Secretaria de Governo e aliado do presidente Michel Temer (PMDB), foi preso pela Polícia Federal na Bahia. "Não cultivo o sentimento mesquinho da vingança, mas sonho com um País em que os honestos possam dar sua contribuição e os desonestos respondam por seus atos. Que, acima de tudo, prevaleça a justiça, a democracia e a verdade", disse Calero.
O ex-titular da Cultura deixou o governo Temer no ano passado após acusar Geddel de pressioná-lo a produzir parecer técnico para viabilizar a construção de um empreendimento imobiliário em Salvador (BA) no qual o então chefe da Secretaria de Governo tinha comprado apartamento e, portanto, tinha interesse direto.
O edifício, uma torre de apartamentos de luxo, não poderia ser construído de acordo com as normas urbanísticas, pois estava em um terreno próximo a bens tombados.
Como titular do Ministério da Cultura, Calero tinha sob a sua pasta o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelo parecer que poderia inviabilizar o empreendimento considerando o regime urbanístico previsto no local.
Geddel Vieira Lima reconheceu que tratou com o Marcelo Calero sobre o projeto imobiliário na Bahia, mas negou que o tenha pressionado a produzir um parecer técnico para liberar o empreendimento.

Jucá diz que prisão não vai interferir na denúncia contra Michel Temer

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse lamentar pessoalmente a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), mas garantiu que a detenção não repercutirá na tramitação da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados porque se trata de uma "questão pessoal dele (Geddel)".
A prisão de Geddel, um dos mais próximos aliados de Temer, aconteceu três dias depois da liberação de outro ex-assessor do presidente - Rodrigo Rocha Loures - e após declarações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que, enquanto estivesse com a caneta, continuaria "mandando flechadas". Jucá não quis ligar a prisão de
Geddel à declaração de Janot, vista no governo como uma ameaça de que continuaria agindo para fazer Temer sangrar.
"Não vou prejulgar o Janot. Sou muito consciencioso dos meus atos e das minhas palavras", disse Jucá.
Sobre a tramitação da denúncia contra Temer na Câmara, Jucá disse que isso não pode ser a pauta única do governo e "é preciso tocar o País". O senador também avaliou que não é necessariamente obrigatório que o partido feche questão na bancada da Câmara contra a autorização para que o Supremo Tribunal Federal processe Temer.
"Não precisa fechar questão, pois isso não é questão partidária, é questão de foro íntimo, de julgamento. A bancada do partido, se quiser, vai pedir no âmbito Câmara. A posição do presidente do partido é analisar qualquer pedido e agir como juiz", disse Jucá.
Ele lembrou que o partido não fechou questão no caso do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), porque era uma questão processual que estava na Câmara.
"Você não vai chegar num julgamento e ir no jurado para fechar questão. Respeitamos a posição dos nossos deputados", disse o líder do governo.