Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Opinião

- Publicada em 24 de Julho de 2017 às 16:14

Sobre diversidade e uma certa identidade

Proferi conferência sobre diversidade numa mesa redonda realizada no Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Pois uma postagem em rede social me fez retomar a questão sobre um dos inúmeros aspectos da diversidade: referia-se a uma declaração do cantor Ney Matogrosso. Em uma entrevista, dizia ele a respeito de si próprio: "Que gay o car... Eu sou um ser humano". Recusava-se ele, com a declaração, a aceitar qualquer criação de "novas identidades" e com isso "dando extraordinário exemplo do que é a liberdade de cada pessoa ser o que ela é". É o caso de alguns aparecimentos da palavra da moda, "diversidade". Lembro do texto "A significação das diferenças raciais", de autoria de clássico da antropologia, Ralph Linton.
Proferi conferência sobre diversidade numa mesa redonda realizada no Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Pois uma postagem em rede social me fez retomar a questão sobre um dos inúmeros aspectos da diversidade: referia-se a uma declaração do cantor Ney Matogrosso. Em uma entrevista, dizia ele a respeito de si próprio: "Que gay o car... Eu sou um ser humano". Recusava-se ele, com a declaração, a aceitar qualquer criação de "novas identidades" e com isso "dando extraordinário exemplo do que é a liberdade de cada pessoa ser o que ela é". É o caso de alguns aparecimentos da palavra da moda, "diversidade". Lembro do texto "A significação das diferenças raciais", de autoria de clássico da antropologia, Ralph Linton.
Escreveu ele que a consciência de raça só apareceu a partir do século XVI. Pois lendo o que dizia Linton me deparo com um primeiro fenômeno que começou a orientar meu pensamento: entre os romanos circulava uma ideia de que seus vizinhos gauleses eram altos e louros. Linton disse que pesquisas modernas demonstraram que o número de indivíduos altos e louros entre os romanos era semelhante ao que havia entre os gauleses.
Disso me veio um primeiro insigth: a ideia de que os gauleses eram louros e altos poderia ter, pensei, forte conotação erótica. Estariam os romanos curiosos com as práticas sexuais de seus vizinhos? Autorizei-me a pensar assim, porque a curiosidade com a prática sexual do outro está bastante estudada em psicanálise através de conceitos como os de cena primária (a inata curiosidade das crianças com as relações sexuais dos pais) e daquilo que Freud chamou de Complexo de Édipo.
Então uma curiosidade com a intimidade do outro não estaria então traduzindo uma invasão de intimidade, a intimidade de nossa prática sexual? A exposição de intimidades, diz a psicanálise, é sempre traumática para o observador. Que reação terá esse último? De admiração certamente não será. Aversão é quase certo. Reações psicológicas, como o preconceito, não estão localizadas nos níveis de consciência que possamos controlar, ao contrário, mobilizam forças que não controlamos.
Assim, penso ilusória a tentativa de, expondo questões e debatendo-as à exaustão, provocar alguma mudança nas reações da população. Por isso, não sei bem o motivo que tem estimulado debates sobre o assunto nas instituições psicanalíticas. Sendo que o que confere diversidade são fatores periféricos da personalidade, a psicanálise, que aborda a profundidade, nada tem a fazer.
Psiquiatra
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO