O Ministério Público da Venezuela confirmou a morte de pelo menos três jovens na noite de quarta-feira, após uma greve geral de 48 horas convocada pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), coalizão opositora ao governo de Nicolás Maduro. Dois homens morreram em Mérida, enquanto em Caracas a vítima foi um adolescente de 16 anos.
Apesar da repressão contra a greve, o líder opositor Leopoldo López estimulou os venezuelanos a permanecerem nas ruas. A paralisação, que provocou tumultos em várias cidades venezuelanas, continuou durante esta quinta-feira para pressionar contra a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, cujos membros serão escolhidos em votação no domingo. O objetivo do governo é reescrever a Constituição do país.
A greve geral é a maior iniciativa contra o governo desde o plebiscito informal organizado no dia 16, no qual 7,5 milhões de venezuelanos expressaram rechaço à Constituinte, segundo a oposição. Maduro enfrenta uma onda de saques e protestos que já deixou mais de 100 mortos desde abril. A convocação da Constituinte foi apresentada pelo líder chavista como uma saída para "pacificar" a Venezuela, mas a iniciativa acabou gerando novas manifestações.
Na terça-feira, o presidente pediu, em comício pela Constituinte, que os eleitores apresentem na votação seu "Carnê da Pátria", espécie de identidade digital que dá aos beneficiários de programas sociais acesso a alimentos, cujo abastecimento vem sofrendo cortes. "Carnê da Pátria na mão, todo mundo com seu Carnê da Pátria e sua identidade. Na porta das seções eleitorais, vamos checar os carnês, para saber se todos votaram", afirmou Maduro. A oposição diz que a exigência é um mecanismo de controle social com objetivos políticos.
O presidente anunciou a proibição de manifestações a partir desta sexta-feira até a próxima terça por ocasião da eleição. Os opositores, porém, já avisaram que não pretendem cancelar nenhum protesto.