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Crise política

- Publicada em 18 de Junho de 2017 às 16:39

Michel Temer diz que vai processar Joesley

Temer determinou que ações sejam protocoladas hoje na Justiça

Temer determinou que ações sejam protocoladas hoje na Justiça


EVARISTO SA/EVARISTO SA/AFP/JC
O Palácio do Planalto informou ontem que o presidente Michel Temer (PMDB) vai processar o empresário Joesley Batista, dono da J&F. As ações civil e penal serão protocoladas hoje na Justiça. A nota acusa Joesley de proteger "os reais parceiros de sua natureza de pilhagens" e "os grandes tentáculos da organização criminosa" que ele ajudou a forjar, numa referência aos governos do Partido dos Trabalhadores.
O Palácio do Planalto informou ontem que o presidente Michel Temer (PMDB) vai processar o empresário Joesley Batista, dono da J&F. As ações civil e penal serão protocoladas hoje na Justiça. A nota acusa Joesley de proteger "os reais parceiros de sua natureza de pilhagens" e "os grandes tentáculos da organização criminosa" que ele ajudou a forjar, numa referência aos governos do Partido dos Trabalhadores.
Na nota, o presidente diz que Joesley "desfia mentiras em série" e que o empresário é o "bandido notório de maior sucesso na história brasileira".
Na entrevista à revista Época, Joesley fala que a relação com o presidente Temer nunca foi de amizade. "Sempre foi uma relação institucional, de um empresário que precisava resolver problemas e via nele a condição de resolver problemas".
O dono do grupo J&F afirma que o presidente Temer "não é um cara cerimonioso com dinheiro" e que sempre tinha um assunto específico para tratar quando se encontravam. "Nunca me chamou lá para bater papo. Sempre que me chamava, eu sabia que ele ia me pedir alguma coisa, ou ele queria alguma informação."
O texto divulgado pelo Palácio do Planalto destaca que era Joesley quem fazia pedidos e que eles nunca foram atendidos: "Em entrevista, ele diz que o presidente sempre pede algo a ele nas conversas que tiveram. Não é do feitio do presidente tal comportamento mendicante. Quando se encontraram, não se ouve ou se registra nenhum pedido do presidente a ele. E, sim, o contrário. Era Joesley quem queria resolver seus problemas no governo, e pedia seguidamente. Não foi atendido antes, muito menos depois", diz o comunicado.
A nota acrescenta que, em 2005, o Grupo JBS obteve seu primeiro financiamento no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes). Dois anos depois, alcançou um faturamento de R$ 4 bilhões. Em 2016, o faturamento das empresas da família Batista chegou a R$ 183 bilhões. "Relação construída com governos do passado, muito antes que o presidente Michel Temer chegasse ao Palácio do Planalto", destaca o texto. A nota nega que o empresário tenha influência na administração federal.
"Suas mentiras serão comprovadas e será buscada a devida reparação financeira pelos danos que causou, não somente à instituição Presidência da República, mas ao Brasil. O governo não será impedido de apurar e responsabilizar o senhor Joesley Batista por todos os crimes que praticou, antes e após a delação", diz a nota da presidência.
Na entrevista, Joesley também cita o envolvimento, nas denúncias, do ex-deputado Eduardo Cunha, dos ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
"O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles."
Segundo o ministro Moreira Franco, "é surpreendente a ousadia e a desenvoltura em mentir do contraventor Joesley Batista. Estive com ele uma única vez, em um grupo de brasileiros, numa viagem de trabalho a Pequim, ocasião em que me foi apresentado. E nunca mais nos encontramos. Seu juízo a meu respeito é o de quem quer prestar serviço e, para tal, aparenta um relacionamento que nunca existiu".
 

Ex-deputado Rodrigo Rocha Loures quer ser transferido de carceragem

O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, apontado como o "homem da mala" do presidente Michel Temer, pediu ao STF para ser transferido da carceragem da Polícia Federal (PF) em Brasília para o 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, ou até mesmo voltar para o Centro de Detenção Provisória da Papuda "por sua conta e risco". Rocha Loures foi autorizado a deixar a Papuda na quarta-feira passada, após alegar que sua vida corria perigo no presídio.
Agora, a defesa do ex-deputado pede ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, para que ele deixe as instalações da PF, sob o argumento que "não existem condições mínimas necessárias de saúde, como banho de sol e higiene pessoal, uma vez que não possui sequer banheiro".
Fachin deu três dias para que a Polícia Federal preste informações sobre as condições da carceragem. O ministro assinalou, porém, no mesmo despacho, que o bem mais importante a ser protegido é a vida do custodiado.
O ministro afirmou que é preciso conhecer "as circunstâncias fáticas alegadas" e, por isso, será necessário ouvir a PF, que deverá responder por escrito. Fachin fez questão de ressaltar que agiu de forma rápida quando Rocha Loures disse, por meio da defesa, que sua vida corria risco na Papuda.

Em busca de um nome para presidente em eleição indireta

Apesar de o presidente Michel Temer (PMDB) insistir que seguirá no cargo até o fim previsto para o seu mandato, em dezembro de 2018, a crise política em torno do governo não parece arrefecer. Com a delação de executivos da JBS, a consequente abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal e a iminente denúncia contra ele que será feita pela Procuradoria-Geral da República, a saída do peemedebista - por renúncia, afastamento pela Justiça ou impeachment pelo Congresso - deixou de ser uma possibilidade distante.
No cenário político brasileiro, entretanto, faltam nomes fortes para ocupar o posto. Em Brasília, partidos sem alternativas relevantes para a disputa conversam sobre possíveis candidatos para o caso de uma eleição indireta, na qual o sucessor de Temer seria escolhido por deputados e senadores, como determina a Constituição.
Com as lideranças mais óbvias dessas legendas envolvidas em delações, passaram a ser especulados nomes que estavam distantes do protagonismo político há algum tempo e que, em tese, não imprimiriam mudanças marcantes ao governo até o pleito de 2018, principalmente em relação à condução das reformas econômicas.
Se esses "presidenciáveis" são (ou eram) personagens secundários no meio político, recebem ainda menos atenção do restante da população. A principal figura cotada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), só atraiu alguma curiosidade após a delação da JBS, em maio, por ser o primeiro na linha de sucessão, caso Temer não resista às denúncias.
Reportagem da revista Veja, com base em resultados de buscas no Google, mostra como e por quais motivos variou, ao longo do tempo, a projeção de nomes cogitados para conduzir o País até as eleições de 2018. Em setembro do ano passado, quando assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal, as buscas por Cármen Lúcia chegaram ao auge. Em maio deste ano, com Temer emparedado pelas revelações da JBS, quem atingiu o pico de interesse foi Maia, seguido por outros cotados para uma eventual eleição indireta, como o ex-ministro Nelson Jobim, o atual chefe da Fazenda, Henrique Meirelles, e o senador tucano Tasso Jereissati.