Com 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e oito em São Paulo, a Polícia Civil do Rio deflagrou, nesta quinta-feira, a Operação Barão Gatuno, que investiga desvios em Furnas em esquema que seria comandado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo doleiro Lucio Funaro. O caso envolve a compra, por Furnas, de ações na hidrelétrica de Serra do Facão, em Goiás.
Em 2007, Furnas já tinha 49,9% de participação na hidrelétrica, e a lei proibia que subsidiárias da Eletrobras fossem acionistas majoritárias de empresas de energia. Por este motivo, Furnas abriu mão de comprar as ações (29%, segundo a Polícia Civil) da empresa Oliver Trust, que ofereceu sua participação por R$ 7 milhões.
O esquema se deu nos meses seguintes, segundo as investigações. Em Brasília, uma Medida Provisória (MP) relatada por Eduardo Cunha revogou o impedimento legal para Furnas ser majoritária em empresas de energia. As ações da Oliver Trust foram vendidas à Serra da Carioca II, empresa criada dias antes da operação, por R$ 7 milhões. Seis meses depois, em 2008, já sem o impedimento legal, Furnas comprou da Serra da Carioca as ações por R$ 80 milhões. A diferença de R$ 73 milhões é o que teria sido desviado dos cofres de Furnas.