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Política

- Publicada em 01 de Junho de 2017 às 18:01

Supremo adia decisão sobre foro privilegiado

Ministro Alexandre de Moraes durante sessão do Supremo

Ministro Alexandre de Moraes durante sessão do Supremo


CARLOS MOURA/SCO/STF/JC
O ministro Alexandre de Moraes pediu vista (mais tempo para estudar o caso), e o Supremo Tribunal Federal (STF) interrompeu, nesta quinta-feira, a análise de uma questão de ordem que visa restringir o foro privilegiado garantido aos políticos. Quatro ministros já votaram a favor da restrição.
O ministro Alexandre de Moraes pediu vista (mais tempo para estudar o caso), e o Supremo Tribunal Federal (STF) interrompeu, nesta quinta-feira, a análise de uma questão de ordem que visa restringir o foro privilegiado garantido aos políticos. Quatro ministros já votaram a favor da restrição.
Na quarta-feira, quando a análise do assunto começou, o relator, Luís Roberto Barroso, votou pela restrição do foro privilegiado somente para políticos acusados de crimes cometidos no exercício do mandato em vigor e relacionados a ele.
Hoje, se um cidadão sem mandato comete um crime e depois é eleito deputado federal ou senador, por exemplo, o processo que tramitava em primeira instância sobe para o STF. Quando esse mesmo cidadão deixa o mandato, se o processo não tiver sido concluído ainda, este volta à primeira instância.
Essas idas e vindas entre diferentes instâncias da Justiça, que os ministros Barroso e Marco Aurélio chamaram de "elevador processual", sobrecarregariam os tribunais superiores e atrasariam o desfecho dos processos, aumentando a chance de os crimes prescreverem (ficarem sem punição).
A previsão era retomar a discussão nesta quinta-feira, com o voto de Edson Fachin, mas houve uma inversão, e o primeiro a falar foi Moraes. "Não há dúvida que há disfuncionalidade no sistema de foros", iniciou, mas prosseguiu comparando o Supremo, ao qual se atribui morosidade no combate à corrupção, com a primeira instância do Judiciário.
"Me pergunto se há um histórico de primeira instância de combate efetivo às elites políticas e à corrupção. Não. Uma das chagas brasileiras é exatamente o não combate à corrupção", disse. "Não é possível estabelecer conexão entre impunidade no Brasil e ampliação do foro privilegiado."
Diante da complexidade do tema, segundo Moraes, ele pediu mais tempo para analisá-lo. Em seguida, Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e a presidente da corte, Cármen Lúcia, pediram para adiantar os seus votos e acompanharam o relator da matéria, votando pela restrição do foro privilegiado.
Marco Aurélio criticou o vaivém dos processos nas diferentes instâncias da Justiça quando políticos assumem ou deixam o mandato. "A Constituição enseja isso? Para mim, não. A fixação de competência, para mim, está atrelada à data do cometimento (do crime)", disse, acrescentando que a prerrogativa de foro visa proteger o mandato.
"Já manifestei, em mais de uma oportunidade, em sessão da Primeira Turma, que o instituto do foro especial, pelo qual não tenho a menor simpatia, mas que se encontra albergado na nossa Constituição, só encontra razão de ser para a dignidade do cargo, e não para a pessoa que o titulariza, o que evidencia, a meu juízo, a absoluta pertinência de uma interpretação no mínimo restritiva que vincule o instituto aos crimes cometidos no exercício do cargo e em razão do cargo", afirmou Rosa Weber.
Cármen Lúcia disse que, como é hoje, está "caracterizada situação de mutação constitucional, uma vez que foro não é escolha. Prerrogativa não é privilegio". Não há prazo para Moraes devolver os autos e o julgamento ser concluído.
 
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