A população do Reino Unido vai às urnas nesta quinta-feira (8) para eleger um novo Parlamento. A campanha eleitoral, anteriormente pautada pelo Brexit, ganhou contornos inesperados após dois ataques terroristas.
Os atentados empurraram a segurança para o topo da agenda. Há duas semanas, a explosão em um show da cantora pop Ariana Grande em Manchester deixou 22 mortos e parou a campanha por alguns dias. Quando foi retomada, a primeira-ministra Theresa May estava enfrentando questionamentos sobre seu período enquanto ministra do Interior, entre 2010 e 2016, quando foram cortados os orçamentos da polícia e o número de funcionários caiu quase 20 mil.
Na noite de sábado, três homens atropelaram com uma van pessoas que passavam pela ponte de Londres. Depois, saíram do veículo e andaram pelo entorno esfaqueando pedestres. Oito pessoas morreram na ação. No mesmo dia, May disse "basta" e prometeu reprimir o extremismo, mesmo que isso signifique diluir as leis de direitos humanos. Opositores apontaram que ela estava no comando da polícia e do serviço de segurança doméstica quando os ataques de Manchester e de Londres aconteceram.
Os britânicos ficaram surpresos quando a premiê anunciou, em 18 de abril, que pediria ao Congresso a antecipação da votação em três anos. Os eleitores foram às urnas pela última vez em 2015 e, em junho de 2016, votaram a favor da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) em um plebiscito. A última coisa que queriam era outra campanha que pudesse polarizar o país.
No entanto, o período parecia propício na visão de May. Ela se tornou premiê por meio de uma disputa pela liderança do Partido Conservador, quando David Cameron, seu antecessor, renunciou após o resultado do plebiscito. Uma eleição antecipada lhe daria a chance de ter um respaldo pessoal por parte dos eleitores. Com as pesquisas sugerindo vantagem aos conservadores, parecia provável que ela aumentasse sua maioria no Parlamento e fortalecesse sua posição nas negociações com a UE. Antes advogada pela continuidade na UE, ela agora garante prosseguir com o Brexit, além de prometer uma redução da imigração e o estabelecimento de um acordo comercial com os vizinhos europeus.
Do outro lado, está Jeremy Corbyn, líder socialista eleito pelos membros do Partido Trabalhista há dois anos, para o desgosto de muitos, que queriam alguém mais centrista. Entre os partidos pequenos, está o pró-independência Partido Nacional Escocês, que tenta repetir a quantidade de assentos que obteve em 2015, assim como o pró-UE Partido Liberal Democrata.
Quando a campanha começou, os conservadores alcançaram 20 pontos de vantagem nas pesquisas. Levantamentos mais recentes ainda apontam vitória de May, mas não com a vantagem anterior.