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Agronegócios

- Publicada em 11 de Junho de 2017 às 21:23

Mercado da soja sofre com preços baixos e cenário mundial incerto

Apenas 30% da safra colhida no Rio Grande do Sul já foi comercializada

Apenas 30% da safra colhida no Rio Grande do Sul já foi comercializada


/JONNE RORIZ/AE/JC
A supersafra de grãos pode terminar em prejuízo para parte dos produtores gaúchos - ao menos para quem não travou bons preços em negociações no início do plantio. O preço médio da saca no Estado, em 1 de junho, de acordo com a Emater, era de R$ 59,83. E nada indica, até o momento, tendência de valorização. O custo médio de produção medido na região de Cruz Alta pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ficou em R$ 38,40 neste ciclo. Esse cálculo, porém, leva em conta apenas os recursos básicos investidos na lavoura, como fertilizantes, agrotóxicos, operação de máquinas, transporte e assistência, técnica e juros com financiamento.
A supersafra de grãos pode terminar em prejuízo para parte dos produtores gaúchos - ao menos para quem não travou bons preços em negociações no início do plantio. O preço médio da saca no Estado, em 1 de junho, de acordo com a Emater, era de R$ 59,83. E nada indica, até o momento, tendência de valorização. O custo médio de produção medido na região de Cruz Alta pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ficou em R$ 38,40 neste ciclo. Esse cálculo, porém, leva em conta apenas os recursos básicos investidos na lavoura, como fertilizantes, agrotóxicos, operação de máquinas, transporte e assistência, técnica e juros com financiamento.
Se somados a esses itens os valores referentes a manutenção de instalações e benfeitorias, encargos sociais e seguro, o custo operacional vai para R$ 44,78. Quem arrendou terras para cultivar a oleaginosa no ciclo 2016/2017 calculando que venderia ao menos próximo dos valores obtidos na temporada anterior, quando a saca chegou a cerca de R$ 90,00, está em uma situação de risco.
Os atuais R$ 59,83 por saca de 60 quilos, muito abaixo da média histórica de R$ 77,00 para o mês de junho no Estado, entre 2012 e 2016, segundo a Emater, levará os produtores ao menor índice de comercialização para o período, ressalta o diretor da Brasoja Corretora de Cereais, Antônio Sartori. O executivo afirma que o produtor migrou rapidamente da preocupação inicial de como estocar e armazenar a supersafra para o temor do lucro reduzido.
"A situação é delicada. É o típico cenário em que safra farta não significa bolso cheio. Esperando algum tipo de recuperação, o produtor comercializou apenas cerca de 30% da safra. O normal seria estar em torno de 60%. É um percentual muito baixo de comercialização para o período. Isso se deve a referência que o produtor tem do ano passado, quando vendeu por cerca de R$ 90,00, e hoje consegue apenas de R$ 60,00 a R$ 58,00", explica Sartori.
Sem grandes perspectivas que apontem para uma recuperação dos preços, o sojicultor está adotando um posicionamento perigoso. "Ele sonha que vai ter uma seca nos Estados Unidos ou algum tipo de problema climático que prejudique a safra por lá e acaba elevando os preços em Chicago", diz Sartori. Enquanto não vende, porém, o produtor tem que arcar com custos que deveriam estar sendo pagos com a venda do grão.
"De olho nisto, os bancos têm oferecido muito crédito ao produtor, pedindo a soja com garantia e, em troca, oferece um juro menor. Mas é juro que ele está pagando, seja para custear despesas pessoais, seja para manter a fazenda, que é uma empresa e tem custo de manutenção, máquinas, funcionários", diz Sartori.
Parte dos produtores ainda têm expectativas de que problemas climáticos na produção americana, que se inicia agora, poderia gerar quebras e elevar a cotação. Não é o que vislumbram até o momento, porém, especialistas como Luiz Fernando Gutierrez Roque, consultor da Safras & Mercado. "Esta aposta tende a se sair muito errada. Além de não haver indicativo de que a safra americana terá problemas, alguns prognósticos até apontam para a possibilidade de El Niño. E, estatisticamente falando, quando isso ocorre a produtividade vem elevada. O que poderia reduzir a cotação que hoje está em um pouco acima dos US$ 9, até próximo de US$ 8,50", alerta Roque.
Para o economista da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz, está em situação mais tranquila quem negociou sua safra no início do ciclo, entre setembro e novembro. "O produtor que fez o que é recomendado e travou preços lá no começo do plantio com certeza vendeu a uma cotação bem melhor do que a atual", diz Luz.

Turbulências inviabilizam projeções para rentabilidade

Rentabilidade do grão está muito dependente da cotação do dólar

Rentabilidade do grão está muito dependente da cotação do dólar


/CAMILA DOMINGUES/PAL/DIVULGAÇÃO/JC
Além de boas negociações na hora da compra de insumos, do clima favorável e da tecnologia aplicada, a rentabilidade da soja depende de um fator que talvez nunca tenha sido tão instável e imprevisível na história recente: a cotação do dólar. Diretor da Brasoja, Antônio Sartori tem uma definição que representa o pensamento de boa parte dos especialistas questionados sobre o que esperar para o preço da soja após a recente e exuberante colheita e sobre o que recomendar ao produtor.
"No Brasil, hoje, falar em 24 horas adiante é longo prazo. Não tem como saber o futuro. Basta ver as cotações do dólar neste ano. Agora, está em torno de R$ 3,29. Mas neste ano já esteve em R$ 3,05 e também em R$ 3,43", ressalta.
A turbulência mundial impõe ainda mais incerteza sobre os rumos da moeda norte-americana. Oriente Médio em conflito, terrorismo, a tensão na Coreia do Norte e seus testes com mísseis e até mesmo os rumos que tomará a Inglaterra na União Europeia são fatores de influência, lembra Sartori. "Vivemos o que eu defino com um cenário de tempestade perfeita", alerta o executivo.
Para o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, o que resta ao agricultor é ficar de olha nas oscilações do câmbio e fechar negócio nos momentos de pico. "Mas o produtor nunca espera patamares tão elevados quanto os obtidos no ano passado. Os R$ 90,00 de 2016 foram um momento atípico", alerta.