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comércio exterior

- Publicada em 08 de Junho de 2017 às 22:13

Brasil perde posição no comércio com a Argentina

Em 10 anos, ocorreu aumento da concorrência com países como China, México, Coreia do Sul e Tailândia

Em 10 anos, ocorreu aumento da concorrência com países como China, México, Coreia do Sul e Tailândia


/ALIANÇA NAVEGAÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) feito a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o recuo da presença brasileira no mercado argentino atingiu diversos setores. Dos 26 principais produtos brasileiros exportados para a Argentina em 2005, o Brasil possuía liderança em 25. Uma década depois, considerando a mesma lista de produtos, o País mantinha a dianteira em apenas 18. Em todos eles, contudo, a distância para o segundo colocado diminuiu.
Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) feito a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o recuo da presença brasileira no mercado argentino atingiu diversos setores. Dos 26 principais produtos brasileiros exportados para a Argentina em 2005, o Brasil possuía liderança em 25. Uma década depois, considerando a mesma lista de produtos, o País mantinha a dianteira em apenas 18. Em todos eles, contudo, a distância para o segundo colocado diminuiu.
A recuperação vista recentemente, com o mercado argentino retomando, neste ano, o posto de principal comprador de manufaturados do País, não foi suficiente para afastar a preocupação do empresariado. Isso porque o saldo ainda é desfavorável ao país: ao final de 2016, os produtos brasileiros representavam 24,5% das exportações argentinas, bem abaixo dos 34,8% que o país possuía 10 anos antes.
O recuo em várias frentes decorre da perda de competitividade dos produtos brasileiros e da chegada de novos e agressivos rivais no mercado argentino, indica a pesquisa. Se em 2005 os brasileiros disputavam especialmente com mercadorias da Alemanha, Estados Unidos e França, atualmente, a concorrência maior é com China, México, Coreia do Sul e Tailândia. Ver esses rivais avançarem é sofrido para a indústria brasileira, já que, além de ter fronteira com a Argentina, o País possui vantagens tarifárias derivadas do Mercosul e do acordo automotivo.
Para auxiliar os brasileiros nessa disputa, a indústria criou o Conselho Empresarial Brasil-Argentina. A nova entidade, que reúne 58 empresas e associações setoriais, fez sua primeira reunião nesta quinta. "Há um potencial tremendo nos dois países que não é explorado em sua plenitude. Cada país passa em diferentes momentos por períodos de volatilidade e instabilidade política. Está na hora de a iniciativa privada ser mais atuante", diz Ricardo Lima, presidente da cimenteira Intercement, que presidirá o conselho.
O conselho defende medidas para ampliar os investimentos na Argentina e reduzir barreiras ao comércio. Defende a revisão de acordo de bitributação de renda entre os dois países, e que Brasil e Argentina aprofundem a cooperação em negociações e disputas na OMC.
Entre as prioridades do conselho estão ainda medidas para aumentar o comércio de serviços com o país vizinho. Hoje, a Argentina ocupa o 9º lugar entre os principais compradores de serviços do país, com apenas 2% do que os brasileiros exportam. As empresas brasileiras querem aproveitar o fôlego recente nas exportações, que acumulam alta de 20% em 2017, para recuperar o espaço perdido na Argentina, principal parceiro na região.
 

Estados Unidos são 'elefante na sala', afirma o diretor-geral da OMC

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, disse, nesta quinta-feira, em Paris, que os Estados Unidos são o "elefante na sala" do órgão.
O comentário foi feito em conversa com a imprensa brasileira antes de uma reunião ministerial da OMC na sede da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na capital francesa. Azevêdo se referia às transições de poder em alguns países-membros e como esses "momentos" afetam as negociações no órgão. "Sabemos que alguns membros estão em momentos de transição e precisamos dialogar mais com eles, entender um pouco melhor o que eles veem neste momento e o que podemos esperar deles neste processo preparatório para a conferência" da OMC em dezembro, em Buenos Aires, disse Azevêdo.
Perguntado quais seriam esses "membros" que precisam ser entendidos, Azevêdo disse: "o elefante na sala são os Estados Unidos", numa referência ao protecionismo pregado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que defende reduzir a participação da economia em acordos comerciais internacionais.
"Eles têm uma nova administração que apresenta uma visão claramente diferente da administração anterior no que diz respeito a negociações comerciais, e precisamos entender como isso tudo vai repercutir no processo até a conferencia ministerial. Ainda estamos em um estágio em que é muito difícil dizer o que se pode alcançar até lá e é isso que estamos discutindo agora", afirmou o brasileiro.
Segundo Azevêdo, no entanto, os norte-americanos ainda não sinalizaram com uma possível saída das negociações dentro do órgão. "Todo país quer fazer as coisas à sua maneira, mas não vejo, neste momento, nenhuma indicação de ruptura", disse.
Para Azevêdo, ainda é cedo para dizer em que bases essas negociações se darão. "Internamente nos EUA há um processo de consultas, entre a administração, o Congresso e o setor privado, e acho que esta conversa lá ainda não amadureceu a ponto de nos dar clareza do que poderá ser feito concretamente", analisou.