O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, afirmou, nesta quinta-feira, que a crise política desencadeada pela delação de executivos da JBS não afetou o andamento das discussões do setor com o governo sobre distratos.
"A questão está andando. O que nos alegra, neste instante, é que o governo percebeu o risco sistêmico que é o distrato", disse Martins. Segundo o executivo, os distratos acabam gerando uma reação em cadeia, uma vez que as construtoras deixam de pagar as dívidas com os bancos e, consequentemente, não conseguem novos financiamentos, o que dificulta a geração de empregos no setor.
Martins ressalta que as regras atuais criam um cenário que estimula os distratos. "Mas, se criarmos algum tipo de inibição, para que a pessoa que efetivamente precisar possa usar, mas que não seja tão fácil como é hoje, vai fazer toda a diferença."
O executivo não deu maiores detalhes sobre o teor das discussões sobre a proposta. Quanto ao endereçamento do tema pelo governo, via Projeto de Lei (PL) ou Medida Provisória (MP), Martins disse que ainda não há nada definido.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), José Romeu Ferraz Neto, disse acreditar que a crise política não gerará atrasos nas discussões envolvendo os distratos. "Os debates são em nível técnico e jurídico, fugindo das questões políticas", disse Ferraz à reportagem do Broadcast. "A questão tem que ir para frente, é um assunto que não pode parar de ser discutido, para o bem de todos."