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Empresas & Negócios

- Publicada em 13 de Junho de 2017 às 12:42

A assistência pede socorro

Para reverter a situação de caixa enfraquecido, a AACD Porto Alegre lançou recentemente o serviço de atendimento particular

Para reverter a situação de caixa enfraquecido, a AACD Porto Alegre lançou recentemente o serviço de atendimento particular


JOÃO ALVES/JOÃO ALVES/DIVULGAÇÃO/JC
Samuel Lima
No início do mês, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de Porto Alegre surpreendeu com o anúncio de que passaria a oferecer 1,5 mil atendimentos particulares por mês, como alternativa para levantar recursos e manter o número de consultas gratuitas na unidade. O motivo é o déficit estimado em R$ 800 mil para o ano, por conta da menor captação em doações de empresas e pessoas físicas observada nos últimos meses, que muito tem a ver com o cenário de recessão econômica que o País ainda enfrenta.
No início do mês, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de Porto Alegre surpreendeu com o anúncio de que passaria a oferecer 1,5 mil atendimentos particulares por mês, como alternativa para levantar recursos e manter o número de consultas gratuitas na unidade. O motivo é o déficit estimado em R$ 800 mil para o ano, por conta da menor captação em doações de empresas e pessoas físicas observada nos últimos meses, que muito tem a ver com o cenário de recessão econômica que o País ainda enfrenta.
A menor captação de recursos em doações não é caso particular da AACD. O JC Empresas & Negócios entrou em contato com outras três instituições que prestam assistência em Porto Alegre e recebeu a mesma resposta: o caixa minguou durante a crise.
A Casa do Excepcional Santa Rita de Cássia, por exemplo, que acolhe permanentemente 34 crianças com lesões cerebrais, diz que o apoio de empresas e doações em geral teve corte de 70% em janeiro deste ano - o que representa cerca de R$ 38 mil a menos por mês em receita. O principal apoiador, a Gerdau, teria reduzido de forma significativa o aporte financeiro, e outras três companhias deixaram de doar no período. "Há dois meses, estamos correndo atrás para pagar funcionários (são ao todo 36), fazendo chás, rifas", conta o coordenador-geral da instituição, André Xavier. A situação obrigou a Organização Não Governamental (ONG) a recorrer à poupança, que está no fim. Xavier afirma que há falta hoje de complemento alimentar e espessante, e que são bem-vindas doações de alimentos, roupas e apoio financeiro, de qualquer valor. Elas podem ser entregues na estrada Martim Félix Berta, 1.423, no bairro Rubem Berta, Porto Alegre. O telefone é (51) 3387-6175.
A Fundação Pão dos Pobres, da mesma forma, observa uma retração de 30% na captação de recursos desde 2015 - e isso trouxe impacto direto no atendimento à comunidade: a fundação atende hoje a 1,4 mil crianças e adolescentes por ano, 300 mil a menos do que o registrado há dois anos. "Não temos um produto, diferentemente do segundo setor, então trabalhamos muito com o capital social", conta o gerente socioeducativo da Fundação Pão dos Pobres, João Rocha. As destinações respondem por 63% dos recursos da instituição, segundo Rocha, sendo outros 25% oriundos de convênios e editais públicos e 12% de fontes próprias, como locação de espaços. A redução no atendimento teria acontecido, principalmente, nos cursos de aprendizagem e inserção no mercado de trabalho e aos egressos da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Estado (Fase). É possível doar alimentos, roupas e material escolar na sede da Pão dos Pobres (Rua da República, 801, bairro Cidade Baixa, Porto Alegre) e também pelo Funcriança. Mais informações no número (51) 3433-6951.
O Lar Santo Antônio dos Excepcionais, que presta acolhimento a 52 pessoas atualmente, vem alternando meses no azul e no vermelho. Em maio, por exemplo, houve déficit de R$ 32 mil, também atribuído ao recuo de doações por conta da crise econômica, de acordo com o presidente da entidade, Edison Magalhães. "As doações estão em marcha à ré, mas a gente tem que compreender, porque é uma reação natural. As pessoas nos dizem que não estão mais conseguindo suprir", afirma ele. O mais difícil para o Lar Santo Antônio seria manter o quadro de funcionários, hoje 46 pessoas, e a compra de medicamentos, todos tarja preta. "Agora, estamos entrando na época de Santo Antônio, em que sempre entra mais recursos. Vamos segurando para outros meses, até chegar no Dia da Criança, outra data boa para nós", conta Magalhães. A entidade aceita doações pelo Funcriança e também na sede (avenida Antônio de Carvalho, 105, Bairro Agronomia, Porto Alegre). O telefone é (51) 3336-2422.
Renato Paixão, diretor da VR Projetos Culturais, que auxilia organizações a montarem planos para obtenção de apoio via leis de incentivo, afirma que a relação entre a crise econômica e a redução no caixa de entidades assistenciais é direta. "Só paga Imposto de Renda (IR) quem tem lucro", diz ele, lembrando que as leis de incentivo possibilitam que empresas destinem até 8% do IR a iniciativas culturais, sociais, esportivas e na área da saúde, o que acaba sendo um grande atrativo às companhias. O percentual para pessoas físicas é de 6%.
No entanto Paixão acredita que ainda exista uma parcela importante de empresas e pessoas físicas que poderiam contribuir para instituições sociais em que confiam destinando pelo Imposto de Renda, mas ainda não o fazem. "Temos 60 mil empresas no Brasil tributadas pelo lucro real e, seguramente, 40% delas não incentivam", calcula. Entre os gaúchos que declaram pelo formulário completo, 90% não teriam conhecimento de como destinar o imposto, o que representa potencial de R$ 360 milhões ao ano, ainda segundo Paixão.
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