O protesto contra o presidente Michel Temer (PMDB) mobilizou milhares de pessoas no final da tarde desta quinta-feira, no Centro de Porto Alegre - nem os organizadores, nem a Brigada Militar precisaram o público presente. O ato, na Esquina Democrática, foi convocado pelas centrais sindicais e reuniu diferentes correntes partidárias, que pedem a saída de Temer e o fim da tramitação das reformas da Previdência e trabalhista no Congresso Nacional.
Na noite de quarta-feira, veio à tona a notícia de que o empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, gravou áudios em que Temer concede aval para prosseguirem os pagamentos de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) - preso no final do ano passado - em troca do silêncio do peemedebista. O conteúdo do áudio, entregue à Justiça dentro de um acordo de delação premiada, foi divulgado na noite de quinta-feira.
Por volta das 19h30min, o grupo saiu em caminhada pela avenida Borges de Medeiros, interrompendo a circulação de veículos na região. A concentração culminou no Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa. Parte do grupo seguiu o trajeto por ruas do bairro. Para domingo estão marcados atos das centrais sindicais, no Parque da Redenção, e do Movimento Brasil Livre (MBL), no Parcão.
Outra pauta levantada durante o protesto, e que divide opinião, é sobre como deverá ser conduzido o processo político no Brasil com uma possível saída do presidente. "O caminho que vai levar à saída de Temer não está claro, mas o fato é que vai cair", avalia Luciana Genro, dirigente nacional do PSOL, partido que encaminhou um dos pedidos de impeachment de Temer na Câmara dos Deputados.
"Precisamos impedir que o resultado da queda seja a eleição indireta", diz, defendendo a convocação de eleições gerais, que escolheria novos representantes para todos os cargos, e não apenas o de presidente. Essa medida seria possível caso aprovada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), essa é uma possibilidade remota. A entidade defende a realização de novas eleições diretas - embora também dependa da aprovação de uma PEC, dirigentes da central acreditam que é possível de passar se tiver pressão popular.
"Vamos permanecer nas ruas até Temer cair e as reformas forem retiradas de pauta", afirma o secretário de Relações Institucionais da CUT-RS, Antônio Guntzel. Ele informa que um ato está programado para o dia 24 deste mês, em Brasília, ocasião em que será anunciada a data de nova greve geral.