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Saúde

- Publicada em 10 de Maio de 2017 às 22:15

Porto Alegre vai contratar 25 leitos de internação psiquiátrica pelo SUS

Segundo Harzheim, levantamento sobre demanda está quase no fim

Segundo Harzheim, levantamento sobre demanda está quase no fim


MARCELO G. RIBEIRO/MARCELO G. RIBEIRO/JC
A acentuada falta de vagas de internação em saúde mental em Porto Alegre receberá um alívio nos próximos dias. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vai contratar 25 leitos de internação em hospitais gerais para essa área, voltados para transtornos mentais em adultos, crianças e adolescentes.
A acentuada falta de vagas de internação em saúde mental em Porto Alegre receberá um alívio nos próximos dias. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vai contratar 25 leitos de internação em hospitais gerais para essa área, voltados para transtornos mentais em adultos, crianças e adolescentes.
O secretário municipal de Saúde, Erno Harzheim, quer aumentar a contratualização de leitos psiquiátricos, especialmente substituindo clínicas privadas por contratos com hospitais gerais. "O cuidado torna-se mais qualificado, e há uma qualificação do próprio contrato, com valores mais adequados para a secretaria. Isso nos dará folga e fluxo financeiro, inclusive para aumentar o número de leitos", revela. Com mais vagas disponíveis, o tempo de espera para internação também diminuirá.
Todo esse processo já começou, a partir do levantamento, quase terminado, dos motivos que levam os pacientes para a internação. De posse dessa informação, os contratos com os hospitais serão mais focados nas necessidades. "A internação por dependência química é diferente da por depressão e, por isso, os leitos têm suas especificidades", explica o secretário. Como o levantamento está no fim, já é possível contratar 25 leitos.
O hospital que abrigará essas vagas será revelado pela SMS nos próximos dias. Um bom candidato é o Hospital Parque Belém, na zona Sul da Capital, que vem demandando novo convênio com o município, para operar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Referência em saúde mental, o estabelecimento já teve 60 leitos pelo SUS e 40 privados nesse setor, e hoje atende somente com 20 leitos privados. O local não tem vagas públicas desde o ano passado, quando a prefeitura suspendeu o convênio existente.
A estratégia em saúde mental montada pela SMS começa por um diagnóstico mais preciso de internação. Estão sendo construídos protocolos clínicos nesse setor que não existiam no município, atribuindo funções claras para cada nível assistencial, o que cada unidade deve fazer, como deve ser o atendimento das urgências e emergências, e quais os critérios para encaminhamento para os Centros de Atendimento Psicossociais (Caps) e para as internações. Além disso, serão estabelecidos protocolos definindo o que fazer a partir da saída da internação do paciente. Ele pode ser encaminhado para um Caps, para acompanhamento na atenção primária ou para um ambulatório de saúde mental que possua equipe multiprofissional. Nos próximos anos, a meta é implantar cinco novos Caps infanto-juvenis, adultos e para álcool e drogas.
Outra mudança em vista é transferir o serviço de emergência e urgência para crianças e adolescentes para o Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMPV). Desde 2008, esse público é atendido nos postos dos bairros IAPI e Cruzeiro do Sul, ficando no mesmo espaço que os adultos. "Essa não é a forma mais adequada de atendimento, mas é difícil resolver um problema de nove anos de duração em um instante", observa Harzheim. Entre os desafios para resolver o problema estão a contratação de recursos humanos e destinação de espaço físico, em meio à crise financeira municipal.

Demanda por consultas especializadas ultrapassa o dobro da oferta atual existente

Dados de 20 de abril apontam pouca espera para consultas em psiquiatria para adultos, pediátrica e para dependência química em adultos na Capital. Entretanto havia 199 pessoas na fila de espera para psiquiatria para adultos, com solicitações desde 10 de março. A média de oferta é de 89 consultas mensais. A demanda de março, por exemplo, foi o dobro da oferta, com 179 novas pessoas solicitando o atendimento.
No mesmo período, havia 13 pessoas na fila para consulta em psiquiatria para dependentes químicos adultos, com solicitações desde 29 de março. A média de oferta nesse setor é de 13 consultas mensais. A demanda de março foi mais do que o dobro da oferta, com 30 pessoas procurando o serviço.
Também em 20 de abril, a SMS registrava 28 pessoas na fila de espera para consulta em psiquiatria pediátrica, com solicitações desde 4 de abril. A média de oferta nessa área é de 43 consultas mensais. A demanda de março foi 4% maior do que a oferta, com 45 novas buscas por atendimento.
O secretário espera reduzir, nos próximos anos, o tempo de espera para as consultas especializadas. Uma das alterações para agilizar o processo é criar ambulatórios mais gerais dentro de cada especialidade, em hospitais contratualizados, para qualificar a análise dos problemas de cada paciente. "Cada especialidade médica tem suas especificidades. Não é algo muito rápido, tudo passa por implantação de linhas de cuidado com protocolos específicos", justifica.

Área ganhará coordenação própria até o final do mês

Ainda sem responsável pela área, a Saúde Mental subiu no novo organograma montado por Harzheim. Até o ano passado, o setor não possuía coordenação própria. O coordenador já foi selecionado e deve ser apresentado à população até o final do mês. "O profissional já foi selecionado, mas algumas questões de contratação ainda estão sendo definidas. É uma pessoa de fora do quadro de servidores, com formação excepcional e alto conhecimento na área", revela.
O levantamento sobre a demanda por internações e atendimentos deve terminar no mesmo período no qual o novo coordenador de Saúde Mental será empossado. Enquanto isso, os técnicos da prefeitura buscam responder questões como se a internação é a única saída para dependentes químicos ou se bastaria, em alguns casos, um serviço diurno; ou o motivo de a média de internação em leitos psiquiátricos na Capital ser de 30 dias, enquanto o adequado é até 20 dias.