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CENÁRIO/COMÉRCIO E SERVIÇOS

- Publicada em 02 de Maio de 2017 às 17:51

Fase de altos e baixos predomina

Ânimos do consumidor deverão ficar mais claros no segundo semestre, dizem lideranças do setor

Ânimos do consumidor deverão ficar mais claros no segundo semestre, dizem lideranças do setor


LEBES/DIVULGAÇÃO/JC
Diversos fatores, como o desemprego e a queda de renda, têm impactado o setor de comércio e de serviços nos últimos meses, provocando consequências negativas. No entanto também há medidas gerando resultados positivos, como a liberação de contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). É nesse cenário de altos e baixos que os empresários tentam manter a calma para tocar seus negócios e planejar novos investimentos. As lideranças do setor já vislumbram alguns sinais de recuperação, mas alertam que não é possível descolar o ambiente político do econômico e acreditam que a partir do segundo semestre é que os ânimos do mercado consumidor ficarão mais claros.
Diversos fatores, como o desemprego e a queda de renda, têm impactado o setor de comércio e de serviços nos últimos meses, provocando consequências negativas. No entanto também há medidas gerando resultados positivos, como a liberação de contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). É nesse cenário de altos e baixos que os empresários tentam manter a calma para tocar seus negócios e planejar novos investimentos. As lideranças do setor já vislumbram alguns sinais de recuperação, mas alertam que não é possível descolar o ambiente político do econômico e acreditam que a partir do segundo semestre é que os ânimos do mercado consumidor ficarão mais claros.
O presidente da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, considera que poderá haver uma melhora neste ano, mas ainda insuficiente para chegar a uma situação que poderia chamar de "boa" em 2017. "O mercado de trabalho e a renda são os principais determinantes das vendas do comércio, e esses fatores ainda vão patinar neste ano, com a taxa de desemprego se mantendo alta", observa. Ele acredita que o alívio pode vir pela melhora da confiança e pela redução de juros, que tira pressão da situação de endividamento em que se encontram as famílias. "Além disso, também vivenciamos uma desinflação, o que ajuda tanto indiretamente por um orçamento menos apertado para as famílias, quanto diretamente, via menor impacto nos custos das empresas", acrescenta.
"Há um novo ânimo", constata o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch. Ele afirma que a liberação das parcelas do FGTS está "dando um fôlego" aos consumidores para colocar algumas contas em dia. A projeção é de que cerca de R$ 1,5 bilhão poderá ser injetado no varejo do Rio Grande do Sul via recursos oriundos do saque das contas inativas do FGTS. "Se isso se concretizar, vai trazer uma perspectiva mais animadora para os lojistas do Estado. Para tanto será importante que eles saibam conquistar e fidelizar os consumidores", enfatiza Koch. "Primeiro as pessoas tratam de quitar as contas públicas como água e luz, depois vêm as dívidas, para limpar o nome e voltar ao mercado", analisa. O dirigente aponta a taxa de juros como obstáculo que também precisa ser vencido e espera que a Selic chegue aos 9% em 2017. A expectativa da FCDL é de um crescimento nominal de 5% em 2017, e parte da retomada é atribuída aos meses de baixas temperaturas que esquentam as vendas do vestuário. "São produtos de maior valor agregado e o faturamento melhora", frisa.
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Alcides Debus, se diz um otimista por natureza e avalia que algumas medidas adotadas pelo governo já sinalizam um cenário melhor para o varejo. "A liberação do fundo de garantia está injetando um volume enorme de recursos, e isso é muito bom". Pelos dados da Caixa Econômica Federal, os saques de contas inativas devem superar os R$ 40 bilhões. Outra medida que entende ser positiva é o estabelecimento de regras para uso do rotativo do cartão de crédito. "São medidas para proteger o consumidor", avalia Debus, que aposta em um segundo semestre melhor para o varejo. "Com mais confiança, as pessoas vão consumir e poderão assumir prestações." Para a presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), Simone Leite, a falta de crédito é um dos principais problemas para o micro e pequeno empresário. "Médias e grandes empresas têm acesso a crédito mais facilitado, mas a micro e pequenas não têm garantias para dar nem acesso ao crédito."

Shopping centers projetam recuperação gradual

Um dos principais termômetros do ânimo dos consumidores é o fluxo de pessoas circulando nos shopping centers. De acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), em parceria com a FX Retail Analytics, empresa especializada em monitoramento e fluxo para o varejo, em março, na Região Sul houve uma alta de 0,87% no movimento, embora a análise nacional indique um recuo de 0,47% em comparação com março de 2016. Foi o primeiro viés de baixa no ano, após dois meses em alta pela primeira vez desde o início da medição do Índice de Visitas a Shopping Centers (IVSC), em junho de 2015.
Na comparação com fevereiro, o fluxo de pessoas que visitaram os centros de compras no País cresceu 9,06% em março. A alta é atribuída ao resgate das contas inativas de FGTS durante o período, o que melhorou o poder de compra. Com base em dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final do mês de março, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta crescimento de 1,2% nas vendas para 2017. A estimativa é baseada em fatores como a queda ainda mais intensa da inflação e das taxas de juros.
Se as projeções forem confirmadas, representariam uma recuperação em comparação a 2016, quando o setor encerrou com uma queda de 6,2% ante 2015. Para especialistas, a melhora na economia, somada ao saque das contas inativas do FGTS, ajuda a reduzir o endividamento das famílias. Com saldo positivo no orçamento doméstico, há espaço para novas compras, representando, assim, uma recuperação gradual do varejo nacional.
Também o Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas, apresentou uma elevação de 4,4 pontos em março, ficando em 85,3 pontos, o maior nível desde dezembro de 2014. Além disso, a alta da confiança em março foi a mais expressiva desde abril de 2009, quando subiu 4,8 pontos. Na comparação com março do ano passado, houve alta de 14,4 pontos. A alta da confiança foi significativa e abrangeu 11 das 13 principais atividades pesquisadas. A principal contribuição para a variação do índice no mês veio do indicador de percepção com a Situação Atual dos Negócios, que registrou aumento de 1,6 ponto, alcançando 75 pontos. Entre os indicadores do Índice de Expectativas (IE), o destaque positivo foi o de Demanda Prevista, que aumentou 11,8 pontos, ficando em 98,2 pontos.