Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Lava Jato

- Publicada em 24 de Maio de 2017 às 18:57

Bndes e Caixa perdem R$ 3 bilhões com JBS

Pesquisa da Economatica levanta os prejuízos causados aos acionistas

Pesquisa da Economatica levanta os prejuízos causados aos acionistas


/EVARISTO SA/AFP/JC
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e a Caixa Econômica Federal (CEF) perderam juntas mais de R$ 3 bilhões com a queda das ações do frigorífico JBS, que tem como um dos sócios o empresário Joesley Batista, delator de denúncias contra o presidente Michel Temer.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) e a Caixa Econômica Federal (CEF) perderam juntas mais de R$ 3 bilhões com a queda das ações do frigorífico JBS, que tem como um dos sócios o empresário Joesley Batista, delator de denúncias contra o presidente Michel Temer.
Os dois bancos públicos são os principais detentores de ações em circulação do frigorífico, um dos maiores do mundo na produção de proteína animal. O Bndes Participações possui 21,32% das ações ordinárias da JBS e a CEF, 4,92%. Se incluídas as perdas com papéis da Petrobras e da Eletrobras neste ano, o saldo negativo supera R$ 8 bilhões, segundo estudo realizado pela consultoria Economatica.
Na análise, a consultoria considerou as informações declaradas pela JBS nos formulários de referência que divulga desde 2007, quando aderiu ao mercado de capitais. Nesses documentos, a empresa é obrigada a informar aos acionistas que possuem participação superior a 5%.
Pelas contas da Economatica, o valor das ações da JBS pertencentes ao Bndes caiu de R$ 6,6 bilhões, no fim de 2016, para R$ 3,8 bilhões na terça-feira, o que demonstra perda de R$ 2,8 bilhões apenas neste ano. Já a participação de 9,7% na Petrobras, que também foi afetada pela instabilidade política gerada pela delação de Batista, gerou perda de R$ 2,57 bilhões ao Bndes - saldo da queda do valor da participação de R$ 20,3 bilhões, em 31 de dezembro de 2016, para R$ 17,7 bilhões na terça-feira. O banco ainda perdeu R$ 1,5 bilhão com a Eletrobras no mesmo período.
O estudo da Economatica revela ainda que a Caixa perdeu, em 2017, R$ 647 milhões com a JBS, R$ 615 milhões com a Petrobras e R$ 84 milhões com a Eletrobras.
 

Joesley Batista renuncia à cadeira no conselho da Alpargatas, que controla a marca Havaianas

Joesley Batista, dono da JBS e autor da delação que vem sacudindo o País desde a semana passada, renunciou nesta terça-feira à sua cadeira no conselho de administração da Alpargatas, que controla as marcas Havaianas - fenômeno de vendas no Brasil e no mundo -, Osklen e Dupé, entre outras. Já Vicent Trius, presidente global de novos negócios da JBS, renunciou ao cargo de presidente do conselho e foi substituído por José Vicente Marino, que já era membro do conselho; Eliseo Fernandez, diretor da JBS, também deixou de fazer parte do conselho. Marino é o atual presidente da Flora, empresa de cosméticos do grupo de Joesley.
Em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM, espécie de xerife do mercado financeiro), a Alpargatas informou ainda que cancelou o processo de migração de ações da companhia para o Novo Mercado, segmento da bolsa com regras mais rígidas de transparência na administração e maior respeito aos acionistas minoritários. A justificativa é que acionistas minoritários discordaram da relação de troca de 1,3 ações preferenciais para cada ação ordinária, proposta pelos controladores como parte da migração.
Especula-se no mercado que a Alpargatas pode estar entre os ativos que serão colocados à venda pelo grupo J&F Investimentos. Entre as empresas do grupo, que inclui a fabricante de laticínios Vigor e a Eldorado Celulose, a Alpargatas é considerada de maior liquidez. A venda de empresas deve ajudar o grupo, que tem faturamento anual em torno de R$ 192 bilhões, a fazer frente às pendências financeiras que terá, como multas e penalidades por causa do envolvimento de seus executivos em esquemas de corrupção.
O movimento, iniciado alguns meses antes do vazamento da delação premiada de Joesley Batista, deve se intensificar nas próximas semanas. Segundo a agência Reuters, a JBS e a família Batista contrataram o Bradesco BBI para elaborar um plano de venda de vários ativos. De acordo com fontes, uma das empresas à venda é a Vigor, dona das marcas Itambé e Danúbio.
A Eldorado Celulose estaria no início do processo de busca de compradores. Um dos potenciais interessadas é a Fibria, segundo fontes do setor. A rival tem folga de caixa e uma unidade em Três Lagoas, mesma cidade que abriga a fábrica da Eldorado. Especula-se que a Alpargatas, dona das Havaianas e da Osklen, poderia ir para a prateleira.
Procurada, a J&F não comentou a possibilidade de venda de empresas. Em nota, limitou-se a dizer que "não é verdadeiro o relato de que contratou o Bradesco BBI ou qualquer outro banco para a venda de ativos".
"Estão todos querendo saber a dimensão que isso terá (multas, acordo de leniência). Então (os interessados) ainda estão em compasso de espera", diz uma fonte de um banco de investimentos.
A holding da família Batista voltou a negociar com o Ministério Público Federal (MPF) o acordo de leniência. Na primeira tentativa, o MPF cobrava R$ 11 bilhões, mas a empresa se propôs a pagar cerca de R$ 1 bilhão. A J&F ou suas controladas ainda devem enfrentar outros processos e penalidades - só na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) há sete processos contra a JBS.
A empresa terá de lidar com seu endividamento elevado. Em março, sua dívida líquida equivalia a 4,2 vezes o Ebitda (a geração de caixa operacional). A empresa utilizaria parte dos recursos com a oferta de ações nos EUA para abater dívidas.
 

CVM abre processos sobre a companhia relacionados a acionistas estrangeiros e à delação

Em comunicado divulgado ao mercado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou a instauração por suas áreas técnicas de dois processos administrativos englobando apurações de irregularidades relacionadas à empresa JBS. Os novos processos se somam aos cinco anteriores referentes a possíveis anormalidades na atuação da companhia, dos quais um foi aberto no dia 18 e quatro no dia 19 deste mês. De acordo com o comunicado, divulgado na noite de terça-feira pela CVM, um dos novos processos "analisa a veracidade da divulgação dos controladores diretos e indiretos", da Blessed Holdings, a partir de notícias veiculadas na mídia. Essa sociedade estrangeira sediada em Delaware, nos Estados Unidos, faz parte do grupo de controle da JBS S.A.
Já o segundo processo visa analisar a conduta de administradores e acionistas controladores da JBS S.A. "à luz dos deveres fiduciários previstos na Lei das Sociedades Anônimas (S.A.)", em função da celebração de acordo de delação premiada entre executivos da empresa e da sua controladora e o Ministério Público Federal (MPF). Dever fiduciário é o dever de lealdade que o controlador tem com os interesses dos investidores.
O processo administrativo aberto no dia 18 pela CVM objetiva a obtenção de esclarecimentos adicionais relativos às notícias e especulações envolvendo delação de acionistas controladores da JBS.
Entre os demais processos instaurados no dia seguinte (19), destaque para aquele que apura indícios de eventual prática do crime de 'insider trading' (uso indevido de informação privilegiada que ainda não é do conhecimento público), detectados em operações realizadas no mercado de dólar futuro e em negócios com ações de emissão da JBS S.A. efetuados no mercado à vista.
Os restantes investigam a atuação da JBS no mercado de dólar futuro; a atuação do Banco Original, controlado pela J&F Participações Ltda., no mercado de derivativos; e negociações do acionista controlador da JBS S.A., a FB Participações, com ações de emissão da companhia.
A J&F contratou o escritório americano Baker McKenzie, para se defender de ações nos EUA. Além de dois escritórios que já anunciaram processos para defender o interesse de acionistas minoritários, a empresa tende a sofrer investigações e processo no país. O Departamento de Justiça, por exemplo, não confirma e nem desmente, como é praxe, se há alguma investigação em curso contra a empresa.
O Baker McKenzie se intitula a maior banca de advogados do mundo, com 77 escritórios em 47 países no mundo. No total, conta com 13 mil funcionários e advogados associados. Compliance e investigação é uma de suas especialidades.