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Economia

- Publicada em 21 de Maio de 2017 às 12:16

Com crise, montadoras miram mais ricos e SUVs superam carros de entrada em 2017

Nissan apostou no Kicks, produzido no Complexo Industrial da montadora em Resende

Nissan apostou no Kicks, produzido no Complexo Industrial da montadora em Resende


CRIS OLIVEIRA/NISSAN/DIVULGAÇÃO/JC
Estadão Conteúdo
O mercado brasileiro de veículos chegou, em 2017, a uma situação inédita: a venda de utilitários esportivos, conhecidos pela sigla SUV, tipo voltado aos consumidores de maior renda, superou pela primeira vez o consumo de carros de entrada, que estão entre os mais baratos e, por isso, são destinados aos clientes de menor poder aquisitivo.
O mercado brasileiro de veículos chegou, em 2017, a uma situação inédita: a venda de utilitários esportivos, conhecidos pela sigla SUV, tipo voltado aos consumidores de maior renda, superou pela primeira vez o consumo de carros de entrada, que estão entre os mais baratos e, por isso, são destinados aos clientes de menor poder aquisitivo.
De janeiro a abril deste ano, os SUVs alcançaram 21,4% do mercado de automóveis, contra 17,5% em igual período de 2016, segundo dados da Fenabrave, associação que representa as concessionárias. Há quatro anos, quando as vendas de veículos bateram recorde no Brasil, este segmento representava apenas 8,9%. Os carros de entrada, por sua vez, fizeram o caminho inverso. Em 2012, ano do recorde, tinham a maior fatia do mercado, com 31,3% do total. Hoje, no acumulado de 2017, são 20,7%.
A virada começou a se desenhar em 2015, por meio de dois movimentos. De um lado, a alta do desemprego e a menor oferta de crédito por parte dos bancos reduziram a chance dos mais pobres de obterem um financiamento para adquirir um carro zero. Do outro, as montadoras, percebendo que só os mais ricos continuariam com poder de compra, concentraram seus esforços no lançamento de veículos que pudessem agradar este público, dando preferência aos SUVs.
A Jeep e a Honda foram as duas marcas que saíram na frente. A primeira lançou o Renegade e a segunda, o HR-V, ambos no primeiro semestre de 2015. Com o cenário desfavorável aos carros mais baratos, os dois SUVs chegaram a dezembro daquele ano na lista dos 10 automóveis mais vendidos. Para se ter uma ideia, em 2012, a SUV mais vendida do mercado naquele ano, a Duster, da Renault, ficou em 16º no ranking geral.
Com o sucesso, outras montadoras foram na onda, com a intenção de amenizar a crise. A Nissan, por exemplo, aproveitou-se da exposição que teve na mídia como patrocinadora dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto de 2016, para lançar o Kicks. A Hyundai, que antes concentrava sua estratégia nos modelos da família HB20, agora também trabalha com o Creta, SUV lançado em janeiro deste ano. "É o segmento desejado", disse o diretor de Marketing da Hyundai no Brasil, Cássio Pagliarini.
Apesar dos SUVs terem virado a válvula de escape para muitas das montadoras, estas alegam que o bom desempenho não foi suficiente para reduzir significativamente perdas no faturamento causadas pela queda nas vendas entre os carros mais baratos. "Mesmo com o crescimento deste segmento, em função do maior valor agregado, os custos de produção dos SUVs são maiores do que de outros segmentos para garantir os diferenciais como robustez e versatilidade", declarou a Honda, em nota.
O crescimento deste segmento como participação do mercado total, no entanto, tende a perder força nos próximos meses, caso se confirme a expectativa do setor de recuperação da economia e, consequentemente, da venda de carros mais baratos. A diminuição do desemprego e a expansão do crédito, mesmo que ocorra de forma moderada, devem elevar a venda de carros de entrada, tomando de volta o espaço que foi perdido para os SUVs nos últimos 2 anos. "Os consumidores que entram 'por baixo' vão voltar", afirmou Pagliarini. "Mas isso não quer dizer que os SUVs vão perder atratividade", ponderou.
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