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JC Contabilidade

- Publicada em 09 de Maio de 2017 às 16:41

Crimes de colarinho branco lideram fraudes

Hencsey defende que é preciso conhecer o fornecedor para evitar riscos

Hencsey defende que é preciso conhecer o fornecedor para evitar riscos


/PROTIVITI/DIVULGAÇÃO/JC
Roberta Mello
Uma pesquisa da Protiviti Brasil, consultoria global especializada em Gestão de Riscos e Compliance, aponta a participação massiva de funcionários internos em casos de fraudes. O resultado do estudo baseia-se na análise de 43 casos de fraudes corporativas investigados pela Protiviti nos últimos dois anos. De acordo com o levantamento, 57% das ações fraudulentas são cometidas por gerentes e diretores, enquanto 43% são realizadas por funcionários abaixo do nível executivo.
Uma pesquisa da Protiviti Brasil, consultoria global especializada em Gestão de Riscos e Compliance, aponta a participação massiva de funcionários internos em casos de fraudes. O resultado do estudo baseia-se na análise de 43 casos de fraudes corporativas investigados pela Protiviti nos últimos dois anos. De acordo com o levantamento, 57% das ações fraudulentas são cometidas por gerentes e diretores, enquanto 43% são realizadas por funcionários abaixo do nível executivo.
O foco da pesquisa é detectar as principais vulnerabilidades existentes nas relações comerciais entre companhias e fornecedores. De acordo com o levantamento há três principais riscos que rondam as organizações atualmente. São eles: a clássica fraude interna; o conluio entre funcionário interno e colaboradores de outras organizações; e a contratação de empresas vírus, que são empresas criadas com o objetivo único e exclusivo de cometer fraudes.
Dos casos de fraudes internas investigados, 58,4% envolvem o favorecimento de fornecedores, o conflito de interesse envolvendo amigos e familiares dos funcionários e fraudes de pagamentos. "Áreas críticas como compras, vendas ou relacionamentos com cliente são as principais portas de entrada para este tipo de fraude", explica o líder da prática de Ética e Compliance da Protiviti e um dos coordenadores da pesquisa "Perfil da fraude no mercado brasileiro", Antonio Carlos Hencsey.
Contabilidade - A pesquisa demonstra que a maior parte dos casos de fraudes é de responsabilidade dos gerentes e diretores das empresas. Isso comprova que o grande problema é a cultura empresarial?
Antonio Carlos Hencsey - É um fato que a cultura empresarial influencia bastante nos processos de tomada de decisão ilícitas, porém, ela não é a única vilã desta história. As empresas devem sempre observar a combinação entre sua cultura corporativa e o grau de flexibilidade moral dos colaboradores, mensurando assim o poder destrutivo desta união. As empresas devem se preocupar com duas diferentes frentes para desestimular a motivação para o cometimento de fraudes. A primeira é conhecer o seu colaborador. A segunda frente é verificar com seus profissionais o quanto estes conhecem, compreendem e como se relacionam com as regras e diretrizes éticas instituídas. Quando falamos de profissionais de colarinho branco, como é o caso dos diretores e gerentes identificados em nossa pesquisa sobre o perfil da fraude no mercado brasileiro, a criticidade e necessidade desta análise torna-se ainda maior, pois esses profissionais sofrem pressões diretas e constantes ligadas aos resultados de suas áreas. Além disso, muitas vezes possuem menos controles por ocuparem cargos de confiança e têm autonomia para tomar decisões.
Contabilidade - Como mudar essa realidade? Investir em compliance é a melhor solução?
Hencsey - A mudança de cultura em qualquer organização é algo complexo, porém bastante possível desde que o processo seja bem conduzido. O investimento em compliance é fundamental, mas deve ser feito da maneira correta para que atinja o resultado desejado sem desperdício de recursos financeiros ou de tempo. De maneira geral, o primeiro passo para que essa mudança aconteça é o mapeamento da cultura ética vigente. Quando nós, da Protiviti, fazemos uma auditoria de cultura de compliance, por exemplo, o nosso foco principal é conhecer o programa de gestão da ética dos nossos clientes sob a ótica dos colaboradores. Isso significa que devemos ir buscar na fonte quais as falhas de conhecimento, compreensão e principalmente as resistências que impedem que o programa de compliance funcione adequadamente. Cruzando as informações e percepções vindas dos colaboradores com os programas institucionais torna-se possível trabalhar a cultura de uma maneira objetiva e com foco na perenidade.
Contabilidade - Os casos internos investigados envolvem principalmente favorecimento de fornecedores, conflitos de interesses ou fraudes de pagamentos. Como você explica esse resultado?
Hencsey - Alguns pontos são fundamentais para a compreensão destes resultados. Como aparece em nossa pesquisa, muitos profissionais ainda não veem o conflito de interesses como um desvio ético significativo no ambiente profissional. Diversos deles entendem a prática como um favor ou troca de benefícios sem compreenderem de fato os malefícios e consequências desta ação. Quando falamos de relacionamento com fornecedores, a empresa deve blindar e monitorar mais os seus processos e alçadas. Em muitos casos um código de conduta específico para essa atividade pode ser bastante relevante. Diversos clientes da Protiviti adotam essa prática como forma de trabalhar diretamente as fragilidades particulares destes processos. Outro ponto relevante é mapearmos e operarmos diretamente sobre as crenças dos profissionais que atuam com fornecedores. Muitos conhecem os procedimentos, mas se tornam vulneráveis a proximidade interpessoal dessa relação ou não percebem diversos vieses que diminuem o ceticismo profissional.
Contabilidade - Como funcionam os ataques de empresas vírus?
Hencsey - Empresas vírus são companhias criadas por funcionários da empresa vítima e tem, como único objetivo, servir como meio para o cometimento de fraudes. Assim, um colaborador pode criar uma empresa em seu nome ou de algum conhecido visando utilizá-la para o recebimento de pagamentos por serviços fantasmas, por exemplo. Vimos que diversos gestores, devido à sua alçada de aprovação, contrataram intencionalmente empresas vírus a fim de obterem benefícios financeiros diretos, prejudicando assim o seu empregador. Algo que nos chamou a atenção foi que grande parte destes atos poderiam ter sido facilmente evitados uma vez que 15% delas não estavam ativas na junta comercial e diversas outras estavam registradas no nome do gestor que solicitou ou autorizou a contratação.
Contabilidade - Como se prevenir?
Hencsey - Conhecer o seu fornecedor por meio de um processo de Due Diligence é uma ação muito eficaz na gestão deste tipo de risco. A melhoria dos controles internos e a implementação de monitoramentos constantes também devem ser fortemente considerados no combate a esse tipo de fragilidade. Este pode ser um importante aliado oferecendo a possibilidade dos colaboradores cuidarem da organização reportando, de forma segura, o que ocorre de errado. É um excelente modo de reforçar a cultura de compliance da empresa uma vez que torna ativa a gestão ética organizacional. A análise do perfil de flexibilidade moral dos gestores seria uma outra ponta a ser amarrada, pois, como falamos anteriormente, no final é a pessoa que toma a decisão.
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