Um dia após a divulgação da lista de Fachin, o presidente Michel Temer (PMDB) disse que o governo não pode ficar paralisado, assim como o Congresso e o Poder Judiciário. Em mais uma cerimônia "em prol das mulheres" no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, Temer afirmou que, se não houver cuidado, os Poderes não operam.
"Aqui no Brasil, se não tomarmos cuidado, daqui a pouco, vão dizer que o Executivo não opera, o Legislativo não opera, o Judiciário não opera. E não é assim", declarou o presidente, citado em dois inquéritos abertos pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escreveu que Temer tem "imunidade temporária" por ocupar cargo de presidente, não podendo ser investigado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
"Não podemos jamais paralisar a atividade legislativa. Temos que dar sequência ao governo, à atividade legislativa e judiciária. E em todos os Poderes está presente a mulher, o que é fundamental para o desenvolvimento do País", disse Temer, em cerimônia fechada à imprensa. A lista de Fachin, que atingiu oito ministros de seu governo, incluindo dois palacianos - Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral -, não foi diretamente mencionada.
O governo teme que o Congresso Nacional, fortemente implicado pelos pedidos de abertura de inquérito de deputados federais e senadores, atrase a reforma da Previdência, carro-chefe das reformas econômicas. Um mês após ter dito, no Dia Internacional da Mulher, que as mulheres têm grande participação na economia, porque são as mais capazes de detectar flutuações de preços no supermercado, é a terceira tentativa de agenda positiva do Palácio do Planalto.