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Política

- Publicada em 12 de Abril de 2017 às 17:37

Delação da Odebrecht cita propinas e prática de caixa 2 a políticos

Marcelo Odebrecht afirmou que o pagamento a políticos era recorrente

Marcelo Odebrecht afirmou que o pagamento a políticos era recorrente


HEULER ANDREY/AFP/JC
Delações feitas pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht e ex-executivos da empresa Odebrecht na Operação Lava Jato começaram a ser liberados oficialmente nesta quarta-feira (12) e trazem à tona esquemas de propina e prática de caixa 2 para custear campanhas eleitorais. O herdeiro do grupo afirmou que o pagamento a políticos era recorrente e que as doações eleitorais oficiais eram identificadas como "bônus". 
Delações feitas pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht e ex-executivos da empresa Odebrecht na Operação Lava Jato começaram a ser liberados oficialmente nesta quarta-feira (12) e trazem à tona esquemas de propina e prática de caixa 2 para custear campanhas eleitorais. O herdeiro do grupo afirmou que o pagamento a políticos era recorrente e que as doações eleitorais oficiais eram identificadas como "bônus". 
A divulgação dos depoimentos ocorre um dia após o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), liberar a relação de políticos e autoridades que serão alvos de inquérito na corte. Sete gaúchos estão entre os investigados. Após as delações da Odebrecht, serão abertas 76 novas investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Com a autorização da abertura dos inquéritos, as 108 pessoas, incluindo 83 políticos, passaram à condição de suspeitos investigados no Supremo. Outros nomes, incluindo ex-presidentes como Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ex-governadores gaúchos como Germano Rigotto e ex-deputados terão investigações em instâncias estaduais.

O que dizem as delações sobre os citados:

Ex-presidente Dilma Rousseff (PT): ex-executivos da Odebrecht relataram repasse de R$ 350 mil via departamento de propina da empresa a Anderson Dornelles, assessor de Dilma Rousseff na Presidência da República. Com o pagamento, Dornelles deveria repassar a Dilma "informações de interesse do Grupo Odebrecht, incluindo notas técnicas emitidas a respeito de representantes de países pelos quais a presidente empreendia viagens".
Deputado Federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS): recebeu R$ 175 mil via caixa 2 para sua campanha, em 2006. Delator da Odebrecht também contou sobre um encontro com o deputado em que disse "nós gostaríamos de termos aí como um parceiro futuro nas suas atividades como deputado federal". 
Ex-presidente Lula (PT): a empresa disponibilizou a Lula um saldo de R$ 40 milhões de propina, ao final do seu mandato. Delatores descrevem ainda tratativas com o ex-presidente para a edição de uma medida provisória que permitira acordos de leniência sem a participação do Ministério Público. Outro trecho sustenta que a empresa custeou reformas no sítio em Atibaia, interior de São Paulo, que é usado pelo petista. 
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB): o tucano teria recebido "vantagens indevidas, não contabilizadas, no âmbito da campanha à Presidência nos anos de 1993 e 1997".
Ex-presidente Fernando Collor: Fachin determinou a abertura de um inquérito para investigar a afirmação de dois executivos de que Collor recebeu R$ 800 mil de caixa 2 em sua campanha ao Senado em 2010.
Ex-presidente José Sarney: seu grupo político, representado por José Francisco das Neves, então presidente de uma estatal da área ferroviária, recebia 1% de contratos da ferrovia Norte-Sul em 2008 e 2009.
Senador Roméro Jucá (PMDB-RJ): recebeu R$ 4 milhões por ter trabalhado pelos interesses do grupo junto ao poderes Legislativo e Executivo. Segundo os delatores, Jucá sempre teve uma relação "próxima" ao Grupo Odebrecht. Ele teria pedido dinheiro após conseguir a aprovação, em 2012, da Resolução 72 no Senado, que acabou com incentivos fiscais locais e estabeleceu cota interestadual única de ICMS para produtos importados que, na época, eram mais baratos do que os mesmos produtos fabricados no Brasil. A iniciativa acabou com a chamada "guerra dos portos", segundo os depoimentos.
Senador Renan Calheiros (PMDB-AL): Segundo a PGR, os delatores narraram tratativas realizadas em 2009 e 2010 com Ricardo Aragão, interlocutor do Secretário de Infraestrutura do Estado de Alagoas à época, para realizar um acordo entre as empresas que participariam da construção do canal do sertão alagoano. Além de pagamentos envolvendo o então governador do Estado de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), ao então secretário Marco Antônio Fireman e a Fernando Nunes, os delatores relataram o repasse de R$ 500 mil em espécie a Renan Calheiros. A quantia foi disponibilizada pela Odebrecht por meio do setor de operações estruturadas, área responsável por pagamentos de propina e caixa 2 da empreiteira.
Governador Beto Richa (PSDB-PR): Os delatores relatam pagamento de "vantagens indevidas" a Richa, "a pretexto de campanhas eleitorais".
Governador Fernando Pimentel (PT-MG): ex-executivos da Odebrecht dizem ter repassado R$ 13,5 milhões ao atual governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), para que ele atendesse interesses da empresa quando era ministro do governo Dilma Rousseff. Pimentel chefiou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de 2011 e 2014, quando deixou o posto para se candidatar ao governo de Minas. Houve também pagamentos a agentes públicos para que a empresa acessasse atas sigilosas do Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações, órgão que acompanha as operações do Programa de Financiamento às Exportações.
Ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ): dois delatores revelam ter feito 12 pagamentos mensais de R$ 1 milhão cada um ao ex-governador para quitar "remanescentes da campanha" de 2006. A companhia já havia feito um pagamento de R$ 3 milhões ao candidato na disputa de 2006, mas, depois da eleição, Cabral "teria solicitado o pagamento de remanescentes no valor de R$ 12 milhões".
Com agências Estado e Folhapress.
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