Na mitologia grega, Procusto era um homem alto, um bandido que vivia na serra de Eleusina, hoje subúrbio de Atenas, na Grécia. Era dono de uma propriedade e tinha um tipo peculiar de hospitalidade: com um jantar generoso, seduzia os viajantes e convidava-os para pernoitar em uma cama especial, a qual ele queria que atendesse com perfeição ao tamanho do hóspede. Para aqueles que fossem muito altos, ele cortava suas pernas com um machado afiado, e aqueles que fossem muito baixos, esticava-os, para terem a dimensão exata da cama. Essa mitologia, conhecida como o "leito de Procusto", é usada na contemporaneidade para demonstrar um padrão arbitrário e impositivo no qual uma "conformidade exata" é forçada. O planejamento centralizado é o exemplo perfeito do reducionismo do "leito de Procusto". A democracia é a ideia de que o povo decide como sociedade e que, portanto, todos decidimos juntos sobre nosso destino. Porém as nações democráticas contam com milhões de pessoas e com milhões de opiniões e interesses individuais. Como poderiam elas governar juntas? A democracia cria um reducionismo em que prevalece o desejo da maioria, nem sempre o mais sensato. São as formas coercitivas de regulações e decisões do Estado que retomam a metáfora posta no conto. Há outros graves problemas no sistema democrático, como a tendência do Estado de ter gastos públicos em constante crescimento. Em vista disso, durante seis meses do ano, as pessoas se tornaram servos do Estado. Se analisarmos a história, encontramos soluções de quando a descentralização do Estado nacional e os princípios do liberalismo garantiram o maior progresso econômico da história. Unidades democráticas pequenas conseguem evitar muitos efeitos negativos da democracia centralizada. Afinal, nas pequenas regiões autônomas, é mais fácil cobrar dos governantes eleitos - muito provavelmente, algum deles poderá ser seu vizinho. É sob esses aspectos que a prosperidade, a paz e a garantia das liberdades individuais podem ser viáveis numa democracia. Do contrário, ficaremos eternamente sob "o leito de Procusto", sendo reduzidos à vontade da maioria - ou, pior ainda, dos políticos.
Empresário, diretor de Formação do IEE