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Economia

- Publicada em 25 de Abril de 2017 às 19:43

Opinião econômica: Uma esperança disciplinada

O publicitário Nizan Guanaes é dono do grupo de comunicação ABC

O publicitário Nizan Guanaes é dono do grupo de comunicação ABC


/ARQUIVO/JC
A avaliação que nós fazemos das coisas tem muito mais a ver com o que se passa pela nossa cabeça do que com o que se passa com as coisas que avaliamos.
A avaliação que nós fazemos das coisas tem muito mais a ver com o que se passa pela nossa cabeça do que com o que se passa com as coisas que avaliamos.
É o clássico copo meio cheio ou meio vazio: o Brasil hoje está voltando ao seu caminho ou indo para o abismo?
Sempre fui otimista com o nosso País, mesmo quando não havia motivo para sê-lo, porque creio que não teremos a competência para destruir nossas qualidades.
Apesar de todos os problemas que temos visto, apesar de ainda sofrermos os efeitos da maior recessão econômica de nossa história, ou por causa de tudo isso, o Brasil vive momento muito duro, mas transformador.
Reformas necessárias há muito tempo ganharam urgência e caminham, mesmo que aos trancos e barrancos, pelo Congresso Nacional.
Nesse caminho, precisamos agregar disciplina às forças do Brasil. E disciplina é uma palavra que vem do grego e cuja raiz é aprender.
Apesar dessa tendência polarizadora do País (e do mundo), nós temos o valioso DNA da tolerância e da convivência. Mas precisamos agregar a esse DNA a disciplina da negociação.
Como ensina William Ury, o mestre desse assunto em Harvard, o maior oponente numa negociação muitas vezes não é a pessoa do outro lado da mesa, mas a pessoa do outro lado do espelho. Para chegar a um acordo, é preciso tanto negociar com o outro quanto consigo mesmo. E em muitas horas é mais importante ouvir do que falar. Ouvir não só o que é dito, mas o que está por trás das palavras, dos slogans, dos memes da internet. E, como diz William Ury, é fundamental mostrar respeito.
Mostrar respeito no debate não custa nada e traz dignidade, que é tudo.
Vamos botar as coisas na perspectiva certa. A Lava Jato é um ativo do Brasil. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse isso outro dia. Qual é o país emergente que está fazendo um processo tão profundo e abrangente como esse? A China, a Rússia e a Índia não estão. O Brasil está.
Assim como não podemos mais tolerar a corrupção que havia, não podemos mais manter as atuais regras da Previdência, as leis trabalhistas e o sistema tributário. Sem modernizações, eles afastarão o Brasil de seu destino.
Às vezes, nós transitamos sem escalas de um orgulho infundado ao mais profundo complexo de vira-latas.
Nosso sistema financeiro é dos mais sólidos e sofisticados, como vimos na mais recente crise mundial. Temos políticas públicas avançadas em saúde, como o programa de combate à Aids e o SUS, que, com todos os problemas, já foi elogiado pela "Economist" por seu alcance. Temos um setor agropecuário que lidera o mundo. Temos o 3G, que exporta gestão. Temos essa música.
Então nós temos muitos atributos positivos no Brasil, inclusive uma grande capacidade de tolerância e convivência. Serão eles que, com disciplina e determinação, nos tirarão dessa crise e nos levarão ao próximo patamar de desenvolvimento.
Somos craques em divulgar nossos problemas e fracos em divulgar nossas virtudes.
Outro dia fui chamado para falar na Brazil Conference de Harvard sobre como "vender" o Brasil no exterior. Isso é fundamental. Mas acho que hoje precisamos também "vender" o Brasil para os brasileiros - para injetar mais confiança nessa esperança de mudança.
Não uma esperança boboca ou vã, mas uma esperança disciplinada e empreendedora em relação ao País. Afinal, o nosso amor pelo Brasil não pode ser platônico.
Publicitário e fundador do Grupo ABC
 
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