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Fraude

- Publicada em 22 de Março de 2017 às 19:02

Governo prevê prejuízo de US$ 1,5 bilhões nas exportações

Blairo Maggi (c) projeta perda de 10% do mercado global para a carne

Blairo Maggi (c) projeta perda de 10% do mercado global para a carne


MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO/DIVULGAÇÃO/JC
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ontem que o prejuízo do Brasil com a Operação Carne Fraca pode variar entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão. Segundo ele, as contas feitas pelos técnicos do governo projetam uma perda de 10% de todo o mercado internacional para a carne brasileira.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ontem que o prejuízo do Brasil com a Operação Carne Fraca pode variar entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão. Segundo ele, as contas feitas pelos técnicos do governo projetam uma perda de 10% de todo o mercado internacional para a carne brasileira.
"É muito dinheiro", frisou o ministro. "A imagem do Brasil está arranhada", disse Blairo Maggi, que participou, na tarde de ontem, de audiência pública conjunta das comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Aos senadores, o ministro informou que a média das exportações diárias de carnes era de US$ 63 milhões. Na terça-feira, as vendas dessa mercadoria para o exterior foram de apenas US$ 74 mil. "São números estratosféricos", admitiu.
Blairo Maggi disse que os problemas identificados na operação não são predominantemente de qualidade da carne, mas sim problemas relacionados a corrupção e desvios de conduta. "Quero defender o sistema brasileiro de controle, o sistema que atesta esses produtos. Não tenho dúvida nenhuma em afirmar que esse problema que aconteceu é localizado, pontual, um problema de desvio de conduta dos servidores", afirmou.
O ministro disse que foi pego de surpresa com a forma que a operação da Polícia Federal (PF) foi divulgada e que a narrativa feita trouxe problemas à credibilidade da carne brasileira no mercado internacional. "Em nenhum momento, questionamos a ação da Polícia Federal de investigar os fatos que foram a ela denunciados. Quero deixar claro que não podemos fazer a defesa daqueles que fizeram coisa errada, mas da forma como ela foi conduzida e apresentada à população brasileira é que digo que fomos pegos de surpresa. Anos e anos trabalhando para chegar a uma credibilidade nacional e mundial, e a narrativa que foi feita nos trouxe esse problema."
Por mais de uma vez, ele ressaltou que não é contra as investigações da PF. "Não somos contra a investigação da Polícia Federal. As investigações não vão parar por que achamos que foram comunicadas de forma errada", disse.

Medidas restritivas foram adotadas por 11 destinos, segundo o Mapa

Com os Estados Unidos, que decidiram passar a inspecionar 100% das amostras de carne importada do Brasil, segundo informações do Ministério da Agricultura (Mapa), e a Jamaica, que suspendeu as importações de carne enlatada e termoprocessada brasileira, já foram 12 os países ou blocos econômicos que adotaram algum tipo de restrição às importações do produto brasileiro ou pediram informações após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
De acordo com balanço do Ministério da Agricultura fechado na terça-feira à noite, o número de países ou blocos que mantêm alguma restrição ao produto do Brasil caiu para 11, já que a Coreia do Sul havia bloqueado a compra de produtos da BRF, mas voltou atrás e desistiu da decisão.
O ministério considera que os pedidos de informação e suspensões temporárias dos países destinatários de carne e derivados brasileiros são uma "reação natural" após a operação. No total, 33 países e blocos importaram do Brasil nos últimos 60 dias. A Agricultura tem encaminhado respostas técnicas a todos os países que enviam questionamentos.
O Brasil comunicou a todos os países que compram carnes dos 21 frigoríficos investigados na operação que foram suspensos os registros de exportação dessas unidades, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Segundo ele, "é natural agora recebermos pedidos de esclarecimento de cada um desses países". O ministro disse ainda que esta é uma chance para o governo brasileiro dar informações detalhadas a cada país, para evitar embargos totais e por tempo indeterminado.
Posicionamentos
> Chile: suspensão temporária de todos os tipos de carne;
> China: suspensão do desembaraço aduaneiro de cargas produzidas por 65 estabelecimentos; produtos já foram retirados dos supermercados;
> Coreia do Sul: havia bloqueado a compra de produtos da BRF, mas suspendeu a medida na terça-feira;
> Egito: suspensão temporária das importações (essa informação ainda não chegou oficialmente ao ministério);
> Estados Unidos: vão inspecionar 100% das amostras;
> Hong Kong: suspendeu temporariamente a compra de carnes e derivados;
> Israel: enviou pedido de informação;
> Jamaica: suspendeu temporariamente a compra de carne enlatada e termoprocessada;
> Japão: suspendeu importações das 21 plantas investigadas na operação;
> México: suspendeu importações (informação ainda não chegou oficialmente ao ministério);
> Suíça: suspendeu importações originárias de 3 plantas (informação não chegou oficialmente ao ministério);
> União Europeia: suspendeu importações das 21 plantas investigadas na operação.

Na OMC, Brasil pede que não haja 'restrições arbitrárias' à importação

O governo brasileiro fez um apelo para que os países não adotem "restrições arbitrárias" à importação de carne brasileira durante uma reunião na Organização Mundial do Comércio (OMC). A manifestação acontece depois que diversos países, incluindo a China, e a União Europeia suspenderam total ou parcialmente as compras de frigoríficos brasileiros investigados na Operação Carne Fraca.
"O Brasil espera que os demais membros não adotem medidas que constituem restrições arbitrárias ao comércio internacional e que ferem as regras da OMC", sustentou o Itamaraty durante uma reunião do comitê de medidas sanitárias e fitossanitárias da entidade.
Os diplomatas da delegação brasileira em Genebra, na Suíça, sede da OMC, garantiram que o sistema de controle sanitário do Brasil é "sólido" e "confiável", e buscaram minimizar os problemas encontrados pela PF.
"As investigações não estão focadas no sistema de inspeção agrícola e animal do Brasil, cujo rigor é amplamente reconhecido, mas apenas em alguns casos de conduta inadequada", disseram.
O Itamaraty ressaltou ainda que apenas 33 dos 2,3 mil inspetores do Ministério da Agricultura e 21 das 4.837 unidades de abate de animas foram envolvidas no escândalo.
Os diplomatas brasileiros informaram que estão à disposição para esclarecer dúvidas dos demais 164 membros da OMC, mas nenhum dos países presentes ao encontro fez perguntas ao Brasil.