Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Crédito

- Publicada em 23 de Fevereiro de 2017 às 18:30

Antes de novas regras, juro do rotativo cresce

A partir de abril, uso do rotativo terá validade de 30 dias, após será aplicada nova modalidade de cobrança

A partir de abril, uso do rotativo terá validade de 30 dias, após será aplicada nova modalidade de cobrança


VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
Nas semanas que antecedem a mudança no funcionamento do crédito rotativo, bancos elevaram mais uma vez os juros cobrados no cartão para um novo recorde histórico. Além do aumento da taxa no rotativo, o crédito parcelado teve forte alta de 8,1 pontos em apenas um mês - o maior aumento entre todas as operações de crédito livre para pessoa física.
Nas semanas que antecedem a mudança no funcionamento do crédito rotativo, bancos elevaram mais uma vez os juros cobrados no cartão para um novo recorde histórico. Além do aumento da taxa no rotativo, o crédito parcelado teve forte alta de 8,1 pontos em apenas um mês - o maior aumento entre todas as operações de crédito livre para pessoa física.
Dados do Banco Central (BC) mostram que o juro médio total cobrado no rotativo do cartão de crédito subiu 2,2 pontos percentuais e a taxa média subiu de 484,6% ao ano em dezembro para 486,8% ao ano em janeiro. A taxa média praticada no mês passado foi a maior da série histórica do BC para o rotativo do cartão de crédito, iniciada em março de 2011. Entre todas as operações de crédito acompanhadas pelo BC, o rotativo tem a taxa mais elevada, batendo até mesmo a do cheque especial.
Além do aumento do juro do rotativo, o crédito parcelado no cartão - operação que deve ser oferecida como "porta de saída" para os clientes que usarem o rotativo por 30 dias - também teve alta e o juro subiu 8,1 pontos, passando de 153,8% ao ano para 161,9% ao ano. Esse aumento do juro foi o maior entre todas as linhas de crédito para pessoa física no mês passado.
A mudança no cartão prevê que o uso do rotativo deve ser pelo prazo máximo de 30 dias. Depois disso, a dívida deverá migrar para outra modalidade de crédito com juros menores, como o parcelado do cartão. Os bancos têm até 3 de abril para se adequarem às novas regras. Quando anunciou a medida, a expectativa era de que a mudança abriria espaço para a redução dos juros cobrados dos clientes, já que boa parte do custo das taxas vem do risco de inadimplência.
 

Em 12 meses, saldo de crédito continuou em contração neste início de ano, diz Banco Central

Concessão a empresas é fator para menor dinamismo, afirma Maciel

Concessão a empresas é fator para menor dinamismo, afirma Maciel


Marcelo Camargo/ABR/JC
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, destacou o fato de o estoque de crédito no Brasil continuar em contração neste início de ano. Ele lembrou que janeiro é marcado pela sazonalidade, o que faz com que o mês seja "mais fraco" para o crédito. Ao mesmo tempo, citou a continuidade do recuo do saldo nos acumulados em 12 meses.
No crédito com recursos livres, o saldo acumulou recuo de 10,7% nos 12 meses encerrados em janeiro, após os 10,2% de queda dos 12 meses até dezembro do ano passado. No caso do crédito com recursos direcionados, há queda acumulada de 10,0% nos 12 meses até janeiro, depois de 8,8% de recuo nos 12 meses até dezembro.
Maciel afirmou que a retração vem sendo vista tanto no caso do crédito livre quanto no direcionado. Segundo ele, a concessão às empresas é um dos fatores para o menor dinamismo do crédito neste início de ano. Por outro lado, o crédito consignado concedido às famílias teve crescimento destacado em janeiro, em parte por conta do reajuste do mínimo.
O chefe do Departamento Econômico do BC destacou ainda que o crédito para aquisição de veículos, em declínio desde 2014, demonstra certa estabilização desde outubro do ano passado. Em janeiro ante dezembro, o saldo para compra de veículos cedeu 0,4%. Em 12 meses, a queda acumulada é de 10,6%.
De acordo com o BC, o estoque de crédito variou de dezembro para janeiro deste ano nos três setores de atividade: agropecuária, indústria e serviços. O crédito total caiu 2,4% na margem, para R$ 1,508 trilhão. A agropecuária cedeu 6,4%, a indústria teve baixa de 1,8% e os serviços cederam 2,6%. No crédito para pessoa jurídica com sede no exterior e créditos não classificados (outros), a baixa foi de 6,8%.
O crédito para o setor de serviços ficou em R$ 720,119 bilhões em janeiro. Dentro deste setor, as variações foram as seguintes: comércio (-5,0%), transporte (-1,4%), administração pública (-1,2%) e outros (-1,1%). Na indústria, o crédito recuou na margem para R$ 734,468 bilhões. Setorialmente, as variações foram as seguintes: extrativa (-1,7%), transformação (-2,4%), construção (-1,8%) e serviços industriais de utilidade pública-Siup (-0,4%).Para o setor agropecuário, a queda foi de 6,4% em janeiro ante novembro, para R$ 22,846 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central afirmou que o fator para a queda do crédito direcionado às empresas é a retração do crédito em operações do Bndes. Nos 12 meses até janeiro, o crédito direcionado para empresas acumula queda de 10%. 
Maciel lembrou ainda que, no caso do crédito livre, parte do estoque do crédito às empresas está indexada ao câmbio. Assim, com a queda do dólar ante o real, também há um impacto de redução no estoque de crédito. "O estoque de crédito livre às empresas está se contraindo mais em função do câmbio", afirmou.
O chefe do Departamento Econômico do BC citou, por outro lado, certa reação no crédito para capital de giro e conta garantia às empresas. "No geral, o mercado de crédito continua em contração, mas com dinâmicas distintas. As famílias têm comportamento mais estável e as empresas com crédito recuando."
 

Apesar de queda maior na Selic, taxas cobradas de consumidores avançam

A despeito do corte mais agressivo da taxa básica de juros da economia, a Selic, em janeiro, as taxas de juros cobradas de consumidores e empresas subiram no mês passado. A taxa média cobrada com recursos livres (que não incluem financiamentos imobiliários e empréstimos do Bndes) foi de 72,7% ao ano em janeiro, um crescimento de 1 ponto percentual na comparação com dezembro.
Os juros para empresas, também no caso de recursos livres, também cresceram 1 ponto percentual, de 27,8% ao ano para 28,8% ao ano. O spread (diferença entre o que as instituições financeiras pagam para captar recursos e o que cobram de consumidores e empresas) dessas operações com recursos livres subiu de 39,7 pontos percentuais para 41,7 pontos percentuais, ou seja, dois pontos percentuais.
No caso de consumidores, essa diferença cresceu de 59,5 pontos para 61,2 pontos percentuais; para empresas, de 16,4 pontos percentuais para 18,2 pontos. A inadimplência, um dos fatores que compõe o spread, permaneceu estável em 5,7%.
De 13 categorias de crédito ao consumidor acompanhadas pelo BC, somente três tiveram redução na comparação com dezembro. As novas concessões de crédito com recursos livres para empresas tiveram uma redução de 23,5% na comparação com dezembro. Em relação a janeiro de 2016, a redução foi de 5,6%.
No caso dos novos empréstimos para consumidores, houve uma redução de 3,7% em relação a dezembro e um crescimento de 10,1% na comparação com o primeiro mês do ano passado.