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Consumo

- Publicada em 21 de Fevereiro de 2017 às 17:50

Maioria dos brasileiros não tem hábito de poupar

Em dezembro, com o 13º salário, 75% não conseguiram guardar renda

Em dezembro, com o 13º salário, 75% não conseguiram guardar renda


LUCIANA RADICIONE/ESPECIAL/JC
Com a discussão sobre a reforma das regras da aposentadoria e o desemprego em alta, falar sobre reservas financeiras torna-se urgente. Mas a maioria dos brasileiros ainda não guarda dinheiro, como mostra a pesquisa divulgada ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Ao todo, 62% dos consumidores afirmam não guardar dinheiro nem possuir reserva.
Com a discussão sobre a reforma das regras da aposentadoria e o desemprego em alta, falar sobre reservas financeiras torna-se urgente. Mas a maioria dos brasileiros ainda não guarda dinheiro, como mostra a pesquisa divulgada ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Ao todo, 62% dos consumidores afirmam não guardar dinheiro nem possuir reserva.
Já cerca de 29% guardam apenas o que sobra do orçamento, e somente 7% reservam um valor fixo por mês. Isso significa que 36% têm o costume de guardar alguma quantia. O estudo também mostra que há diferenças entre classes sociais: os poupadores nas classes A e B, independentemente de o valor ser fixo ou não, somaram 58% dos entrevistados; já nas classes C, D e E são 30%.
Os entrevistados também foram questionados sobre a poupança que fizeram no mês de dezembro. A pesquisa indica que 75% não conseguiram reservar nada de sua renda, contra 23% que conseguiram. No quesito, também há diferença entre as classes sociais: nas classes A e B, o percentual de poupadores foi de 36%, enquanto nas classes C, D e E foi de 19%. Entre os poupadores, guardou-se, em média, a quantia de R$ 480,85 no mês. "É notável que a maioria dos brasileiros não reservou parte de seu dinheiro em dezembro, inclusive quem pertence a classes de alta renda. A crise econômica certamente tem seu papel no resultado da baixa poupança. Com o crescimento do desemprego, o orçamento familiar tornou-se mais apertado e, em alguns casos, insuficiente até para honrar compromissos já assumidos", explica Roque Pellizzaro, presidente do SPC Brasil.
De acordo com os dados, mesmo entre os poupadores habituais, 46% precisaram dispor de sua reserva financeira em dezembro. Os principais motivos foram: pagamento de dívidas (13%), despesas extras (11%), contas da casa (12%), imprevistos (4%) e também consumo (8%).
O levantamento ainda mostra que a maior parte dos poupadores busca proteger-se contra imprevistos como doenças e/ou morte de entes (43%) ou mesmo o desemprego (31%). Há também 27% que poupam pensando em garantir um futuro melhor para a família e 24% que poupam pensando na realização de um sonho de consumo, 23% citam os planos de viajar e 18% mencionam a compra ou quitação da casa.
A reserva financeira com foco na aposentadoria foi citada apenas por 17% dos entrevistados. "A longo prazo, a falta de preparo cobra seu preço. Sem constituir uma reserva ao longo da vida, muitos idosos são obrigados a rever seu padrão de consumo ou acabam na dependência de terceiros. Em tempos de discussão sobre a reforma das regras de aposentadoria, o tema torna-se ainda mais urgente", indica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
A pesquisa ainda revela que o principal destino do dinheiro reservado ainda é a caderneta de poupança, citada por 62% dos entrevistados. E 20% dos poupadores ainda guardam dinheiro em casa. Os fundos de investimento foram mencionados por 10%, e a previdência privada, por 6%. A lista segue com outras opções de investimento como renda fixa e bolsa de valores, mas todos citados por menos de 5%.
"Se o investidor opta por uma aplicação de menor rendimento quando há outros que oferecem retornos maiores, é como se ele estivesse perdendo dinheiro. Nos últimos anos, quem optou pela poupança, teve parte de seu dinheiro corroído pela inflação ou, no máximo, alcançou um rendimento real muito baixo", segundo Kawauti.
"No caso de quem manteve o dinheiro em casa, as perdas foram ainda maiores", conclui a economista.

Melhora na percepção de condições atuais supera a de expectativas

Nos últimos meses, o subíndice que mede a percepção sobre as condições atuais no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), acelerou o ritmo de alta, enquanto o subíndice sobre as expectativas para o futuro tenderam à acomodação. Esse processo, na visão da economista Izis Ferreira, da equipe da CNC, tende a continuar diminuindo a discrepância entre os dois subíndices.
Atualmente, essa diferença ainda é grande. O Icec avançou 1% em fevereiro em relação a janeiro, alcançando 95,5 pontos, como informou mais cedo a CNC. O subíndice que mede as condições atuais ficou em 61,8 pontos, enquanto o indicador que mede as expectativas registrou 141,7 pontos. Só que o indicador das condições atuais avançou mais rapidamente: 6,1% em fevereiro sobre janeiro. Já o indicador de expectativas subiu 0,8% na mesma comparação.
"Há um ajuste nas expectativas, que, no segundo semestre do ano passado, começaram a se descolar da economia real. Os dados da atividade no segundo semestre mostraram que não havia razão para tanta expectativa positiva", disse Izis. Na virada do ano, alguns dados da economia real de fato melhoraram, como a inflação, que desacelerou. Além disso, dados como as vendas no varejo do IBGE passaram a vir menos negativos.

Inflação dos consumidores recua pela 3ª vez

A proporção de consumidores que preveem inflação abaixo do limite superior de tolerância do regime de metas adotado pelo governo, que é 6,5%, aumentou gradativamente - em 6,4 pontos percentuais, ao passar de 32,5% para 38,9% do total entre janeiro e fevereiro deste ano. Esta percepção de expectativa de queda da inflação ocorreu em todas as faixas de renda. Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a expectativa mediana dos consumidores brasileiros para a inflação nos 12 meses seguintes recuou 0,3 ponto percentual de janeiro para fevereiro, ao passar de 7,9% para 7,6%.