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Economia

- Publicada em 13 de Fevereiro de 2017 às 13:38

Varejo perde 108,7 mil pontos de venda em 2016, diz CNC

Agência Brasil
O varejo brasileiro registrou no ano passado o fechamento líquido de 108,7 mil lojas com vínculo empregatício em todo o país. É o pior resultado da série histórica desde 2005, quando o comércio varejista fechou com um saldo líquido positivo de mais de 45 mil lojas abertas. 
O varejo brasileiro registrou no ano passado o fechamento líquido de 108,7 mil lojas com vínculo empregatício em todo o país. É o pior resultado da série histórica desde 2005, quando o comércio varejista fechou com um saldo líquido positivo de mais de 45 mil lojas abertas. 
Os dados foram divulgados hoje (13), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O CNC explica que apesar de fechar 2016 com o pior resultado desde 2005, a queda do número de lojas foi menos acentuada no segundo semestre do ano passado, o que pode ser um início de que a economia está começando a dar sinais de recuperação.
No setor varejista, porém, esta recuperação é frágil. Em entrevista à Agência Brasil, o economista da CNC Fabio Bentes disse que 2016 foi um ano para o setor varejista esquecer.
"Foi mais um ano ruim para o setor. Foi ainda pior do que 2015 quando o número líquido de pontos de vendas fechados atingiu 101,9, o pior resultado do setor. E o varejo é um setor intensivo de mão de obra, e pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados em 2015 o setor registrou o fechamento de 175 mil postos de trabalho, o pior resultado da série iniciada em 2004. E o incrível é que em 2016 este saldo negativo se agravou: foram fechados 282 mil postos de trabalho no varejo," acrescentou.
O economista da CNC afirmou que "foi um ano para o varejo esquecer, mesmo. Um ano em que o bolso do consumidor andou bastante surrado pela inflação alta, pela restrição ao crédito e pelo medo do desemprego, que acaba afetando as compras a prazo."
A CNC ressalta o fato de que a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) [do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)] aponta que, entre janeiro e novembro de 2016, o volume de vendas do setor varejista registrou recuo de 8,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, tendo relação direta com a redução no número de lojas.
"A falta de dinamismo no mercado de trabalho e o crédito mais caro e restrito explicam parte significativa das perdas de vendas nos últimos anos. E o termômetro mais dramático da crise que ainda assola o setor é o número recorde de lojas que fecharam as portas ano passado", avalia o economista.
Apesar do grande número de lojas fechadas ao longo do ano, o setor, segundo Fabio Bentes, já começa a mostrar desaceleração da queda do número de estabelecimentos.
De acordo com a CNC, de janeiro a junho de 2016, o varejo perdeu 67,6 mil pontos de venda, ao passo que, no segundo semestre, o setor registrou o fechamento líquido de 41,1 mil lojas - número também inferior ao observado na segunda metade de 2015, quando a perda foi 74,1 mil lojas. No total, o ano de 2015 perdeu 101,9 mil lojas.
A pesquisa da CNC indica que lideraram os fechamento de lojas os ramos de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-34,8 mil lojas), lojas de vestuário, calçados e acessórios (-20,6 mil) e lojas de materiais de construção (-11,5 mil).
Segundo a CNC, à exceção dos hiper e supermercados - que sofreram com a escalada dos preços no atacado no início de 2016 -, os demais segmentos analisados foram atingidos pelo encarecimento do crédito, tanto para consumidores como para a obtenção de capital de giro nos últimos anos.
O estudo da CNC revela que todos os estados apresentaram queda no número de lojas, fato inédito em 12 anos de pesquisa. São Paulo foi o estado mais afetado (-30,7 mil lojas), seguido por Rio de Janeiro (-11,1 mil) e Minas Gerais (-10,3 mil).
Por categoria de empreendimento, as micro (-32,7 mil) e pequenas empresas (-39,6 mil) - que empregam até 9 pessoas e de 10 a 49 funcionários, respectivamente - foram as mais afetadas pelo momento econômico em 2016.
No ano anterior, este segmento respondia por 98,6% dos pontos de venda do varejo nacional e empregava 76,5% da força de trabalho do setor. Lojas de médio porte, com 50 a 99 empregados, tiveram perda de 12,9 mil pontos de venda. Os grandes varejistas, com mais de 99 funcionários, fecharam 23,5 mil lojas.
A CNC avalia que, após dois anos de fechamento líquido de pontos de venda, em 2017, o número de lojas deverá apresentar estabilidade. "Além de o fechamento de pontos de venda está ocorrendo em um ritmo menos intenso desde o segundo semestre do ano passado, a tendência de queda da inflação poderá abrir espaço para a recuperação do consumo por parte das famílias, bem como para a esperada queda nas taxas de juros aos consumidores e empresários do varejo", disse Fabio Bentes.
"Olhando pra frente, dificilmente a gente poderá ter um ano pior. Principalmente pela queda da inflação que deverá fechar o ano em torno dos 4,5% e também porque, no segundo semestre, com uma taxa de inflação menor, abre-se espaço para uma queda maior das taxas de juros -  aquelas compras a prazo que vinham sendo prejudicadas pelas taxas de juros tendem a ser menos afetadas", explicou.
É por estes e outros fatores que na avaliação da CNC o setor varejista trabalha com uma expectativa de estabilidade para 2017. "As vendas não tendem a crescer muito, mas também param de cair, e devem ficar próxima de zero. Com isto, o número de empregos e lojas abertas tendem a estabilizar embora em patamares próximo de zero - tanto no que diz respeito às vendas como na abertura do número de lojas", avalia o economista.
Para que a situação melhore de forma significativa, falta o ingrediente fundamental para esta reativação das vendas - que é a geração de empregos. "A recuperação do emprego é ponto fundamental para que isto ocorra, porque, ao contrário de outros países, no Brasil a renda do mercado de trabalho responde pela quase totalidade do consumo. Então para que o varejo se recupere é preciso melhora do emprego e da renda. E a gente sabe que em um período de crise o mercado de trabalho é a última coisa a reagir," concluiu o economista.
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