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Conjuntura

- Publicada em 07 de Fevereiro de 2017 às 18:51

Medidas 'voluntaristas' não reduzem spread

Goldfajn diz que, com mais eficiência, o custo do crédito cairá

Goldfajn diz que, com mais eficiência, o custo do crédito cairá


José Cruz/ABR/JC
O governo não vai adotar medidas "voluntaristas" para a redução do spread bancário - diferença entre a taxa de captação dos bancos e o juro praticado aos clientes - porque esse tipo de iniciativa gera queda inicial do custo do crédito, mas resulta em elevação posterior. A explicação foi dada, nesta terça-feira, pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante seminário sobre o spread bancário.
O governo não vai adotar medidas "voluntaristas" para a redução do spread bancário - diferença entre a taxa de captação dos bancos e o juro praticado aos clientes - porque esse tipo de iniciativa gera queda inicial do custo do crédito, mas resulta em elevação posterior. A explicação foi dada, nesta terça-feira, pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante seminário sobre o spread bancário.
Ele participou do "Painel Projeto Spread Bancário", promovido pelo Banco Central (BC), em Brasília. Além de Goldfajn, participam do evento o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e os ex-presidentes do BC Armínio Fraga e Gustavo Loyola.
"Estamos procurando a redução estrutural e sustentável do custo de crédito. Essas duas palavras não são escolhidas coincidentemente. É estrutural para que sejam medidas que, de fato, levem à queda do custo do crédito e sustentável porque não queremos mais experimentos voluntaristas que levam à queda e depois a gente sabe que volta", disse Ilan Goldfajn.
O presidente do BC notou que a agenda de redução dos spreads bancários faz parte do conjunto de reformas econômicas executadas pelo governo federal. "São reformas que têm como objetivo melhorar o ambiente de negócios. Isso (o spread) se insere nesta questão: vai aumentar a eficiência e a produtividade da economia. E vai permitir que a economia cresça com produtividade", disse.
Goldfajn disse que, com mais eficiência na economia, o custo de crédito cairá estruturalmente. "Com a eficiência, a taxa estrutural da economia também poderá ser menor no médio e longo prazos."
A apresentação de Ilan Goldfajn sobre a evolução dos spreads bancários tem a segurança das operações de crédito como uma das principais mensagens. Goldfajn defende medidas para que as operações sejam consideradas mais seguras contra o calote para os bancos. Quando há garantias - como no financiamento imobiliário e consignado -, os juros são menores, e houve grande crescimento nos últimos anos, disse.
"Na pessoa física, há dois componentes que cresceram muito ao longo dos últimos anos. A primeira é o crédito habitacional e a segunda é o consignado. Quando você tem certa segurança no empréstimo, (a operação) cresce. Não tem nada de muito complexo", afirmou Goldfajn.
O presidente do BC destacou diversas vezes na apresentação que o crescimento das hipotecas e do empréstimo com desconto em folha é explicado especialmente porque essas operações fornecem garantias aos bancos que concedem o crédito. "Aquelas parcelas do crédito que têm garantias estão crescendo", repetiu.
Ilan Goldfajn acrescentou que essas medidas em estudo fazem parte de dois dos quatro pilares de ação anunciadas pela entidade. "A redução do spread é uma agenda bem importante."
O presidente do Banco Central apresentou, durante o evento, uma série de dados sobre o spread, tendo como foco os últimos cinco anos (2011 a 2016). De acordo com ele, o spread médio nas operações de crédito brasileiras nos últimos cinco anos foi de 16,9 pontos percentuais. Este valor leva em conta o crédito com recursos livres e direcionados (Bndes e poupança).
Goldfajn apresentou ainda números que mostram a decomposição do spread no Brasil: 53,5% são justificados pela inadimplência; 5,1%, pelo custo administrativo; 23,8%, por lucros e outros; 15,8%, por impostos diretos; e 1,8%, por compulsórios, encargos fiscais e Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
"Estamos preocupados não exatamente com o número ou com a vírgula, mas com a direção do spread", afirmou Ilan Goldfajn ao apresentar os dados.

Fazenda quer aperfeiçoar garantias para reduzir juros

Meirelles afirma que o País tem que melhorar o ambiente de negócios

Meirelles afirma que o País tem que melhorar o ambiente de negócios


Antonio Cruz/ABR/JC
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou, durante o seminário promovido pelo Banco Central, que a equipe econômica quer aperfeiçoar as regras de retomada do bem dado em garantia em caso de inadimplência, melhorar as regras do cadastro positivo e reformar a lei de recuperação judicial.
As medidas em estudo, de acordo com ele, têm como objetivo reduzir o preço do crédito no Brasil. "Além da agenda de estabilização macro, o ajuste fiscal, estamos trabalhando em conjunto visando enfrentar ações que prejudicam o ambiente de negócios no Brasil. O spread, o custo do crédito é um desses fatores", declarou.
Segundo o ministro, a lei de alienação fiduciária, que prevê a retomada do bem dado em pagamento em casos de inadimplência, precisa de ajustes. "O problema é que (a lei atual) é sujeita a questionamento. Quando vai de fato para a execução, o devedor tem condições de argumentar uma série de questões, avaliações e procedimentos", disse Meirelles.
No caso da lei de recuperação judicial, de acordo com Meirelles, foi formado um grupo de trabalho para reformar as regras. "Está avançando bastante. A ideia é reduzir os custos de recuperação e liquidação, é dar mais poderes aos credores, não só às instituições financeiras mas também a fornecedores e trabalhadores, para assegurar que, de fato, a recuperação prossiga e seja implementada."
O ministro declarou que outra medida em estudo é aperfeiçoar o cadastro positivo de bons pagadores. Atualmente, os clientes precisam permitir a sua entrada no cadastro.