Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.
O corpo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, morto em acidente aéreo nessa quinta-feira (19) em Paraty, será velado neste sábado (21) no plenário do Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4), em Porto Alegre. A família do ministro, morto em acidente aéreo em Paraty nessa quinta-feira (18), decidiu fazer no local.
O presidente em exercício do TRF4, Carlos Eduardo Thompson Flores, teve a confirmação em ligação da presidente do STF, Cármen Lúcia. O velório começa às 11h, e o enterro será a partir das 18h no cemitério Jardim da Paz. O arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, vai rezar a missa de corpo presente.
"Ela ligou e disse que quer estar presente quando o corpo chegar", comentou Flores. Cármen Lúcia deve chegar na tarde desta sexta à Capital. O desembargador lembrou que falou com o genro de Teori, o juiz federal Fernando Zandoná, no fim da tarde dessa quinta, após a confirmação da morte, colocando o plenário à disposição dos familiares para a despedida.
Vai ser o segundo velório a ser feito no plenário, em 14 anos de operação do complexo. O único que até hoje havia sido feito foi em agosto de 2009 do desembargador João Surreax Chagas. Este tipo de cerimônia estava suspenso.
A estimativa no órgão é que o corpo chegue no fim da noite, com saída do Rio de Janeiro. Uma funerária fluminense está cuidando do desembaraço do corpo. As definições sobre o funeral estão sendo feitas pela família com o STF, e o TRF apoiará na segurança.
Desde o começo da manhã, as bandeiras posicionadas na frente do complexo judiciário, situado na rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300, estão a meio pau em sinal de luto. Teori atuou como desembargador federal entre 1989 e 2003, ocupando vaga destinada pela Constituição Federal à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Nesta função, ele presidiu o tribunal entre 2001 e 2003.
O ministro do STF inaugurou a nova sede, o que ocorreu em 2002. No nono andar, a foto de Teori está na galeria de ex-presidentes. Ellen Gracie Northfleet, ex-ministra do STF, também tem foto na galeria por ter presidido a corte regional entre 1997 e 1999.
Teori: "Um homem discreto"
Entre as cerca de mil pessoas que trabalham no complexo, o servidor da diretoria judiciária Regaldo Amaral Milbradt tem uma lembrança especial de Teori. Milbradt foi diretor judiciário quando o ministro presidiu o órgão. O servidor descreve o magistrado como "um sábio". "Pela maneira de se portar, de conduzir as coisas sempre buscando o caminho correto para a boa decisão", resume o servidor, reforçando:
"O Teori sempre decidiu, doa a quem doer, da melhor maneira possível." A discrição era a marca do então presidente na rotina. "Ela era muito prático, falava muito pouco, tinha um poder de síntese espetacular. Trazíamos laudas, e ele reduzia para poucas linhas e conseguia transmitir muito melhor." Milbradt recebeu a noticia da norte em um telefonema de um colega.
"Liguei a televisão que temos aqui na sala para conferir. Fiquei chocado com a notícia. Mas são as peças que a vida nos trás." A última vez que o servidor havia encontrado com o ex-presidente foi em uma cerimônia de posse na sede do TRF. "Eu o cumprimentei e achei muito engraçado porque ele me achou mais careca. Aí, olhei para ele e nos abraçamos. Foi assim que vi pela última vez o 'desembargador' Teori."
O presidente em exercício do TRF4 reforçou a percepção sobre a personalidade de Teori. "Era um homem muito discreto e estudioso." Flores atuou próximo ao ex-desembargador por pelo menos dez anos. Quando o agora magistrado estava na carreira do Ministério Público Federal e depois no tribunal. "Assumi aqui quando o ministro presidia o tribunal", recorda o presidente em exercício. Sobre a morte, o magistrado reage: "Até agora estamos surpreendidos pela tragédia que se abateu no Brasil", descreveu.
Sobre o futuro do processo da Operação Lava Jato, Flores observou que "todo o Brasil está preocupado com a continuidade". Teori era o relator do processo no STF. "Todos querem que o processo ande e tenha seu resultado", projetou. Sobre comentários e suspeitas de que a queda do avião poderia não ter sido um acidente, o desembargador resumiu: "Qualquer pessoa que emitir opinião sobre isso é uma irresponsabilidade."