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Conjuntura

- Publicada em 12 de Janeiro de 2017 às 20:23

Queda de juros facilita concessões, diz secretário

Segundo Moreira Franco, ajuste vai afetar todo o setor produtivo

Segundo Moreira Franco, ajuste vai afetar todo o setor produtivo


ANDRESSA ANHOLETE/AFP/JC
As quedas da inflação e da taxa de juros vão ajudar a destravar concessões no setor de infraestrutura para 2017, aumentando as possibilidades de realização de leilões no setor. A avaliação é do secretário do PPI (Programa de Parceria em Investimentos), Moreira Franco, após os anúncios de que o índice oficial de inflação voltou à meta fiscal e da queda de 0,75 ponto percentual da taxa Selic.
As quedas da inflação e da taxa de juros vão ajudar a destravar concessões no setor de infraestrutura para 2017, aumentando as possibilidades de realização de leilões no setor. A avaliação é do secretário do PPI (Programa de Parceria em Investimentos), Moreira Franco, após os anúncios de que o índice oficial de inflação voltou à meta fiscal e da queda de 0,75 ponto percentual da taxa Selic.
"Os números estão mostrando que a orientação de política econômica que o governo do presidente Michel Temer tem perseguido dará o resultado esperado que é tirar o Brasil da maior crise econômica da nossa história", disse o secretário do órgão ligado à presidência. "Num espaço de tempo relativamente curto, estamos vendo a inflação voltar à meta e os juros caírem consistentemente sem ser por ato de governo, de forma voluntarista."
Em setembro, o presidente Michel Temer lançou um programa de concessões prevendo 34 leilões para 2017 e 2018. Batizado de Crescer, o programa inclui ativos em rodovia, ferrovias, terminais portuários, mineração, geração e distribuição de energia e saneamento. Mas os juros altos eram considerados um desafio para realizar as concorrências, já que seria complexo conseguir financiamento para garantir as obras necessárias de alguns desses projetos.
Para Moreira, o ajuste na economia vai gerar efeitos em todo o setor produtivo, na medida em que restabelece a confiança no País e que a área de concessões também ganhará com esse novo cenário. "Além da confiança que o investidor começa a ter no futuro do País, a estabilidade vai permitir que os investidores, operadores e as empresas interessados em ativos de infra possam encontrar modelagens de financiamentos que trabalhem com juros civilizados aqui no Brasil", afirmou.
Segundo o ministro, o leilão de concessão de quatro aeroportos, marcado para março, e o leilão de um terminal portuário de trigo no Rio de Janeiro, que deve ser em abril, já foram lançados com efetiva demonstração de empresas interessadas, que agora estarão "mais animadas do que numa situação de desconfiança".
Moreira disse que para os leilões posteriores já é possível trabalhar com a possibilidade de que os financiamentos sejam feitos no chamado modelo de "project finance". Nesse tipo de empréstimo, as empresas não precisam dar como garantia bens e recursos próprios. A garantia bancária é a arrecadação da concessão com tarifas, por exemplo. Esse é um pedido antigo das empresas, já que dar garantias com recursos próprios, em geral, limita a participação de companhias de pequeno e médio porte, entre outros problemas.

Bovespa sobe 2,41% e dólar cai

A Bovespa reagiu com forte alta ao corte de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, que não era descartado no mercado, mas não estava totalmente embutido nos preços. O Índice Bovespa fechou, nesta quinta-feira, com ganho de 2,41%, aos 63.953 pontos, maior patamar desde 8 de novembro - último pregão pré-eleição de Donald Trump. O volume de negócios na bolsa brasileira totalizou R$ 10,8 bilhões, o maior dos nove pregões do ano. O Ibovespa passa a contabilizar alta de 6,19% em janeiro e de 61,86% no acumulado de 12 meses.
As altas foram generalizadas, mas tiveram entre os destaques as ações de empresas mais sensíveis a juros. Foi o caso daquelas com alto endividamento e dependente de crédito, como as do setor imobiliário, e as que se beneficiam de um alívio nas contas do consumidor, como as de varejo e as de bancos. Além disso, um corte mais forte acena para o incentivo à economia de maneira geral e aumenta a atratividade da renda variável frente à renda fixa.
Apoiados nas recentes altas do minério de ferro e em expectativas otimistas para a empresa, os papéis da Vale tiveram mais uma sessão de altas expressivas. Vale ON e PN ganharam 3,23% e 2,12%, respectivamente. Com isso, acumulam mais de 17% em janeiro. As ações das demais empresas da cadeia do aço também avançaram, com CSN ON ( 4,47%) em destaque. Os papéis da Petrobras se beneficiaram da alta do petróleo no mercado externo e subiram 1,66% (ON) e 1,53% (PN).
Entre as ações que responderam mais diretamente à queda da taxa Selic, destacaram-se Br Malls ON ( 8,51%), Lojas Americanas PN ( 7,36%) e Multiplan ON ( 6,45%). Os bancos também integraram esse grupo. Responsáveis por mais de 25% da composição do Ibovespa, as ações do setor financeiro refletiram a expectativa de que o afrouxamento monetário reduza a inadimplência e destrave o crédito. Santander Brasil Unit avançou 5,02%, seguido por Itaú Unibanco PN ( 2,54%) e Bradesco PN ( 2,35%).
O dólar à vista encerrou no nível de R$ 3,1747 no mercado à vista nesta quinta-feira. O recuo de 0,62% da divisa norte-americana foi direcionado pela contínua expectativa de entrada de recursos no País, ao mesmo tempo em que os investidores ajustavam suas carteiras à redução mais agressiva da Selic. No mercado futuro, o dólar para fevereiro encerrou em baixa de 0,53%, aos R$ 3,2030.
O volume de negócios foi elevado. De acordo com dados registrados na clearing da BM&FBovespa, o giro somou US$ 2,324 bilhões. Já no contrato futuro de fevereiro, totalizou US$ 16,768 bilhões.
 

Michel Temer projeta redução da taxa Selic 'para um dígito só'

O presidente Michel Temer afirmou, nesta quinta-feira, que, "pouco a pouco", a taxa básica de juros, a Selic, vai "sair dos dois dígitos para um dígito só". Temer não deu prazo, porém, para que isso ocorra. Na quarta-feira, dia 11, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central surpreendeu o mercado e anunciou redução da Selic em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano. O presidente esteve em Praia Grande (litoral de São Paulo) para a inauguração de uma escola municipal batizada com o nome de um de seus irmãos, Fued Temer, morto em 1995.
Temer foi questionado sobre a redução da taxa básica de juros e respondeu que se trata de uma projeção. "Há uma projeção - nada certo, evidentemente - no sentido de que os juros venham caindo paulatinamente, porém, responsavelmente. E isso já teve repercussão no mercado financeiro. Os bancos já começaram também a reduzir as suas taxas de juros", disse.

Efeito do corte nas linhas de crédito será pequeno

Mesmo com a queda maior da Selic, o efeito da redução da taxa básica, de 13,75% para 13%, sobre os juros das principais linhas de crédito será muito pequeno agora. Só quando novas quedas acontecerem, e a economia voltar a crescer, com redução do desemprego e a retomada da confiança, os juros na ponta do consumidor vão efetivamente baixar, segundo analistas.
"O efeito, neste momento, é de apenas alguns centavos. O impacto será maior com a continuidade do ciclo de baixa da Selic e com a retomada da economia", diz o diretor de pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.
Segundo levantamento da Anefac, enquanto a Selic subiu sete pontos percentuais, até atingir 14,25% em julho de 2015, no mesmo período, a taxa de juros média para pessoa física, em seis linhas de crédito, apresentou elevação de 69,50 pontos percentuais, chegando a 157,47% ao ano - mais de 1.000% acima da Selic. Por isso, diz Oliveira, o impacto da queda da Selic no crédito tende a ser pequeno agora.
No cheque especial, no qual os bancos praticavam uma taxa média de 12,58% ao mês (314,51% ao ano) com a Selic em 13,75%, a Anefac estima que haverá recuo para 12,52% ao mês (311,87% ao ano). No cartão de crédito, a taxa média de 15,33% ao mês (453,74% ao ano) deve cair a 15,27% ao mês (450,29% ao ano).
João Augusto Salles, especialista em bancos da consultoria Lopes Filho, explica que, por causa do cenário de risco elevado - com desemprego em alta, economia em recessão e renda corroída pela inflação -, os bancos elevaram suas taxas de juros muito mais do que a Selic subiu. Com isso, aumentaram as margens de ganho (o chamado spread).
Mesmo durante o período de mais de um ano de estabilidade da Selic, em 14,25%, os bancos continuaram elevando juros, já que havia o temor de "calotes" de grandes empresas, principalmente daquelas ligadas às investigações da Lava Jato. Cenário que se concretizou com os casos da Sete Brasil e das construtoras OAS, Mendes Júnior e Galvão Engenharia, que pediram recuperação judicial. "Os bancos temiam mais perdas e foram elevando sua margem de ganho. E as pessoas físicas acabaram penalizadas com a alta de juros", diz Salles.