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Combustíveis

- Publicada em 31 de Janeiro de 2017 às 21:19

Preços da Petrobras superam os do exterior

Especialista alerta consumidores para apropriação das margens por distribuidoras e donos de postos

Especialista alerta consumidores para apropriação das margens por distribuidoras e donos de postos


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
Os preços da gasolina e do óleo diesel da Petrobras ainda estão mais elevados do que os praticados no mercado internacional. Mesmo após as quedas de 1,4% da gasolina e de 5,1% do diesel, anunciadas na última semana de janeiro, a estatal ainda vende combustíveis 6% e 1,5%, respectivamente, acima dos importados, segundo os analistas do Bradesco BBI, Filipe Gouveia e Osmar Camilo.
Os preços da gasolina e do óleo diesel da Petrobras ainda estão mais elevados do que os praticados no mercado internacional. Mesmo após as quedas de 1,4% da gasolina e de 5,1% do diesel, anunciadas na última semana de janeiro, a estatal ainda vende combustíveis 6% e 1,5%, respectivamente, acima dos importados, segundo os analistas do Bradesco BBI, Filipe Gouveia e Osmar Camilo.
Em relatório, eles classificam como "inesperada" a decisão de revisão dos preços em um intervalo inferior a um mês. Mas ressaltam que, ao decidir pela revisão, a empresa demonstra acompanhar as oscilações do mercado externo. O óleo diesel vendido nas refinarias da Petrobras ficou 6,1% mais caro no início de janeiro, enquanto a gasolina se manteve inalterada.
"O segundo ajuste dos preços domésticos em janeiro estavam fora do radar, mas não deve ser encarado com surpresa", afirmaram Gouveia e Camilo, acrescentando que a Petrobras demonstrou nas quinta-feira, dia 26 de janeiro, ao mercado que poderá anunciar alterações em um intervalo inferior a um mês. "Isso revela que a política de preços da companhia realmente funciona", acrescentaram.
O Bradesco prevê que o novo reajuste terá impacto negativo de aproximadamente 4% sobre a geração de caixa da Petrobras neste ano. Ainda assim, a previsão é de que a empresa chegará ao ano de 2018 com nível de alavancagem próximo à meta de 2,5 vezes. A projeção do banco é de 2,8 vezes.
O ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e professor do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ, Helder Queiroz, ressalta, no entanto, a falta de transparência da empresa na condução dos preços, o que, em sua opinião, afasta investidores da área de refino, hoje controlada pela estatal.
Há apenas uma refinaria privada em funcionamento no Brasil, a de Manguinhos, no Rio de Janeiro. "Pode ser bom para a Petrobras, mas não é suficiente para atrair investidores. Além disso, gera uma confusão na cadeia. As distribuidoras não estavam acostumadas a essa oscilação", opinou. Em outubro do ano passado, a Petrobras anunciou que adotaria uma política de preços da gasolina e do óleo diesel para acompanhar as oscilações externas e também do real frente ao dólar.
Na época, anunciou também, em comunicado, que "a nova política prevê avaliações para revisões de preços pelo menos uma vez por mês". Para o professor da UFRJ, sem a divulgação pela Petrobras dos critérios usados para definir as alterações nos preços, o mercado fica à mercê da estratégia empresarial. Ele afirma ainda que o consumidor deve se manter atento a "apropriações indevidas das margens" por distribuidoras e por donos de postos.
 

Para sindicato, a queda não chega à bomba

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Gouveia, avalia que a redução do preço dos combustíveis nas bombas depende de um repasse pelas distribuidoras, sendo menos provável que chegue ao consumidor final no caso da gasolina. "No caso da gasolina, acredito que será difícil porque a queda não é significativa, mas para o diesel deve sim ter diminuição dos preços nos postos", afirmou.
A Petrobras voltou a reduzir o preço dos combustíveis após dois aumentos do diesel e um da gasolina e estimou que se o ajuste for repassado e não houver alterações nas demais parcelas que compõem o preço ao consumidor, o diesel pode cair 2,6% ou cerca de R$ 0,08 por litro, em média, e a gasolina, 0,4% ou R$ 0,02 por litro, em média. Na prática, no entanto, o que tem ocorrido desde que a empresa anunciou a nova política de preços, em outubro de 2016, é um rápido repasse para os consumidores apenas quando a estatal anuncia aumentos dos combustíveis.