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Empresas & Negócios

- Publicada em 30 de Janeiro de 2017 às 14:41

Colibri produz produtos fabricados por artesãs, em Porto Alegre

Marca comercializa produtos fabricados por artesãs de comunidades de Porto Alegre

Marca comercializa produtos fabricados por artesãs de comunidades de Porto Alegre


FREDY VIEIRA/JC
Camila Silva
Construir uma ponte entre o mundo corporativo e o voluntariado é o sonho de muitos empresários, mas é realmente possível criar uma empresa que, além de lucro, tenha responsabilidade social e seja sustentável? A Colibri prova que sim. A marca comercializa produtos - a partir da reutilização de resíduos têxteis, como calças jeans, guarda-chuvas e materiais alternativos - confeccionados por artesãs de comunidades em situação de vulnerabilidade social de Porto Alegre.
Construir uma ponte entre o mundo corporativo e o voluntariado é o sonho de muitos empresários, mas é realmente possível criar uma empresa que, além de lucro, tenha responsabilidade social e seja sustentável? A Colibri prova que sim. A marca comercializa produtos - a partir da reutilização de resíduos têxteis, como calças jeans, guarda-chuvas e materiais alternativos - confeccionados por artesãs de comunidades em situação de vulnerabilidade social de Porto Alegre.
Em 2013, a bacharel em Direito Gabriela Ruiz Gonçalves, uma das fundadoras da marca, estava insatisfeita com a profissão e, por esse motivo, decidiu seguir um novo caminho. Porém, ela não queria simplesmente mudar de carreira. O objetivo principal era criar um negócio lucrativo e que, ao mesmo tempo, tivesse um impacto positivo na sociedade. A ideia de transformar o mundo de alguma forma sempre chamou a atenção de Gabriela.
A partir de então, ela começou a pesquisar sobre empresas com um viés social e a procurar referências que pudessem lhe ajudar na construção da empresa. Nesse processo, percebeu que estava buscando algo que ainda não existia. Gabriela, que já havia participado de um mutirão comunitário no Morro da Cruz, resolveu, então, retornar à comunidade para iniciar o projeto com a certeza de que precisava, primeiramente, conhecer melhor o lugar para entender a realidade local e, a partir disso, propor uma iniciativa que funcionasse para todos.
Na comunidade, Gabriela conheceu um grupo de artesãs por meio da Associação de Moradores do Morro da Cruz e conviveu com elas durante seis meses para entender o que cada pessoa poderia agregar e qual o tipo de material estavam habituadas a trabalhar. "O ideal não era chegar lá com o conhecimento e despejar ou só aproveitar o conhecimento delas", explica.
A partir do convívio, nasceu a Colibrii e a fabricação de mochilas com modelo unissex que utilizassem calças jeans como matéria-prima. A ideia deu certo, em 2014 - primeiro ano de existência -, a marca comercializou mais de 500 produtos entre mochilas, carteiras e sacolas.
Gabriela conta que o trabalho com resíduos têxteis requer diversas etapas, o que resulta em um processo de confecção mais trabalhoso como, por exemplo, higienização das calças jeans e  adequação do tecido aos moldes. Os produtos são vendidos no e-commerce e na loja física, localizada na Associação Cultural Vila Flores.
A Colibrii também desenvolve projetos em parceria com outras empresas. Em 2017, a marca, que já criou projetos com empresas como a ThyssenKrupp, Surfari e Youcom, quer manter este foco. Com a ThyssenKrupp, foi criado um modelo de estojo a partir de uniformes que seriam descartados e forros de capas de guarda-chuva adquiridas de centros de triagem. A parceria funciona de duas maneiras. A empresa pode utilizar um resíduo na fabricação ou a Colibrii desenvolve um projeto sugerindo o material para ser reutilizado.
"A nossa relação é próxima e é muito rica, de aprender a lidar com realidades diferentes o tempo inteiro", define a design de produtos da Colibrii, Alice Meditsch, que já havia trabalho com design social e com sustentabilidade, mas ainda não conhecia o universo de negócios sociais. A oportunidade de criar um produto em conjunto com outras pessoas encantou Alice, que é uma das sócias da marca.
A design, que atua em diversas áreas na empresa, sempre acreditou que o processo de criação não pode ser feito isoladamente. Para ela, é preciso sempre valorizar o conhecimento de outras pessoas na fabricação de um produto. "É incrível essa troca de conhecimentos profissionais e pessoais que existe com as artesãs", afirma Alice, ao explicar que a dificuldade do trabalho com costura requer uma boa relação não apenas de mão de obra, mas também mais humana para incluir as artesãs no processo de criação dos produtos, tema central na construção do projeto.
Algumas costureiras já haviam trabalhado com a ressignificação de matérias, mas nunca tinham participado da elaboração do produto de uma empresa. Inicialmente, a ideia assustou algumas delas. Muito além da relação patrão e funcionário, a meta era construir uma relação igualitária com as artesãs. Além do Morro da Cruz, já integraram o grupo de artesãs costureiras de comunidades como Vila Farrapos e Vila Cruzeiro.
Pensando em valorizar o trabalho de mulheres que muitas vezes não têm o seu esforço reconhecido, a comunicação da empresa se encarrega de mostrar para os consumidores que existe uma história por trás de cada item confeccionado. Uma das ações é incluir junto ao produto um bilhete assinado pela artesã que o fabricou, o que dá ao ato da compra um impacto e um significado.
"Fico muito feliz em conseguir mostrar para as pessoas diferentes realidades e, de certa forma, ser uma ponte direta para isso", diz Gabriela. E esse conceito é algo que a Colibrri busca passar aos clientes: que o que eles estão adquirindo foi feito de uma determinada maneira por essas pessoas, e em quais condições. "Isso desperta as pessoas para enxergarem outras realidades", comemora.
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