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Empresas & Negócios

- Publicada em 16 de Janeiro de 2017 às 15:59

De 'porta em porta' para o Brasil

Carlos Samuel de Oliveira, diretor-presidente do Grupo Yang, de Caxias do Sul

Carlos Samuel de Oliveira, diretor-presidente do Grupo Yang, de Caxias do Sul


MANUELA FREIRE/DIVULGAÇÃO/JC
Roberto Hunoff
A venda de porta em porta de modeladores, a partir de 1996, por Angela Freire, deu origem ao Grupo Yang, sediado em Caxias do Sul. É, atualmente, uma das organizações referenciais no Brasil nas mudanças de conceito da peça, que não se limita mais a ser um item exclusivamente com fins medicinais, mas agregou funções de estética e embelezamento.
A venda de porta em porta de modeladores, a partir de 1996, por Angela Freire, deu origem ao Grupo Yang, sediado em Caxias do Sul. É, atualmente, uma das organizações referenciais no Brasil nas mudanças de conceito da peça, que não se limita mais a ser um item exclusivamente com fins medicinais, mas agregou funções de estética e embelezamento.
Na condução do grupo, Carlos Samuel Freire de Oliveira, filho de Angela e Luiz Carlos, antigos diretores, que agora integram o Conselho, projeta perspectivas animadoras para a empresa, que elevou a receita em 40% em 2016 e estima índice igual para este ano. A expansão, segundo ele, deve-se à adoção de ações diferenciadas na área comercial, com forte investimento no comércio on-line; na valorização das revendedoras, que desde a fundação exercem papel decisivo na consolidação da marca em praticamente todo o Brasil; e na inovação, criando novas possibilidades de aplicação para os modeladores. O grupo tem fábrica própria desde 2010, 10 lojas físicas e mais de 3 mil representantes.
JC Empresas & Negócios - Como se iniciou a trajetória da Yang Modeladores?
Carlos Samuel Freire de Oliveira - Em 1996, minha mãe começou a revender, de porta em porta, modeladores comprados em São Paulo. Como tem uma capacidade muito grande de agregar e cativar pessoas, ela formou, rapidamente, um grupo de revendedoras, aumentando o volume de vendas. Com a crise econômica de 2002 e 2003, meu pai fechou uma construtora e foi trabalhar com ela, que já tinha uma loja para revenda de produtos de outras marcas e parcerias na região da Serra. Meu pai vislumbrou um negócio ainda maior, com distribuição ampliada e com diferenciais nos produtos.
Empresas & Negócios - Quais as primeiras mudanças feitas pela Yang no modelador, um produto tão específico?
Oliveira - Começou a mexer na modelagem da peça, que era estilo senhorinha, achatava o bumbum, escondia os seios, não deixava as mulheres bonitas. O objetivo da mudança foi valorizar o corpo feminino, algo que não dificultasse a vida delas. Desde então, inovamos de forma permanente. A Yang é a primeira empresa no Brasil a colocar bojo num modelador, que tradicionalmente era somente para uso pós-operatório. Assim conseguimos ampliar o público consumidor e conquistar novos mercados. Em 2010, lançamos a Yang Luxo, com peças de moda. Produzimos lingerie modelador, peças bonitas e que modelam o corpo. A trama do fio e a modelagem imprimem cintura na pessoa, ela não perde peso, mas medidas, valorizando ainda mais a peça de roupa que está usando. A inovação está no DNA na empresa desde o seu princípio, por isso conseguimos crescer de forma permanente.
Empresas & Negócios - Ainda dá para inovar no modelador, ou a empresa começa a pensar em novas possibilidades de produtos, como foco maior na moda?
Oliveira - O modelador ainda é embrionário no Brasil, tem menos de 60 anos. Ele foi criado para tratar de queimados, pois é feito de fibra porosa que evita a formação do queloide, em alguns casos desaparece até a mancha vermelha. As empresas que deram início à produção do modelador se deram conta de que peças mais inteiras imprimiam cintura e começaram a investir nesta linha. Também passou a ser usada nos pós-operatório na cirurgia plástica para colocação de silicones. Antes, o médico precisava enfaixar toda a mulher, torná-la quase imóvel, para a prótese não mexer. Hoje, faz um curativo só na incisão e coloca o sutiã. O modelador garante mais mobilidade e qualidade de vida nos pós-operatório. A Yang também apostou na linha estética. A peça era sempre a mesma, cor bege, que a mulher tinha até vergonha de mostrar. Hoje, temos peças bonitas, com informação de moda, mais confortáveis e
seguras.
Empresas & Negócios - O modelador não é mais uma peça exclusivamente para uso médico?
Oliveira - Ele está democrático e bonito, atende as mulheres em outros momentos. Muitas vezes, a mulher quer usar uma roupa, mas que deixa visíveis algumas gordurinhas. O modelador ajuda a dar uma alongada na silhueta.
Empresas & Negócios - Foi a Yang que sentiu este potencial de diversificação do uso do modelador ou mercado já trabalhava com esta perspectiva?
Oliveira - Como já se trabalhava, desde muito tempo, com esta peça no pós-operatório, sentimos a necessidade do cliente. Aqui no Sul do País, somos pioneiros a colocar esse olhar no modelador.
Empresas & Negócios - Quais os projetos futuros da Yang?
Oliveira - Vislumbramos um mercado muito grande, que ainda é jovem e está no seu início, tanto no Brasil, quanto no exterior. Na Europa, por razões culturais, o modelador é ainda menos usado. Nos Estados Unidos, o mercado é crescente, mas faltam grandes fabricantes com o mesmo olhar que o nosso, assim como ocorre aqui. Quando houver esta mudança de cultura, haverá uma migração de um estilo para outro. No passado, uma loja de rede tinha uma seção pequena para modeladores, hoje aumenta cada vez mais. O faturamento da Yang cresceu 40% em 2016, e projetamos outro tanto para o próximo ano, baseado nesta agregação da cultura da peça modeladora.
Empresas & Negócios - Qual a estrutura atual da Yang?
Oliveira - A capacidade instalada é para produzir 10 mil peças por mês, mas estamos usando 50%. Montamos a indústria em 2010 com uma mesa de corte de 1mx1m e duas costureiras. Hoje, temos mesa de corte de 10 metros e 25 costureiras, mais pessoal de apoio. Tudo era artesanal, hoje temos equipamentos computadorizados e tecnologias modernas. As peças são customizadas. Cada modelador tem 21 variações de tamanho, conseguimos configurar o manequim da pessoa e fazer a peça exclusiva para ela.
Empresas & Negócios - A Yang já tem presença no exterior?
Oliveira - É ainda muito tímida, temos alguns parceiros em Paris, Luxemburgo e Madri. Em Paris, o cliente é uma clínica de cirurgia plástica, que só usa os nossos produtos no pós-operatório. Mas temos perspectivas para os Estados Unidos, um mercado de alto consumo.
Empresas & Negócios - O mercado nacional ainda tem muito a crescer?
Oliveira - Tem muito. Atualmente, 20% das nossas vendas estão concentradas no Nordeste, outros 20% no Norte e 60% no Sul. Temos presença mínima no Sudeste, porque lá estão localizados os maiores concorrentes. Outro canal importante é a internet, que cresce acima da média. Vendemos, por exemplo, peças diretas para consumidores no Japão. O comércio virtual é um canal que pretendemos investir muito mais, pois é o principal fator de crescimento da empresa atualmente. Começamos há três anos com um revendedor que só trabalha pela internet. O grande crescimento se deu a partir daí. Hoje, este canal já responde por 30% das vendas e pode chegar aos 50%. Sem este comércio on-line, a história da Yang não seria esta. Mas a loja física vai continuar, porque ela dá confiança ao virtual, o consumidor sabe a quem recorrer.
Empresas & Negócios - Como a marca Yang chega aos clientes?
Oliveira - Metade das vendas vem dos nossos revendedores, que são o nosso DNA. O restante se divide entre lojas próprias, franqueadas e internet. Temos mais de 400 itens na marca Yang e oito produtos na linha Kala, que atende aos lojistas. Neste momento, estamos passando por transformações, investindo na segmentação, em mudanças no layout das lojas, buscando dar mais conforto, e reforçando a valorização das revendedoras, que, a partir de janeiro, terão espaço exclusivo na sede, em Caxias do Sul. Nos últimos três anos, deixamos de abrir novas franquias, porque era preciso definir a segmentação. Mas temos negócios em andamento e esperamos abrir mais três lojas no curto prazo.
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