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Trabalho

- Publicada em 23 de Dezembro de 2016 às 11:05

Nível de desemprego deverá persistir no ano que vem

Medo do desemprego foi citado em 18% das consultas realizadas

Medo do desemprego foi citado em 18% das consultas realizadas


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Longas filas em 2016, e filas longas em 2017. A situação do mercado de trabalho brasileiro, com mais de 12 milhões de desempregados - quase 3 milhões a mais que em 2015 -, no próximo ano, será marcada pela corrida de multidões em busca de vagas escassas, repetindo as cenas que mostraram o drama de quem não conseguiu se inserir neste ano. "Todos temos esperança de conseguir emprego, ou não estaríamos nessa fila", afirmou Tanise de Oliveira, recebendo o coro positivo dos colegas de desemprego que aguardavam a vez no mutirão do EmpregarRS, em Porto Alegre, em novembro. "Só estou aqui por necessidade", avisa Tanise.
Longas filas em 2016, e filas longas em 2017. A situação do mercado de trabalho brasileiro, com mais de 12 milhões de desempregados - quase 3 milhões a mais que em 2015 -, no próximo ano, será marcada pela corrida de multidões em busca de vagas escassas, repetindo as cenas que mostraram o drama de quem não conseguiu se inserir neste ano. "Todos temos esperança de conseguir emprego, ou não estaríamos nessa fila", afirmou Tanise de Oliveira, recebendo o coro positivo dos colegas de desemprego que aguardavam a vez no mutirão do EmpregarRS, em Porto Alegre, em novembro. "Só estou aqui por necessidade", avisa Tanise.
Especialistas e gestores de organizações de formação e intermediação culpam a reversão tímida da economia, projetada em alta de 0,3% ou um pouco mais do PIB para 2017, pela demora na retomada das contratações. Além disso, em meio a ajustes das contas públicas, não há ainda nenhuma luz do governo federal sobre a volta de programas de qualificação profissional, nos moldes do Pronatec, ou mesmo de garantia de renda, frentes de trabalho ou ampliação de benefícios como seguro-desemprego. E é justamente a qualificação que barra candidatos como Tanise.
Nas agências do Sine gaúcho havia, em dezembro, a oferta diária de 3,6 mil vagas. Até novembro, foram disponibilizados 71,9 mil postos, mas o aproveitamento preocupa o diretor técnico da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (Fgtas), Darci Cunha. Dos quase 260 mil candidatos, apenas 18 mil conseguiram se colocar, ou 25% de aproveitamentos das vagas. "O principal problema é a falta de qualificação", diz Cunha. Para 2017, a Fgtas vai treinar mais os atendentes, para poderem escolher melhor o candidato a vagas. "Muitos se comovem com o desespero da pessoa e enviam quem não tem perfil", admite o diretor técnico. Sem previsão e recursos para qualificação, a Fgtas tenta fazer convênio com universidades, mas há limitações sobre tipo de curso. "É difícil prever algo diferente do que mais gente batendo à porta dos Sines em 2017."
Enquanto desperdiça-se vagas, a taxa de desemprego chegou perto dos 11% na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) em novembro, depois de romper a barreira dos 10% no segundo semestre de 2015. Até novembro, se mantinha neste patamar, ficando em 10,8% na RMPA, taxa mais recente divulgada por Fundação de Economia (FEE) e Dieese. São mais de 200 mil pessoas sem nenhum trabalho. No País, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) apontou 11,8%. A economista e coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), Iracema Castelo Branco, aponta que somente medidas para ativar um maior nível da atividade podem ajudar brasileiros como Tanise.
Em 2016, a desocupação só não foi maior, porque muita gente desistiu de buscar vaga, saindo momentaneamente da População Economicamente Ativa (PEA). "Se não fosse isso, o desemprego sairia da média de 10,7% para 13,2%!", adverte Iracema. Ao lado disso, as ocupações que mais abriram vagas ou viraram saída ante a falta de perspectivas foram de autônomo, doméstico e assalariado sem carteira. "A tendência de 2017 de fraco crescimento implica menor geração de postos e queda de rendimentos, o que fará mais gente disputar as vagas, pressionando mais a taxa de desemprego", previne a economista.
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Pessoas precisam se preparar para queda na remuneração e tomar nova atitude

O consultor de carreiras e gerente regional da De Bernt, Fábio Souza, diz que o próximo ano ainda será difícil para quem está desempregado e de pressão das empresas para baixar remuneração. "As pessoas terão de se preparar para ter valores entre 20%, 30% e até 50% mais baixos que 2016. As empresas buscam reduzir custos e, ao contratar, puxam para baixo os salários", observou Souza, reforçando a manutenção do contingente de desempregados. Souza projeta que deve levar de um a dois anos para a retomada dos patamares salariais anteriores ao recrudescimento das taxas, que ocorre desde 2015. Segundo o consultor, um tema que se inserirá é a oferta de ganhos variáveis, atrelados à remuneração baseada em resultados. Ele cita ramos como vendas como os mais atingidos.
Para quem espera uma chance, Souza orienta mais organização e planejamento, com definição de parâmetros dispostos a encarar, como nível salarial. Além disso, com um cenário adverso, o consultor aconselha muita paciência até achar o momento para voltar ao mercado. Para quem vai encarar as filas de esperança por emprego, o sócio da De Bernt recomenda formular um currículo baseado em experiências, priorizando o que faz a diferença e o que valoriza a trajetória. "Se tem uma carreira de sucesso e precisa resumir tudo em 10 minutos, destaque o que pode realmente interessar." Muitos também buscam negócio próprio, usando recursos da rescisão do antigo emprego. O consultor adverte que é preciso ter um plano de negócio muito claro, sob pena de desperdiçar o único dinheiro disponível.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado (Senai-RS) reforçará a formação unindo automação e conectividade, e muito focada em melhorar competências para dar conta de uma indústria que precisará ser mais competitiva. "Vamos ofertar o que o setor precisa para vencer este cenário recessivo", traduz o diretor regional, Carlos Artur Trein, projetando 150 mil matrículas, as mesmas de 2016, bem longe das 180 mil de 2015 e da capacidade de 240 mil da estrutura do órgão. O Senai-RS complete a entrega de oito institutos de inovação, que custaram R$ 170 milhões em três anos e seguem os conceitos da chamada indústria 4.0.
Para a qualificação mais geral, nenhuma definição foi dada para vagas em cursos do antigo Pronatec, bancado pelo governo federal. "Estamos negociando há vários meses, mas o governo prioriza outros assuntos." O setor vislumbra alguma melhora no mercado somente no fim do ano. Antes disso, agroindústria e ramos exportadores mostram mais fôlego para vagas. Já a indústria metalmecânica apresenta só demissões, na Serra, Planalto e Sul do Estado. As mais recentes foram as 3,2 mil de uma vez da Ecovix no polo naval de Rio Grande. "Retomada, só em 2018", conforma-se Trein.