Bolsas asiáticas fecham majoritariamente em baixa com tom mais agressivo do Fed

As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em baixa nesta quinta-feira (15), após o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) sinalizar que o avanço dos juros no próximo ano será mais rápido do que se imaginava.

Ontem, o Fed elevou os juros básicos em 0,25 ponto porcentual, no primeiro ajuste desde o fim do ano passado, e previu outros três aumentos nas taxas ao longo de 2017, totalizando 0,75 ponto porcentual.

Os mercados esperavam apenas mais dois aumentos nos EUA no próximo ano, somando 0,50 ponto porcentual, como o Fed havia projetado em setembro.

"Certamente, ficamos surpresos com a postura do Fed", comentou Tim Condon, chefe de pesquisa para a Ásia do ING. "Havia um risco (de um Fed mais agressivo) que se tornou realidade."

Elevações de juros nos EUA aumentam os custos de financiamento em dólares de empresas asiáticas e também tendem a tirar recursos de mercados emergentes e a direcioná-los para ativos americanos.

O Xangai Composto, principal índice acionário da China, caiu 0,73%, a 3.117,68 pontos, pressionado por ações de seguradoras e bancos, enquanto o Hang Seng recuou 1,77% em Hong Kong, a 22.059,40 pontos, após a autoridade monetária do território elevar sua principal taxa de juros em 0,25 ponto, a 1%, para se ajustar à decisão do Fed. O dólar de Hong Kong é atrelado ao dólar americano.

Preocupações com uma onda de vendas no mercado de bônus da China continental também afetaram os preços de empresas chinesas negociadas em Hong Kong, segundo Bill Bowler, operador de venda de ações asiáticas da Forsyth Barr Ásia.

O tom foi igualmente negativo hoje em Taiwan, onde o Taiex mostrou queda marginal de 0,09%, a 9.360,35 pontos, e em Manila, com baixa de 1,05% no índice filipino PSEi, a 6.855,31 pontos. Em Seul, o Kospi ficou praticamente estável, com leve perda de 0,01%, a 2.036,65 pontos, após o banco central sul-coreano manter sua taxa básica em 1,25% pelo sexto mês consecutivo.

O mercado japonês foi exceção e o Nikkei subiu 0,10%, a 19.273,79 pontos, ajudado pela desvalorização do iene ante o dólar durante a madrugada. Os ganhos em Tóquio, porém, foram limitados por preocupação com a sinalização do Fed para 2017.

O índice chinês Shenzhen Composto, que é menos abrangente que o de Xangai, também contrariou a tendência majoritariamente negativa da Ásia e subiu 0,67%, a 1.972,90 pontos.

Na Oceania, a bolsa australiana foi pressionada pelo Fed e o índice recuou 0,8% em Sydney, a 5.538,60 pontos, em meio a uma queda nos papéis de produtoras de commodities.