Com a melhora nas projeções para a inflação em 2017 e 2018, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) considera que pode haver mais espaço para redução da taxa básica de juros, a Selic, do que o percebido anteriormente. A avaliação consta da ata da última reunião do Copom, divulgada ontem em Brasília.
Na semana passada, o comitê deu continuidade ao processo de redução da Selic. A taxa foi diminuída em 0,25 ponto percentual, caindo para 13,75% ao ano. Esse foi o segundo corte de 0,25 ponto percentual.
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia.
A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom reduz o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.
Na reunião de novembro, o comitê discutiu a possibilidade de fazer um corte maior na Selic por conta da recessão econômica, mas a decisão final foi esperar até a próxima reunião do Copom, em janeiro de 2017. "Em particular, destacou-se que o risco palpável de que não ocorra uma retomada oportuna da atividade econômica deve permitir intensificação do ritmo de flexibilização monetária", diz o documento.
O Copom reconheceu esforços para aprovação e implementação de "ajustes necessários" na economia, notadamente as reformas fiscais.
"Os membros do comitê enfatizaram que esses esforços são fundamentais para a estabilização e o desenvolvimento da economia brasileira. O comitê deve acompanhar atentamente esses esforços, uma vez que têm reflexos importantes no processo de desinflação", diz a ata.
O colegiado voltou a afirmar que "o conjunto dos indicadores divulgados desde a última reunião do Copom sugere atividade econômica aquém do esperado no curto prazo". A frase já constava no documento anterior, referente à reunião de outubro.
"Houve reduções nas projeções para o PIB em 2016 e 2017 e interrupção no processo de recuperação dos componentes de expectativas de índices de confiança", citou o documento.
"Após ter interrompido uma longa sequência de quedas no segundo trimestre, a medida de investimento nas contas nacionais voltou a recuar no terceiro trimestre."
O comitê destacou ainda que a economia brasileira segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, "refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego".
Para o colegiado, após os indicadores de atividade terem recuado em agosto, "a ausência de uma reversão nos meses seguintes torna menos provável o cenário em que esses movimentos refletiriam oscilações naturais da atividade econômica em torno de momentos de estabilização". Segundo o Copom, isso aumenta a probabilidade de que a retomada da atividade seja "mais demorada e gradual que a antecipada previamente".