Ontem, o presidente Michel Temer (PMDB) fez uma ligação para parabenizar o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. De acordo com o Palácio do Planalto, Trump "cumprimentou Temer pelas reformas e medidas para promover o crescimento do Brasil". No Congresso, o Senado aprovava, por 53 votos a 16, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto de Gastos. E em frente ao Congresso, havia mais policiais que manifestantes. No Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso negou liminar a mandado de segurança impetrado por senadores da oposição para barrar a tramitação da PEC. "O Congresso Nacional, funcionando como poder constituinte reformador, é a instância própria para os debates públicos acerca das escolhas políticas a serem feitas pelo Estado", disse Barroso. Foi um dia bom para Temer. O bom dia foi no meio do inferno astral. Temer, citado já 43 vezes nas delações da Lava Jato, vê o seu governo ruir a cada dia. Partidos do centrão já estão pensando em desembarcar. O PSB gaúcho está sendo vanguardista. A legenda já anunciou que irá colocar em votação a saída da base.
Sem ficções
O deputado gaúcho Darcísio Perondi (PMDB, foto) ficou feliz. O texto que vai à promulgação na quinta-feira é o mesmo que saiu da Câmara. "O texto que construímos ficou muito melhor que o original. Ficou mais rigoroso e consistente. Sob o novo regime fiscal, o Brasil chega à era da maturidade orçamentária, sem maquiagens de números, sem ficções financeiras, com a garantia de que tudo aquilo que for orçado será efetivamente pago e eficientemente gasto. O governo vai controlar a despesa com os limites individualizados por poder", disse. Perondi ainda afirmou que a PEC do Teto não se sustenta sozinha e que será necessária a aprovação da reforma da Previdência.
Pagamento de juros
A oposição prometeu que irá questionar a PEC do Teto no STF mais uma vez. "A PEC é inconstitucional, interfere nos outros poderes, que são independentes e autônomos, e também ataca o artigo da Constituição que impede que os direitos sociais sofram uma regressão", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). O deputado federal gaúcho Henrique Fontana (PT) criticou o objetivo da PEC. "O Brasil não tem dívida por gastar demais, tem dívida por pagar juros demais que descolaram dos fundamentos reais da economia para atender ao 'rentismo'", disse.