Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Transporte

- Publicada em 26 de Dezembro de 2016 às 15:28

País tem déficit de 850 quilômetros de metrô e trens de passageiros

Em todo o País, a malha total de metrô medida em 2015 alcançou apenas 309,5 quilômetros, extensão inferior à registrada na cidade de Londres

Em todo o País, a malha total de metrô medida em 2015 alcançou apenas 309,5 quilômetros, extensão inferior à registrada na cidade de Londres


RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/
O Brasil tem apenas 1.062 quilômetros de linhas de metrôs e trens de passageiros, em 13 regiões metropolitanas, que concentram mais de 20 milhões de habitantes, o que gera um déficit de 850 quilômetros, de acordo com o estudo Transporte e Desenvolvimento: Transporte Metroviário de Passageiros, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
O Brasil tem apenas 1.062 quilômetros de linhas de metrôs e trens de passageiros, em 13 regiões metropolitanas, que concentram mais de 20 milhões de habitantes, o que gera um déficit de 850 quilômetros, de acordo com o estudo Transporte e Desenvolvimento: Transporte Metroviário de Passageiros, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Em todo o País, só a malha total de metrô medida em 2015 alcançou 309,5 quilômetros, extensão inferior à registrada em cidades como Londres (402 quilômetros) ou Tokyo (310 quilômetros). A Região Metropolitana de São Paulo detém 71% do total do sistema de trilhos; e a região Nordeste, apenas 1,2%.
Para atender à demanda, o Brasil precisa ampliar em pelo menos 80% sua malha metroferroviária. De acordo com o levantamento, para cobrir o déficit da malha metroferroviária, é necessário investir cerca de R$ 167,13 bilhões em infraestrutura.
Os dados da CNT mostram, contudo, que a curva de investimentos feitos em sistemas de transporte metroferroviário no País praticamente não cresceu de 2010 a 2015, período em que a população nas grandes cidades aumentou 6,2%. Em cinco anos, o sistema brasileiro expandiu apenas 6,7%, enquanto a frota de transporte individual cresceu 24,5%.
O estudo aponta ainda que, em 2015, o governo gastou 26,2% do total de recursos autorizados para os estados que possuem sistema metroviário.
"Quando pegamos o orçamento para investimento geral em transporte no Brasil, sempre existe essa diferença. A cada ano, essa diferença gira em torno de 30%, o que o governo deixa de executar. Então, é como se, a cada três anos, o governo deixasse de executar um orçamento disponível. Vivemos o pior dos cenários. O recurso é insuficiente e, ao mesmo tempo, o que é disponível não é aplicado", disse Bruno Batista, diretor executivo da confederação.
Segundo a pesquisa, o investimento no setor de transporte sobre trilhos, em 2015, contou com 5% de participação direta do governo federal, 62% dos governos estaduais, 9% dos governos municipais e 24% do setor privado.
"É importante ter a contribuição privada, já que você não pode depender exclusivamente do investimento público. Mas é preciso dar garantia de regras claras, que não sejam mudadas a todo momento, e com isso você pode criar atratividade (do setor privado) para, pelo menos, ter investimento no que tange a trens e sistemas, restando ao Estado a parte de construção civil", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Joubert Flores.
O resultado da pesquisa da CNT mostra que o País segue na contramão da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012), que tem entre suas diretrizes a priorização do transporte coletivo em relação ao transporte individual motorizado e a integração dos sistemas de acordo com a expansão da população e do território.
"O Brasil precisa entender que não há solução de mobilidade para os grandes centros que não passe por um transporte estruturado, que é o transporte sobre trilhos. É fundamental que se pense o transporte como uma integração de todos os seus modos. O transporte sobre trilhos tem essa alta capacidade e precisa ser alimentado por sistemas menores que tragam essa capilaridade para as grandes cidades", disse a superintendente da ANPTrilhos, Roberta Marchesi.
As entidades responsáveis pelo estudo defendem a adoção, pelos governantes, de uma ótica sobre o crescimento das cidades que contemple a política de mobilidade. "No Brasil, primeiro as cidades crescem, se estruturam e depois "damos um jeito" de colocar o sistema estruturante. Se a gente pensasse o planejamento das cidades com 20 anos já prevendo essa demanda (transporte sobre trilhos), seria muito mais fácil e custaria muito menos. Então essa questão cultural precisa ser mudada", destacou Roberta.
A confederação alerta ainda que o investimento no transporte metroferroviário, além de contribuir para a redução dos congestionamentos de trânsito e do tempo de deslocamento, ainda teria menor impacto ambiental. De acordo com o documento, o metrô apresenta níveis de emissões de dióxido de carbono (CO2) 36 vezes menores que os emitidos por um automóvel.
O estudo foi feito nas regiões metropolitanas de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Distrito Federal e entorno (DF/GO/MG), Fortaleza, Sobral e Cariri (CE), Salvador (BA), Recife (PE), Natal (RN), Maceió (AL), João Pessoa (PB) e Teresina (PI).

Sonho do metrô de Porto Alegre ficou no papel

Em todo o País, a malha total de metrô medida em 2015 alcançou apenas 309,5 quilômetros, extensão inferior à registrada na cidade de Londres

Em todo o País, a malha total de metrô medida em 2015 alcançou apenas 309,5 quilômetros, extensão inferior à registrada na cidade de Londres


RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/
Os 1.062 quilômetros de ferrovias no Brasil poderiam ser um número um pouco maior se estivesse em funcionamento o metrô de Porto Alegre.
O projeto de uma linha ligando o Centro Histórico à zona Norte da Capital teve anos de estudos e previa 10,3 quilômetros de trem subterrâneo de passageiros, da Rua da Praia até o terminal Triângulo da Assis Brasil.
Na verdade, a ideia original era um pouco mais ousada, com mais estações que terminavam na Fiergs. Mas depois da Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) lançada pela prefeitura, foi revelado, em 2013, que o menor valor sugerido pelo consórcio vencedor superava em muito o orçamento da obra.
Assim, foi modelada uma nova parceria público-privada (PPP), com um trajeto menor e recursos dos governos federal, estadual e municipal, além do grupo empresarial que tocaria a obra e exploraria o serviço.
Em 2014, a empreitada foi orçada em R$ 4,84 bilhões, com 25 anos de exploração da linha de metrô. A nova PMI foi lançada, com a expectativa de que o vencedor da licitação começasse as obras do trem subterrâneo de passageiros ainda em 2015, para que estivesse em funcionamento em 2020.
A complexidade, o alto custo e os vários anos necessários para tirar um metrô do papel levaram representantes da prefeitura de Porto Alegre e do governo do Estado a serem cautelosos quando projetavam as datas para a obra.
Mas veio a crise financeira e nenhum dos entes públicos tinha mais recursos disponíveis para fazer a obra. Pelo contrário. A prefeitura, atrasou as obras viárias da Copa do Mundo. O governo do Estado passou a parcelar os salários dos servidores. E o governo federal, além da crise política, passou a projetar um rombo bilionário nas suas contas.
Como essa realidade, ficou distante o sonho de tirar o metrô do papel. O escritório da prefeitura que é sede do MetroPoa, na avenida Padre Cacique, previa um aumento gradual de funcionários ao longo dos anos para dar conta da operação do metrô.
Agora, não se sabe qual será o seu destino com a nova gestão municipal, a partir da posse do prefeito eleito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), neste domingo. O que se sabe é que Marchezan pretende fazer um grande enxugamento da máquina pública municipal.
Também, que não pretende iniciar novas obras enquanto não terminar as antigas. Ou seja, tem aí, pelo menos, um ou dois anos pela frente, até que se terminem as obras da Copa, como a duplicação da avenida Tronco e a construção da trincheira no cruzamento da Plínio Brasil Milano com a Terceira Perimetral.
Isso sem falar que o sistema de ônibus rápidos BRT (bus rapid transit, na sigla em inglês) está na primeira etapa, ou seja, foram feitos só os corredores de ônibus. Falta ainda licitar e construir as estações para então pensar na seleção da empresa que irá operar as linhas rápidas de ônibus.
Ou seja, o metrô, muito provavelmente, não estará na pauta da mobilidade urbana de Porto Alegre nos próximos quatro anos.
O que fica de toda a discussão até aqui são os estudos, que incluem até a segunda etapa do projeto, que prevê outros 10 quilômetros de percurso entre o Centro Histórico e a Zona Leste.
Tal como a linha 1, a linha 2 partiria da Rua da Praia, seguindo pela avenida Borges de Medeiros rumo à Zona Sul, pela Érico Veríssimo, chegando ao terminal Azenha, de onde rumaria, via Bento Gonçalves, em direção a Pucrs, finalizando o itinerário na avenida Antônio de Carvalho. A previsão é que a segunda etapa ficaria pronta 10 anos depois do início da operação da linha 1.

Trem metropolitano foi inaugurado em 1985 no Estado

Em todo o País, a malha total de metrô medida em 2015 alcançou apenas 309,5 quilômetros, extensão inferior à registrada na cidade de Londres

Em todo o País, a malha total de metrô medida em 2015 alcançou apenas 309,5 quilômetros, extensão inferior à registrada na cidade de Londres


RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/
A região metropolitana de Porto Alegre conta com sistemas de trem metropolitano e aeromóvel. A linha do aeromóvel circunscreve-se a uma pequena operação no Aeroporto Internacional Salgado Filho, enquanto a linha do trem metropolitano abrange os municípios de Canoas, Esteio, Novo Hamburgo, Porto Alegre, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. A malha metroferroviária na região é operada pela empresa Trensurb. Trata-se de uma sociedade de economia mista, cuja composição acionária é formada predominantemente pelo governo federal, com participações do governo gaúcho e da Prefeitura de Porto Alegre.
O sistema de trem metropolitano foi inaugurado em 1985, com 27 quilômetros, 15 estações e 25 trens, interligando a área central de Porto Alegre a Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul - em um traçado que acompanha em parte a diretriz da BR-116. Em 1997, a linha foi estendida a São Leopoldo e, em 2012, a Novo Hamburgo. O aeromóvel, também sob a responsabilidade da Trensurb, teve o início da sua operação assistida em 2013 e, da operação comercial, em 2014. A única linha em operação interliga a estação Aeroporto, do trem metropolitano, ao Terminal 1, do Aeroporto Internacional Salgado Filho, com extensão de quase 1 quilômetro, duas estações e dois veículos - com capacidades para 300 e 150 passageiros.
O aeromóvel distingue-se dos seus congêneres pelo tipo de propulsão utilizada. Os veículos, sem condutor e não motorizados, são impelidos por propulsão pneumática - ou aerodinâmica. O aeromóvel é apoiado em rodas de aço sobre trilhos, fixados em uma plataforma elevada. Por não ter motor embarcado, tem menos peso próprio e, por conseguinte, um acréscimo de eficiência energética por passageiro transportado.
Para o modal aeromóvel, há a previsão de construção de uma linha - também integradas ao trem metropolitano -, no município de Canoas (RS), mas o prefeito eleito Luiz Carlos Busato (PTB). Fazem parte do material rodante do trem metropolitano 162 carros. Nas composições formadas, há quatro carros por trem, sendo o intervalo entre eles, em média, de 180 segundos (três minutos). A tração do sistema de trem metropolitano é do tipo elétrica por catenária autocompensada ou flexível. A entrada de passageiros por ano foi de 57,5 milhões - tendo aumentado 12,9% desde 2011. Nos dias úteis, na média anual, a entrada de passageiros é de 190 mil.