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Empresas & Negócios

- Publicada em 26 de Dezembro de 2016 às 11:01

Repaginada, Sarandi aposta em diversificação

Diretor comercial da Fonte Sarandi, Jairo Alberto Zandoná

Diretor comercial da Fonte Sarandi, Jairo Alberto Zandoná


DINORA OLIVEIRA/SARANDI/JC
Guilherme Daroit
Prestes a completar 70 anos em 2017, a Fonte Sarandi vive um momento diferente em sua história. Tradicionalmente vendedora de água mineral, a empresa, com sede em Barra Funda, quer crescer agora na base de um portfólio com diversas opções de produtos.
Prestes a completar 70 anos em 2017, a Fonte Sarandi vive um momento diferente em sua história. Tradicionalmente vendedora de água mineral, a empresa, com sede em Barra Funda, quer crescer agora na base de um portfólio com diversas opções de produtos.
A companhia já vinha ensaiando a estratégia há algum tempo. O primeiro passo nesse sentido veio ainda em 2002, com o lançamento de refrigerantes de marca própria. Dez anos depois, a Sarandi ingressou, também, no ramo de cervejas, adquirindo a Kalena, então produzida em São Paulo. A quinta marcha no plano só foi engatada definitivamente em 2016. "Nossa intenção é não ficar dependente de um só segmento e ter mais oportunidade de crescer", argumenta o diretor comercial da empresa, Jairo Alberto Zandoná.
JC Empresas & Negócios - Por que a Sarandi apostou em uma repaginação?
Jairo Alberto Zandoná - A importância, para nós, era andar em linha com o mercado, reposicionar nossas marcas. Nossa última mexida em vasilhames e rótulos havia sido em 1998, quando só tínhamos a água Sarandi. Hoje, temos um portfólio abrangente, e entendemos que era a hora de revitalizar as marcas, mais em sintonia com o que o mercado espera.
Empresas & Negócios - Já tem dado resultado? Impactou o crescimento em 2016?
Zandoná - Sentimos os primeiros resultados, principalmente da água Floresta Ativa, destinada aos esportistas, vemos um bom desempenho dessa nova embalagem. Devemos fechar o ano entre 13% a 15% de crescimento. Isso em um mercado de refrigerante caindo 6% em média no País, de cerveja caindo a 2%, e o de água mineral, aí sim, crescendo a quase 10%. Nossa meta era crescer 15%, e vamos conseguir fechar nessa faixa, com envase de cerca de 120 milhões de litros. Graças a lançamentos também, como esse da Floresta Ativa, que é outro segmento de mercado que fomos buscar.
Empresas & Negócios - Mesmo com essa diversificação, a água mineral ainda é muito relevante?
Zandoná - Todas as linhas vêm assumindo peso, mas a água ainda é o carro-chefe da empresa. Representa 45% do faturamento, seguida por 35% dos refrigerantes, e o resto entre cerveja, energéticos e sucos. Nosso foco hoje é a região Sul como um todo. Temos alguma incursão em São Paulo e Mato Grosso, mas ainda pouco relevante.
Empresas & Negócios - A água mineral cresce no País, enquanto as outras bebidas caem. Por quê?
Zandoná - Vemos que crescem água mineral, água de coco, sucos naturais, produtos não açucarados em geral. O refrigerante, por exemplo, sofre o impacto do açúcar no mundo todo. Nos Estados Unidos, o consumo cai há 8 anos, e aqui, pelo segundo consecutivo. Tomara que pare essa queda, pois teríamos espaço para crescer no refrigerante. Mas é uma tendência de queda em todos os produtos com açúcar e sódio em todo o mundo, e os produtos naturais ganham espaço em cima disso.
Empresas & Negócios - Há como atender a essa demanda no refrigerante? A Sarandi buscará mais produtos naturais?
Zandoná - Todas as empresas trabalham nessa linha, buscando alternativas com produtos naturais para diminuir o açúcar. É objetivo nosso também de buscar isso. Mas não pretendemos ir atrás de novos produtos naturais por conta disso. Nosso negócio é focar a água mineral, que tem muito espaço ainda para se trabalhar. Temos duas marcas que vão continuar sendo nossos carros-chefes.
Empresas & Negócios - Por que uma segunda marca de água?
Zandoná - A Sarandi explora muito o pH, que está em voga no Brasil, e nossa água tem um dos maiores do País, de 9,92. Já a Floresta tem uma das menores concentrações de sódio. São dois pontos para trabalharmos, pois vemos que as pessoas estão indo no mercado e olhando o rótulo do que compram.
Empresas & Negócios - Qual o motivo de entrar nas cervejas?
Zandoná - Queríamos completar o portfólio, fortalecer nossa marca e nossos vendedores no ponto de venda. Além disso, as artesanais crescem bastante, e estamos ocupando esse espaço. Já tínhamos a Kalena, em parceria com um grupo engarrafador de São Paulo e que, há dois anos, começamos a fazer no Rio Grande do Sul. Agora, em 2016, começamos com a Província. Toda produção, desenvolvimento, distribuição e marketing de ambas passa por nós. São marcas nossas, que produzimos e distribuímos através de uma cervejaria de Santa Maria (Santamate).
Empresas & Negócios - Há espaço para crescer nesse mercado também?
Zandoná - Temos muito para crescer. Na Província, por exemplo, temos tipos Lager, IPA, Red, Weiss, uma família grande que entra nesse canal. Todo mercado é difícil, mas entendemos que o mercado das artesanais tem muito a crescer. Hoje é 2% do consumo de cerveja no Brasil, mas nos Estados Unidos é de 18% a 20%. Vai crescer muito esse mercado. Os mais jovens querem beber menos quantidade, mas mais qualidade. Entrar na cerveja Pilsen comum, competindo com as grandes, seria delicado e complicado. Nessa área de artesanais têm mais oportunidades, porque é um mercado que cresce, e porque há uma tendência de migração das novas gerações para as cervejas mais elaboradas.
Empresas & Negócios - É uma forma de a empresa se proteger da queda do refrigerante?
Zandoná - Nossa intenção é de não ficar dependente de um só segmento e ter mais oportunidade de crescer. Embora pouco, a Sarandi cresce também no refrigerante, mas as grandes empresas de refrigerantes são muito fortes. A cerveja é, portanto, uma oportunidade de crescer no faturamento, até pelo valor agregado, que é muito grande.
Empresas & Negócios - A alimentação fora do lar vem sofrendo com a crise dos últimos anos. Isso afeta as vendas?
Zandoná - Afeta bastante os bares e restaurantes, mas vemos uma migração no sentido de comprar e levar pra casa, que até ajuda no consumo. Em casa, você bebe mais, até pelo fator financeiro, já que é mais barato. No cômputo geral, o mercado ainda cai; mas, sem isso, a queda seria muito maior.
Empresas & Negócios - A Sarandi espera um 2017 melhor para o mercado?
Zandoná - Acho que a economia não muda muito. Talvez mais para o fim do ano, mas o primeiro semestre seguirá no mesmo ritmo. Mas na bebida sempre se tem oportunidade. 2016 teve o inverno mais comprido possível, que começou em abril e acabou em novembro, e nos castigou muito. Nosso maior vendedor é o sol. No inverno, o pessoal esquece de tomar água, principalmente no Sul, com todo esse frio. Tendo um verão dentro da média de calor, com o carnaval no fim de fevereiro que talvez estique o veraneio, há condições de 2017 ser melhor que 2016.
Empresas & Negócios - A Sarandi pretende buscar bebidas de inverno para acabar com essa sazonalidade?
Zandoná - Não, vamos focar o que temos agora. Até porque cai muito o consumo, como na cachaça comum, por exemplo. Não temos pretensão de entrar na bebida alcoólica. Nosso maior foco para 2017 será a cerveja, que está indo bem. E em 2017, já teremos uma base para trabalhar em cima, não saímos do zero, que nem em 2016.
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