Maria Eugenia Bofill
No dia 20 de dezembro, cinco dias antes da chegada oficial do Natal, as crianças da Pousada Solidariedade já esperavam ansiosamente o bom velhinho que chegaria em instantes. Ao desembarcar na sala com um saco vermelho cheio de presentes, encontrou David, Leonardo, Marcos e Renan, acompanhados de seus pais ou mães. No que recebeu um saudoso "bem-vindo, Papai Noel" de um deles. As crianças são quatro das 10 hóspedes temporárias da pousada e estão na fase de pré ou pós-transplantes de órgãos. Há 13 anos, já passaram cerca de dois mil pacientes, de todas as idades e vindos de todas as regiões do Brasil.
A pousada pertence a ONG Via Vida, Pró-Doações e Transplantes, e recebe pacientes que estão em fase de pré ou pós-transplantes de órgãos e não teriam condições de se manter na cidade por tanto tempo e consequentemente não teriam acesso ao tratamento indicado para o transplante. Aos pacientes - 60% menores de idade - são oferecidos serviços de apoio pedagógico, psicológico, oficinas de artesanato, informática e também culinária, além da hospedagem e alimentação, sem custo nenhum. "Eles ficam longe da família, das relações sociais, deixam de frequentar a escola, há um trabalho importante tanto psicológico quanto pedagógico em cima disso", destaca a fundadora e presidente da Via Vida, Maria Lucia Kruel Elbern. O trabalho pedagógico foca especialmente na interpretação de leitura e na matemática básica, para as crianças não perderem as noções escolares. Todo o trabalho é realizado por voluntários, atualmente são cerca de 70, que se dividem nas diversas funções da casa. "Há uma diferença entre o voluntário e o doador: o doador doa alguns órgãos e o voluntário, todos, é tudo pela causa. Aprendi muito aqui, mas ainda tenho muito o que aprender", destaca a voluntária Maria da Graça Caetano, que trabalha há dois anos na ONG.