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Indústria

- Publicada em 12 de Dezembro de 2016 às 18:25

Receita para inovação chega ao menor patamar desde 2000

Pesquisa do IBGE aponta que maior base está em melhoria de processos

Pesquisa do IBGE aponta que maior base está em melhoria de processos


CREATIVEART/ FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC/
A indústria brasileira registrou o menor volume de investimentos em inovação em relação a suas vendas desde que o indicador começou a ser mapeado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000. Em 2014 - último ano de referência para o estudo, as indústrias dedicaram 2,12% de suas receitas líquidas (descontando impostos sobre as vendas) à inovação. O número indica uma queda de 10,17% em relação a 2011 (dado anterior), quando o percentual era de 2,36%.
A indústria brasileira registrou o menor volume de investimentos em inovação em relação a suas vendas desde que o indicador começou a ser mapeado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000. Em 2014 - último ano de referência para o estudo, as indústrias dedicaram 2,12% de suas receitas líquidas (descontando impostos sobre as vendas) à inovação. O número indica uma queda de 10,17% em relação a 2011 (dado anterior), quando o percentual era de 2,36%.
Outra queda, ainda mais acentuada (55%), foi no segmento de energia e gás, em que a relação entre receita e investimentos caiu de 1,28% em 2011 para 0,57% em 2014. Alessandro Pinheiro, gerente do IBGE responsável pela pesquisa, diz que os resultados apontam para um menor esforço de inovação na indústria nacional e uma perda de qualidade no processo, como consequência.
"Esse é um indicador muito sensível à conjuntura econômica, que já trazia dificuldades desde a crise de 2008. Sua queda mostra uma deterioração de qualidade na inovação." Para a maioria das empresas da indústria que desenvolveram novos produtos ou processos entre 2012 e 2014, o obstáculo mais importante para a inovação é o custo que ela traz - 86% delas atribuem relevância alta ou média a essa questão. Foram citados ainda como desafios, por 82,1% das empresas, os riscos da inovação e escassez de fontes de financiamento (68,8%).
A queda na indústria e no segmento de eletricidade e gás não foi acompanhada pelo restante da economia, que se manteve praticamente estável - foi de 2,54% em 2011 para 2,56% em 2014. O esforço de inovação foi puxado pelo setor de serviços, no qual as empresas dedicaram 7,81% de suas receitas para o desenvolvimento de produtos, contra 4,96% em 2011.
Dentro do setor, destaca-se o segmento de telecomunicações, que acelerou seus investimentos para a implementação das tecnologias de telefonia 3G e 4G, diz Pinheiro. Ele aponta que, entre 2012 e 2014, 40% das empresas que realizaram inovação contaram com algum apoio do setor público para o processo, enquanto, entre 2009 e 2011, haviam sido 34,2%. Com a piora do quadro econômico e fiscal brasileiro, a tendência é que esse percentual caia, impactando negativamente o cenário da inovação no País.
Se, por um lado, o esforço de inovação em relação às vendas diminuiu, a pesquisa mostrou leve recuperação no percentual das companhias que estão buscando criar novos produtos e processos. Em 2014, 36% das empresas brasileiras com 10 ou mais funcionários trabalharam em algum projeto de inovação, enquanto em 2011 foram 35,7% e em 2008, 38,61%.
Levando em conta dados da Eurostat (organização estatística da Comissão Europeia) referentes ao período entre 2010 e 2012, a participação de negócios inovadores no Brasil, em relação ao total de negócios, fica abaixo da encontrada em países como Alemanha (66,9%), Irlanda (58,7%) e Itália (56,1). Ela se aproxima da encontrada na Croácia (37,9%) e fica um pouco acima dos índices de Eslováquia (34%) e Espanha (33,6%).
A maior parte da inovação no mercado brasileiro está baseada em melhoria de processos e assimilação de tecnologias já disponíveis no mercado. Quando solicitadas a indicar seu principal produto e/ou processo desenvolvido e sua importância, apenas 595 empresas afirmaram que ele era novo no mercado mundial.
Por outro lado, pouco menos de 5.100 indicaram desenvolver produto novo no Brasil, e outras 10,2 mil se dedicavam a itens já disponíveis no País. A pesquisa avaliou um universo de 132,5 mil empresas com 10 pessoas ou mais.

Intenção de investimento sobe 2,6 pontos no trimestre

O Indicador de Investimento da Indústria, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), subiu 2,6 pontos no quarto trimestre deste ano, em relação ao trimestre imediatamente anterior. Com o resultado, o índice atingiu 93,0 pontos, o maior valor desde o primeiro trimestre de 2015 (100,8 pontos).
"A segunda alta consecutiva do Indicador de Intenção de Investimentos no setor industrial é um aspecto positivo do resultado da pesquisa, mas que deve ser relativizado. Não só porque ainda predominam as respostas sobre a intenção de reduzir o investimento no próximo ano, mas também, por conta de um ajuste, para baixo, nas expectativas sobre o ambiente de negócios que vem sendo observado nos últimos meses no meio empresarial. Até aqui, esse movimento de melhora relativa do indicador abre apenas a possibilidade de uma redução no ritmo de queda dos investimentos produtivos nos próximos meses. O contexto geral, econômico e político é ainda marcado pela elevada incerteza, o que afeta sobretudo as decisões de investimento", afirma Silvio Sales, consultor da Ibre/FGV.
Pelo terceiro trimestre consecutivo há mais empresas incertas sobre a realização dos seus programas investimento nos próximos 12 meses, 28,5%, do que certas, 23,1%. Com isso, o saldo do indicador de "grau de certeza dos planos de investimento" é de -5,4 pontos. Esse foi o menor percentual de empresas certas sobre a execução dos investimentos.