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Empresas & Negócios

- Publicada em 05 de Dezembro de 2016 às 09:52

Financiamento coletivo apoia projetos independentes

Efrón foca o financiamento coletivo recorrente à área de expressões criativas

Efrón foca o financiamento coletivo recorrente à área de expressões criativas


APOIA.SE/DIVULGAÇÃO/JC
Maria Eugenia Bofill
Aos 36 anos, Hernán Efrón trabalha constantemente para a evolução da sua plataforma de crowdfunding, o Apoia.se. A empresa, radicada em Porto Alegre, foca o financiamento coletivo recorrente à área de expressões criativas. Efrón, administrador e estudante de música, é veterano no meio do crowdfunding.
Aos 36 anos, Hernán Efrón trabalha constantemente para a evolução da sua plataforma de crowdfunding, o Apoia.se. A empresa, radicada em Porto Alegre, foca o financiamento coletivo recorrente à área de expressões criativas. Efrón, administrador e estudante de música, é veterano no meio do crowdfunding.
Foi um dos criadores da primeira plataforma de financiamento coletivo no Brasil, o Catarse.me. Entretanto havia uma inquietação no modo como era realizado o trabalho, e Efrón foi atrás de um modelo que se comunicasse da maneira que ele desejava. Assim, surgiu o modelo recorrente, ou seja, destinado a iniciativas que buscam financiamento contínuo. 
Dois anos depois da criação, o Apoia.se tem em torno 800 campanhas, que variam de blogueiros, youtubers, projetos de jornalismo independente, ONGs e também empreendedores. São cerca de 10 mil apoiadores. A maior campanha de crowdfunding que está atualmente no Apoia.se é a Revista Dragão Brasil, que arrecada cerca de R$ 30 mil mensal, com 2,4 mil apoiadores.
JC Empresas & Negócios - Como surgiu a ideia de criar plataformas para realizar crowdfounding recorrente?
Hernán Efrón - Eu me envolvi, em 2010, com a criação da primeira plataforma que ganhou popularidade no Brasil, o Catarse.me. Desde lá, pensava na possibilidade de um financiamento recorrente, o modelo atual do Apoia.se. Em 2013, quando iniciei a faculdade de música, comecei a pensar como se daria minha sustentabilidade de músico em construção. Eu não tinha uma carreira pronta, nem pai me patrocinando, enfim, não tinha quem me bancasse. Mas tinha disposição para correr atrás e procurava uma forma de monetizar o meu trabalho, o meu processo de desenvolvimento quanto músico desde o início. Então conheci uma plataforma norte-americana de crowdfunding, só que recorrente. Pensei que essa era a forma de me comunicar e de resolver a questão de custear tanto os projetos como a vida de quem os produz, e decidi trabalhar no Apoia.se. Começou aos poucos, no final de 2014, e agora, em 2016, ganhou maior expressividade.
Empresas & Negócios - Como as pessoas recebem essa ferramenta de financiamentos coletivos?
Efrón - Há todo um trabalho de criação de cultura em torno da necessidade do financiamento da produção de conteúdo. É um trabalho que tanto as plataformas como os donos das campanhas estão fazendo, e é parte do desafio de se tocar uma campanha. É como um trabalho de conscientizar as pessoas de que a produção de conteúdo não pode acontecer sem financiamento. Têm muitas iniciativas dando certo.
Empresas & Negócios - Ou seja, as pessoas contribuem com projetos com que elas se identificam mais?
Efrón - O engajamento se dá em temas com que o público se identifica, nas coisas que o tocam mais, seja um conteúdo artístico, um material jornalístico ou uma produção na área da diversão. Qualquer pessoa que tiver algo para falar, e tiver uma comunidade que se interessa nisso, pode ter uma campanha e receber apoio, porque a principal motivação para as pessoas contribuírem é a própria existência do conteúdo que está sendo produzido. O crowdfunding recorrente tem o componente de identificação com quem a pessoa financia. Quando ela está cooperando, torna-se parte da história daquele criador.
Empresas & Negócios - Há critérios para as pessoas colocarem seus projetos em uma plataforma de financiamento coletivo?
Efrón - No Catarse, antes, tinha uma curadoria. Era necessário enviar o projeto e passar pela aprovação dela. Agora, é só criar e colocar o projeto na plataforma, o que permite que tenha qualquer tipo de projeto. Mas quem cria o projeto tem que questionar por que as pessoas apoiariam determinado projeto. É preciso pensar que o crowdfunding tem uma razão de ser, senão as pessoas poderiam disponibilizar apenas suas contas bancárias, e não seria necessária uma plataforma de arrecadação. Os projetos que são bem-sucedidos são aqueles que têm o apelo coletivo, têm uma devolutiva para um grupo de pessoas com interesses específicos. Senão por que as pessoas apoiariam um projeto? Que apelo tem isso para elas? Há uma dinâmica de engajamento, de troca de valor compartilhado entre quem cria e quem apoia, e isso é bem importante.
Empresas & Negócios - Qual é o diferencial do Apoia.se?
Efrón - O Apoia.se agrega mais valor. A própria recorrência é uma receita contínua para financiar não só o projeto, mas o processo, que é um negócio contínuo. Não é uma plataforma apenas para criadores de conteúdo, é para fazedores em geral. Há empreendedores que desenvolveram aplicativos para celular e que estão testando modelos de negócios. Os usos podem ser bem diversos.
Empresas & Negócios - Há um controle dos projetos que existem no Apoia.se para saber se os criadores realmente produzem e entregam o conteúdo?
Efrón - Não. Isso não é uma responsabilidade nossa. Porém, nem se quiséssemos, seria um custo infinito. Não tem como controlar, monitorar e ver se os criadores estão entregando. Além de representar um custo absurdo, seria preciso ter uma estrutura para controle, porque quem está se comprometendo a entregar é o realizador do projeto. Então, se não há entrega daquilo que foi prometido, o empreendedor acabará se queimando com a rede que o apoiou. É uma questão ética. Existe esse mecanismo de controle social que já resolve boa parte do problema.
Empresas & Negócios - Como é o lucro das plataformas com os financiamentos?
Efrón - Depende da plataforma. O Apoia.se retém 13% do valor, e 87% fica para o criador. Os 13% arrecadados servem para pagar custos de meio de pagamento, de transferência bancária, remuneração de equipe e suporte técnico.
Empresas & Negócios - Qual o papel do crowdfunding?
Efrón - É muito importante, muito importante mesmo. É uma alternativa a fontes tradicionais de financiamento: de banco, da empresa e do governo. É uma alternativa de financiamento direto com as pessoas interessadas na existência daquilo. Isso tem muito poder, quando bem-entendido e bem-usado. Por isso não acho que o crowdfunding seja um modismo, ele veio para ficar e está só no início, inclusive. Ele vai permear muito pela nossa cultura.
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