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Política

- Publicada em 28 de Novembro de 2016 às 19:19

Pacote deveria ter sido discutido por mais tempo, avalia cientista político

Bruna Suptitz
Para garantir maior apoio político ao pacote de medidas que pretendem tirar o Estado da crise financeira, o governo devia ter dialogado antes com a base aliada. Esta é a avaliação do cientista político Emil Sobottka, professor do curso de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). Ciente da necessidade de debater a estrutura do Estado, sua crítica, feita em entrevista ao Jornal do Comércio, é dirigida à seletividade na escolha dos órgãos que serão extintos e à contribuição que alguns setores da sociedade darão neste processo, que é desequilibrado frente a outros segmentos que não serão atingidos.
Para garantir maior apoio político ao pacote de medidas que pretendem tirar o Estado da crise financeira, o governo devia ter dialogado antes com a base aliada. Esta é a avaliação do cientista político Emil Sobottka, professor do curso de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). Ciente da necessidade de debater a estrutura do Estado, sua crítica, feita em entrevista ao Jornal do Comércio, é dirigida à seletividade na escolha dos órgãos que serão extintos e à contribuição que alguns setores da sociedade darão neste processo, que é desequilibrado frente a outros segmentos que não serão atingidos.
Jornal do Comércio - O governo cometeu ousadia em enviar pacote sem diálogo com a base?
Emil Sobottka - É um governo que já teve bastante tempo e sabe que a situação está complicada. Fazer isso no fim de ano, quando sabe que vai ter que entrar em convocação extraordinária, é provavelmente muito mais uma tentativa de fazer passar na marra algumas coisas que se sabe que, numa discussão normal, não teria como fazer. E fica evidente que propositadamente foi muito seletivo ou não teve habilidade, porque ficaram de fora várias coisas. Por exemplo, de um lado se tenta extinguir uma entidade como a FEE (Fundação de Economia e Estatística), e para qualquer governo é muito importante ter as suas próprias informações confiáveis, e deixa intacto o Tribunal Militar. O pacote não tem a cara de uma reforma geral necessária e que deveria ter sido discutida por um período mais longo, costurado pactos com vários segmentos da sociedade. Por isso, me parece que ou é desespero, ou é maldade fazer isso dessa forma.
JC - O governo poderia ter ampliado o debate para a sociedade?
Sobottka - No momento, o Estado está numa crise da qual não há saída sem sacrifício. A pergunta política então é: como vamos distribuir os sacrifícios necessários e em função de que futuro? São discussões que precisam ser feitas por setores amplos da sociedade, não por um governo só e nem por 55 deputados. Passados dois anos, o governo joga isso na véspera do fim do ano legislativo. É muito inoportuno para discutir, especialmente quando está se pedindo muito sacrifício, sem mostrar com clareza quais vão ser os ganhos.
JC - A inclinação de alguns partidos em sair do governo pode ser reflexo da falta de diálogo?
Sobottka - A pergunta que eu faria para esses partidos é primeiro porque ainda estão no governo, se eram só os cargos ou era de fato a expectativa de poder contribuir com alguma transformação do Estado. Se foi só pelos cargos, o preço provavelmente é muito elevado. Se foi a tentativa de ajudar a transformar um pouco o Estado e aí recebe um pacote desta forma, sem ter sido discutido... a gente esperaria que, no mínimo, a base aliada tivesse participado. Eles têm que avaliar se o momento é oportuno (para sair) ou se eles podem usar isso como um mecanismo de pressão para tentar introduzir algumas mudanças. É uma estratégia interessante, porque o governo precisar praticamente de cada voto.
 
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