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operação lava jato

- Publicada em 23 de Novembro de 2016 às 16:27

Executivos assinam acordos de delação

 Ao comentar o fato, Sergio Moro disse esperar que o Brasil sobreviva".

Ao comentar o fato, Sergio Moro disse esperar que o Brasil sobreviva".


Agência Brasil/JC
Executivos da construtora Odebrecht estão assinando desde a manhã de ontem os acordos de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para colaborar com as investigações da Operação Lava Jato. A delação do grupo é chamada de a "delação do fim do mundo", pois promete implodir o mundo político.
Executivos da construtora Odebrecht estão assinando desde a manhã de ontem os acordos de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para colaborar com as investigações da Operação Lava Jato. A delação do grupo é chamada de a "delação do fim do mundo", pois promete implodir o mundo político.
Recentemente, durante uma conversa com um interlocutor de Brasília, o sempre contido juiz  Recentemente, durante uma conversa com um interlocutor de Brasília, o sempre contido juiz Sergio Moro fez o seguinte comentário: "Pela extensão da colaboração, haverá turbulência grande. Espero que o Brasil sobreviva".
O acordo envolve os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, o atual, Michel Temer, tucanos de alta plumagem, como José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, peemedebistas fortemente ligados a Temer, como o senador Romero Jucá e o ministro Geddel Vieira Lima, e os dois principais nomes do PMDB no Rio de Janeiro: o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral. As revelações na delação da empreiteira, que faturou 125 bilhões de reais em 2015 e reuniu 400 advogados para costurar o acordo, levam procuradores da força-tarefa da Lava Jato a constatar que "se os executivos comprovarem tudo o que dizem, a política será definida como a.O. e d.O.
Devido ao grande volume de informações, a previsão dos investigadores é que todos os documentos do acordo sejam entregues até amanhã (quinta-feira), quando deve ser concluído formalmente o processo de colaboração tanto da empresa, quanto dos executivos. A Odebrecht preparou um comunicado público que vai ser distribuído na imprensa e nas redes sociais do grupo pedindo desculpas pelo ilícitos assim que for concluído o processo de assinatura.
Do pouco que já veio a público sobre a delação da Odebrecht, é possível reunir uma coleção de superlativos e prever um terremoto político sem precedentes. Só entre os políticos de categoria presidencial, já se sabe que:  O ex-presidente Lula recebeu favores, como a reforma do seu sítio em Atibaia, no interior paulista. A contrapartida vinha na forma de contratos para a Odebrecht no Brasil e no exterior; a ex-presidente Dilma teve uma parte de suas campanhas financiada pelo caixa-2 da empreiteira, com pagamentos feitos no exterior ao marqueteiro João Santana.
Marcelo Odebrecht também deve relatar um encontro que teve com a então presidente na Cidade do México, em maio de 2015, no qual a advertiu que a La­va-Jato poderia terminar mal para ambos; o atual presidente Michel Temer, quando ainda era vice de Dilma, participou de uma reunião com Marcelo Odebrecht no Palácio do Jaburu, na qual pediu uma doação de R$ 10 milhões para o PMDB. O dinheiro foi entregue em espécie ao hoje ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha; o tucano José Serra, duas vezes candidato à Presidência da República, recebeu R$ 23 milhões para sua campanha ao Planalto em 2010. Parte do dinheiro saiu de contas da empreiteira na Suíça.
Fora da galeria presidencial, o estrago parece quase ilimitado. Em Brasília, já se tornou palpável um clima de pânico em certos núcleos parlamentares, que pressentem o desastre que se avizinha. "O conteúdo desses anexos é avassalador", diz um dos advogados que participaram das negociações. 
 

Empresa tem 73 executivos delatores

A tratativa da delação premiada e da leniência da Odebrecht está a um passo de ser concluída. O último entrave na mesa, neste momento, é relacionada ao valor que será pago pela empresa aos Estados Unidos, como multa da leniência negociada entre as autoridades americanas, o Brasil e a Suíça. Os EUA pressionam por um valor maior, o que gerou um impasse na reta final das negociações. No caso das delações, as tratativas foram encerradas e restam apenas as formalidades de assinatura do acordo. Segundo apuração da reportagem, são 73 executivos delatores ao todo. Com a delação, cada um dos funcionários da empresa obteve acordo por uma pena mais amena.
Na tarde de ontem, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entrou pessoalmente nas negociações para resolver a questão. O valor da multa a ser paga pela empresa já estava acertado com a Odebrecht. Como o dinheiro será repartido entre os três países, a exigência de montante maior pelos americanos gerou um entrave na negociação. Há dois caminhos possíveis: ou aumenta a multa a ser paga pela empresa ou Brasil e Suíça liberam uma parte do valor para equacionar o impasse.
Advogados e procuradores envolvidos na negociação tentam assinar toda a documentação relativa aos acordos até quinta-feira, antes de Janot embarcar em viagem internacional. Na sexta-feira, 25, o procurador-geral da República viaja para a China, onde fica até o próximo dia 4.
Apesar de a fase de negociação estar praticamente concluída, o material ainda não será enviado ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Antes de encaminhar as delações para homologação, os procuradores precisam concluir a validação de depoimentos dos delatores, o que pode se estender até as vésperas do recesso do Judiciário, que terá início em 20 de dezembro.
No almoço desta quarta-feira, Janot se reuniu com procuradores e advogados que participam em Brasília de um seminário internacional sobre sistema acusatório. Na saída, se recusou a falar com jornalistas sobre o acordo de delação, mantido sob sigilo.
A expectativa é de que após a assinatura dos acordos de delação e leniência a Odebrecht divulgue um comunicado à sociedade sobre a situação do grupo.

Para Planalto, delação pode atingir ministros

A equipe do presidente Michel Temer avalia que a provável assinatura do acordo de delação da Odebrecht tem o risco de atingir a cúpula do governo federal, mas também pode acabar de "vez com o fantasma" que estava gerando imobilismo em alguns setores de Brasília.
Segundo assessores presidenciais, agora é preciso tomar conhecimento dos detalhes dos prováveis acordos dos executivos da empreiteira para saber a "exata dimensão" dos efeitos das revelações sobre a equipe ministerial e a base aliada no Congresso Nacional.
A expectativa é que a delação gere turbulências no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios, podendo inclusive atingir de forma irreversível assessores diretos do presidente. Em relação ao peemedebista, assessores avaliam que ele deve ser citado pelos executivos da empresa, mas nada que seja considerado fatal.
O Palácio do Planalto não acredita que o conteúdo possa atingir diretamente o presidente, com a hipótese apenas de citações laterais. Há o receio, contudo, de que envolva pelo menos quatro ministros e aliados do governo em siglas como PSDB, PMDB e DEM.
Em relação ao que é considerado o "lado bom" da delação, um assessor de Temer disse à reportagem que a assinatura do acordo vai pôr fim ao clima de "incerteza e insegurança" no mundo da política. Segundo o auxiliar, será como separar de vez o joio do trigo para que o país comece uma nova etapa de sua história.
A preocupação de uma ala do governo é que a indefinição sobre a delação da Odebrecht estava retraindo investidores que já estavam planejando aplicar recursos no Brasil, mas decidiram fazer uma "parada estratégica" até que o acordo venha a público.
Em conversa com a reportagem, um investidor confirmou esta posição e disse que, revelada a delação da Odebrecht, agora será possível saber com quem será possível conversar dentro do governo e no Congresso Nacional.

STF nega recurso de empreiteiro contra prisão

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou os embargos de declaração propostos pela defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht contra a decisão do próprio colegiado que manteve o empresário preso, no início do ano. A decisão foi unânime.
Em abril, o STF havia negado habeas corpus apresentado pelos advogados de Odebrecht contra a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro em 2015. Os advogados recorreram dessa decisão e, agora, os recursos foram negados.
Odebrecht, executivos e ex-executivos da empresa estão em negociação de acordo de delação premiada com procuradores da Lava-Jato. Por isso, a defesa do empreiteiro chegou a pedir ao ministro Teori Zavascki, relator da operação no Supremo, para suspender por dois meses o julgamento dos recursos. O pedido também havia sido negado pelo STF.
Em março, Odebrecht foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 19 anos e quatro meses de prisão, por crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O acordo de delação premiada do executivo com o Ministério Público (MP) deve ser assinado nos próximos dias.