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Governo federal

- Publicada em 20 de Novembro de 2016 às 17:04

Temer sofre a quinta baixa em seis meses

 Saída de Marcelo Calero da Cultura abre nova crise no Planalto

Saída de Marcelo Calero da Cultura abre nova crise no Planalto


FREDY VIEIRA/JC
À frente do governo federal há seis meses, o presidente Michel Temer (PMDB) enfrentou neste fim de semana a quinta baixa em seu ministério. O titular da Cultura, Marcelo Calero, deixou o cargo na sexta-feira, alegando divergências com o secretário-geral de Governo, ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), que o pressionou a contrariar uma parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador (BA). 
À frente do governo federal há seis meses, o presidente Michel Temer (PMDB) enfrentou neste fim de semana a quinta baixa em seu ministério. O titular da Cultura, Marcelo Calero, deixou o cargo na sexta-feira, alegando divergências com o secretário-geral de Governo, ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), que o pressionou a contrariar uma parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador (BA). 
Antes de Calero, deixaram o governo Romero Jucá (PMDB), do Planejamento; Fabiano Silveira, da Transparência; Henrique Eduardo Alves (PMDB), do Turismo; e Fábio Medina Osório, da Advocacia-Geral da União.
A saída do ministro da Cultura abriu nova crise no governo Temer. Um dos auxiliares mais próximos do presidente, Geddel Vieira Lima se tornou o pivô de questionamentos éticos que colocam o Palácio do Planalto "nas cordas", segundo interlocutores de Temer.
Em entrevista, Calero detalhou as pressões de Geddel pela liberação da construção de um edifício residencial luxuoso no centro histórico de Salvador, junto a uma área tombada pelo Iphan.
No sábado, Geddel admitiu que é dono de uma unidade no 23º andar - avaliada em ao menos R$ 3,3 milhões segundo apurou a reportagem com corretores responsáveis pelo empreendimento. O ministro negou ter usado sua influência para tentar viabilizar a construção.
Essa foi a linha da conversa telefônica que Geddel teve na manhã deste sábado com o presidente, que estava em São Paulo. Embora nos bastidores do Planalto fala-se em "guerra de versões", a avaliação é que a denúncia de Calero é "grave". Ele reiterou as acusações em evento no Rio, e disse tratar-se "claramente de um caso de corrupção".
As afirmações do ex-ministro causaram desconforto. Foi um fecho ruim para uma semana em que o governo lutou para evitar respingos da prisão do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, um dos principais integrantes do partido do presidente, o PMDB.
Dada a gravidade dos fatos, a Comissão de Ética Pública do Palácio do Planalto vai entrar hoje no caso. "Li com atenção o que foi publicado e, como presidente da Comissão, decidi que vou submeter o assunto ao colegiado, na segunda-feira, que vai decidir se abrirá procedimento de investigação (contra o ministro) ou não e quais providências a serem tomadas", declarou o presidente da comissão, Mauro Menezes. "Não vou fazer qualificativo nem dar declaração porque estaria me antecipando."

Outros quatro ministros não resistiram à pressão

O primeiro ministro de Michel Temer (PMDB) a cair foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR), em 23 de maio, logo após assumir o Ministério do Planejamento. Ele deixou o governo após o vazamento de uma conversa entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. "Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. Tem que ser política. Advogado não encontra solução pra isso não. Se a solução é política, como é política? Tem que resolver essa ***. Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria", diz o senador na gravação.
As gravações de Machado também levaram à derrocada de Fabiano Silveira, ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, pasta criada por Temer após extinguir a Controladoria Geral da União (CGU). O pedido de demissão foi apresentado em 30 de maio, uma semana após a queda de Jucá. Ministro da Transparência, Fabano Silveira foi gravado na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em conversa em que critica a Lava Jato e dá conselhos a investigados. Renan diz estar preocupado com acusação de recebimento de propina.
O terceiro alvo das gravações de Machado foi Henrique Eduardo Alves (PMDB), que estava à frente do Ministério do Turismo até 16 de junho, quando pediu demissão devido ao desgaste ao ter o nome citado em denúncias da Lava Jato.
Em 9 de setembro, foi a vez de o então advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, deixar o cargo. Temer o demitiu após divergências entre o titular da Casa Civil e braço direito de Temer, Eliseu Padilha (PMDB), e Media Osório sobre ações da AGU relacionadas à Operação Lava Jato.

Roberto Freire assume a pasta diz que analisará caso de Geddel com Iphan

Escolhido para suceder Marcelo Calero no Ministério da Cultura, o deputado federal Roberto Freire (PPS-SP) afirmou neste sábado que vai respeitar a decisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão subordinado à pasta, sobre a construção de um projeto imobiliário em Salvador (BA) em que o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB) comprou um apartamento.
Calero disse que um dos principais motivos que o levou a pedir demissão do cargo foi pressão feita por Geddel para que o Iphan aprovasse o projeto imobiliário La Vue Ladeira. De acordo com o jornal, o empreendimento tem cerca de 100 metros de altura e está previsto para ser construído nos arredores de uma área tombada da capital baiana, base eleitoral do ministro da Secretaria de Governo.
"Vou tomar conhecimento do fato ainda. Mas antes de tomar conhecimento, o princípio que me norteia é o técnico. Se existe um órgão técnico, é para ser respeitado na suas decisões. Se existe um órgão técnico e competente, cabe ao ministro levar em consideração e respeitar isso. Se não, quem vai colaborar com o ministro?", afirmou Freire. "O Iphan existe; é um órgão técnico e competente para essas questões. E eu costumo respeitar os órgão técnicos", disse.
O futuro ministro ainda elogiou a gestão de Calero a frente do Ministério da Cultura e disse que deve dar continuidade ao trabalho dele. "Não há nenhuma ruptura. Ele fez um ótimo trabalho. Não está saindo com nenhum problema do ponto de vista político e administrativo. Vamos conversar com ele. Tem muito mais de continuidade do que qualquer mudança", afirmou Roberto Freire.