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Lava Jato

- Publicada em 15 de Novembro de 2016 às 16:50

Camargo Corrêa tentou proteger Edison Lobão, afirma executivo

Em depoimento prestado no mês passado à Polícia Federal, o ex-gerente de Relações Institucionais da Camargo Corrêa Gustavo da Costa Marques afirmou ter omitido informações da Operação Lava Jato para seguir "versão estabelecida" pela empreiteira. Ao retificar as declarações, o executivo disse ter escondido dos investigadores a participação de um empresário, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção nas obras da Usina de Belo Monte. Além disso, acrescentou ter pago propina em dinheiro em espécie ao senador peemedebista Edison Lobão (MA), que na época era ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff.
Em depoimento prestado no mês passado à Polícia Federal, o ex-gerente de Relações Institucionais da Camargo Corrêa Gustavo da Costa Marques afirmou ter omitido informações da Operação Lava Jato para seguir "versão estabelecida" pela empreiteira. Ao retificar as declarações, o executivo disse ter escondido dos investigadores a participação de um empresário, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção nas obras da Usina de Belo Monte. Além disso, acrescentou ter pago propina em dinheiro em espécie ao senador peemedebista Edison Lobão (MA), que na época era ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff.
Costa Marques, que trabalhou por 16 anos para a Camargo, é um dos colaboradores do acordo de leniência firmado pela construtora e vários de seus dirigentes com o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná. Em 2011, ele passou a ser o responsável pelo escritório de representação da empresa em Brasília e a ter ligações com Lobão. A ex-mulher de Costa Marques exerce desde o ano passado cargo comissionado no gabinete do senador peemedebista.
Os delatores da Camargo Corrêa admitiram que 1% do valor do contrato da usina, tocado pela empresa em consórcio com a Andrade Gutierrez e a Odebrecht, era repassado a políticos do PT e do PMDB. Conforme depoimentos já revelados, ao menos R$ 2 milhões foram pagos a Lobão por, supostamente, ter ajudado a criar o consórcio e para que não impusesse obstáculos à obra. O caso é investigado em inquérito sigiloso no Supremo, sob relatoria do ministro do Supremo Tribunal FEderal (STF), Edson Fachin.
Para que os recursos chegassem ao então ministro, a Camargo teria feito dois contratos falsos com a AP Energy Engenharia e Montagem, entre 2011 e 2012. A empresa, com sede em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, não teria prestado serviços, mas apenas recebido os recursos para repassá-los ao peemedebista.
À PF, Costa Marques disse que, a mando do ex-diretor da Camargo Luiz Carlos Martins, também delator, ajudou a montar a operação de pagamento das propinas ao PMDB. Contou ter feito viagens a São Luís para discutir os repasses com o ex-secretário da Casa Civil do Maranhão Luiz Fernando Moura da Silva, apontado como intermediário de Lobão.

BC tenta bloquear R$ 20 milhões de advogado foragido, mas só encontra R$ 715 mil

O juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de até R$ 20 milhões de Rodrigo Tacla Duran, mas apenas R$ 715 mil foram localizados nas contas do advogado procurado pela Interpol por ter servido como intermediário no repasse de propina investigada pela força-tarefa da Lava-Jato. O Bacenjud, sistema criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo BC para bloqueio de quantias direto em conta corrente, localizou a maior parte dos recursos - R$ 704 mil - na conta pessoa física de Duran e o restante nas contas do escritório de advocacia e de duas empresas dele, a TWC e a Econocell.
Duran teve prisão preventiva decretada por Moro, com pedido de extradição, na 36ª Fase da Lava-Jato. O advogado, porém, já havia deixado o Brasil em abril passado, rumo a Miami. Por isso, há expectativa que ele ainda esteja nos Estados Unidos.
Os procuradores afirmam que Duran era mais um dos homens que fizeram fortuna intermediando pagamento de propina a agentes públicos brasileiros. Assim como Adir Assad, Duran era um profissional de lavagem de dinheiro. Mas enquanto Assad trabalhava no Brasil, Duran atuava também no exterior, com pelo menos 12 offshores já identificadas.
Duran tinha várias empresas e elas firmavam contratos fictícios com empresas que precisavam gerar dinheiro em espécie para pagar propinas. Ele recebia os valores, emitia notas e ficava com parte do valor, devolvendo a diferença em espécie para a empresa contratante.
Segundo as investigações, ele é suspeito de ter faturado R$ 61 milhões apenas operando propinas.
O advogado atuou como intermediário para o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que ficou conhecido como "Departamento de Propinas". Na estrutura secreta da empresa, tinha até senha para operar o sistema de pagamentos ilícitos com o codinome Rui Rey. Também intermediou valores para a UTC e para a Mendes Junior.
Em algumas operações, também atuou em parceria com Adir Assad, recebendo ou repassando recursos.
A 36ª Fase da Lava-Jato foi batizada de operação Dragão em razão de alvos da ação terem feito depósitos a um chinês, também identificado pela Lava-Jato como intermediário de propina.
Ricardo Pessoa, da UTC, um dos delatores da Lava-Jato, afirmou à força-tarefa que chegou a fechar um contrato fictício com o escritório de Duran para que ele verificasse pendências em relação à empresa no Tribunal de Contas da União (TCU). O serviço era totalmente descartável, já que basta dar uma busca no nome da empresa no site do TCU para obter a resposta.