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operação lava jato

- Publicada em 10 de Novembro de 2016 às 18:00

Anistiar caixa 2 beneficia confraria de corruptos, diz procurador

Procuradores da força-tarefa que investiga os crimes apurados no âmbito da Operação Lava Jato voltaram a manifestar preocupação com a hipótese de o Congresso Nacional aprovar mudanças legislativas que, para eles, ameaçam o combate à corrupção como uma eventual anistia a políticos envolvidos em caixa 2 e novas regras para os acordos de leniência, que, atualmente, permitem a redução das penas impostas a empresas investigadas que colaboram com a Justiça.
Procuradores da força-tarefa que investiga os crimes apurados no âmbito da Operação Lava Jato voltaram a manifestar preocupação com a hipótese de o Congresso Nacional aprovar mudanças legislativas que, para eles, ameaçam o combate à corrupção como uma eventual anistia a políticos envolvidos em caixa 2 e novas regras para os acordos de leniência, que, atualmente, permitem a redução das penas impostas a empresas investigadas que colaboram com a Justiça.
"Não há uma forma mágica de tratar a corrupção e interromper esses delitos a não ser por meio de políticas públicas, do aperfeiçoamento do nosso sistema legislativo-penal, do fortalecimento das instituições", comentou o procurador da República Roberson Pozzobon durante coletiva de imprensa para detalhar a 36ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira.
Batizada de Dragão, a operação já resultou no cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva. Os alvos são empresas ligadas a dois operadores financeiros, Adir Assad (que já estava preso em Curitiba, condenado pela Justiça Federal em outra ação) e Rodrigo Tacla Duran contra quem também foi expedido mandado de prisão preventiva ainda não executado, pois ele se encontra na Espanha desde abril. Segundo os procuradores, há evidências de que Assad e Duran lavaram mais de R$ 50 milhões para várias empresas investigadas na Lava Jato, entre elas, as construtoras UTC, Mendes Júnior e Odebrecht.
Ao comentar como chegaram às informações que justificaram a ação contra a dupla de empresários e reforçam as acusações envolvendo diversas empresas, os procuradores explicaram que o depoimento de executivos da UTC foi fundamental para identificar os operadores e o funcionamento do esquema e para encontrar vestígios de movimentações financeiras que podem confirmar as suspeitas.
 

Para presidente da AMB, parlamentares criaram um pacote 'pró-corrupção'

O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo dos Santos, acusou parlamentares de utilizarem o pacote das 10 medidas anticorrupção do Ministério Público Federal (MPF) para tentar barrar a Operação Lava Jato. "Virou um projeto pró-corrupção", avaliou Santos.
Na quarta-feira, o relator do projeto, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM), incluiu em seu parecer uma proposta que institui o crime de responsabilidade para juízes, desembargadores e todos os membros do Ministério Público.
Santos afirmou que, na "eminência de serem descobertos" por crimes de corrupção, deputados e senadores tentam "neutralizar o sistema de Justiça". Ele destacou a tentativa de votação na Câmara de projeto que poderia anistiar crimes de caixa-2. "Denunciamos há muito tempo que há uma intenção que não é velada no Congresso de interromper a Lava Jato." O presidente da AMB lamentou que parlamentares "utilizem o discurso da moralidade para colocar instrumentos escondidos com a falsa ideia de enriquecer o projeto do MPF".
Ele ressaltou que a proposta do crime de responsabilidade para magistrados jamais foi discutida nas reuniões com o relator da comissão especial e com o presidente, Joaquim Passarinho (PSD-PA). "O anúncio nos pegou de surpresa", comentou. Santos participou de uma audiência pública do colegiado e de reuniões com os parlamentares. "Eles usam a estratégia do avanço para garantir a impunidade, utilizam o pacote anticorrupção, que foi debatido com a sociedade, e ali colocam um dispositivo que não foi debatido nas audiências públicas", criticou.