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Conjuntura

- Publicada em 15 de Novembro de 2016 às 21:35

FMI recomenda ao Brasil cautela na política monetária

O Brasil deve ter cautela na condução de sua política monetária e considerar de forma gradual cortes nos juros, em linha com o ritmo do ajuste fiscal e da convergência para a meta de inflação, recomenda o FMI (Fundo Monetário Internacional) em relatório divulgado ontem.
O Brasil deve ter cautela na condução de sua política monetária e considerar de forma gradual cortes nos juros, em linha com o ritmo do ajuste fiscal e da convergência para a meta de inflação, recomenda o FMI (Fundo Monetário Internacional) em relatório divulgado ontem.
Para o fundo, embora o País já tenha dado sinais de que está deixando para trás a pior recessão econômica de sua história, os riscos permanecem, sobretudo ligados à velocidade da aprovação das reformas estruturais e fiscais propostas pelo governo.
"A política monetária tem sido calibrada de forma apropriada, com o aperto dos últimos dois anos justificado pelas fortes pressões inflacionárias", diz o documento. "Enquanto as condições para um ciclo gradual de alívio estão se formando agora, enquanto as expectativas de inflação convergem para a meta, os diretores [do FMI] recomendam que a política monetária deve permanecer relativamente apertada até que haja mais progresso tangível no ajuste fiscal e as expectativas de inflação se movam mais perto da meta do Banco Central".
As recomendações fazem parte de uma análise do relatório anual do FMI sobre o país produzido em consulta com autoridades brasileiras, e que havia sido lançado no fim de setembro. A estimativa do fundo é que o Produto Interno Bruto (PIB) fechará o ano com recuo de 3,3% e voltará a terreno positivo em 2017, com crescimento de 0,5%.
Embora a análise tenha sido produzida antes da eleição americana, ela se alinha com os sinais de que o BC será cauteloso na condução da política monetária, reforçados após a reação negativa dos mercados financeiros à vitória de Donald Trump na corrida à Casa Branca.
A estimativa da pesquisa Focus do BC é que a Selic termine o ano a 13,75%, com corte de 0,25% ponto percentual na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, no fim de novembro. Para 2017, a média das projeções é de que a taxa de juros conclua o ano em 10,75%,
Sobre a vitória de Trump, um economista do FMI disse numa conversa com jornalistas que ainda é cedo para prever qual será o impacto para o Brasil, já que a política econômica do presidente eleito ainda não é clara. Mas observou que a incerteza criada pelo resultado da eleição americana levou a quedas nos mercados financeiros dos países emergentes e desvalorização de suas moedas.
"Também vimos aumentos nas taxas de juros, o que é típico de choques externos causados por incertezas", disse, sob condição de não ser identificado. "Mas o Brasil tem reservas muito altas e uma política cambial que o tornam capaz de suportar choques externos".
Na análise do FMI, as prioridades para o Brasil para impulsionar seu crescimento econômico devem ser, além das reformas fiscal e previdenciária, políticas que reduzam os custos para se fazer negócios no país e aumentem a eficiência.
Elas incluem ações para tornar o programa de concessões mais atraente, impulsionando a competitividade e o investimento; simplificação dos impostos; redução de barreiras tarifárias e não-tarifárias; a busca de acordos comerciais fora do Mercosul; e a facilitação de empregos produtivos, com a diminuição de incentivos para o mercado de trabalho informal.

Brasil possui ferramentas para lidar com 'Efeito Trump'

O governo brasileiro tem as ferramentas para lidar com o aumento da volatilidade no mercado financeiro causado pela surpresa com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, disse um alto funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI). Economista do FMI destacou que, em termos comerciais, o Brasil não é muito exposto aos EUA.
Ainda é muito cedo para avaliar o que pode acontecer na maior economia do mundo com a vitória de Trump, ressaltou o funcionário. "Ainda não sabemos o conteúdo das políticas do novo governo. Temos algumas indicações, mas ainda muito vagas."
O primeiro impacto sentido pelos mercados emergentes com a eleição de Trump foi via moedas, e a do Brasil foi uma das mais afetadas, destaca o FMI. Além disso, em algumas economias, as curvas de juros subiram, sinalizando que os investidores preveem taxas mais altas no futuro. "Isso é um movimento típico de um choque externo de incerteza."
O porta-voz do FMI lembrou que, em outros momentos de nervosismo no mercado internacional, como em 2013, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) primeiro sinalizou que mudaria a política monetária do país, o Brasil conseguiu, por meio da taxa de câmbio flexível e das reservas internacionais, lidar com o choque externo. Além disso, o BC usou o programa de swaps cambiais como outra ferramenta. "As autoridades brasileiras têm as ferramentas para lidar com a volatilidade que estamos
vendo agora."