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Conjuntura

- Publicada em 09 de Novembro de 2016 às 22:29

Perspectivas pouco otimistas para economia gaúcha em 2017

Recuperação, se vier, será lenta e penosa, destacou Martinho Lazzari

Recuperação, se vier, será lenta e penosa, destacou Martinho Lazzari


FREDY VIEIRA/JC
Se as projeções para a economia brasileira no ano que vem são pouco animadoras, a situação é praticamente a mesma no Rio Grande do Sul. Para analistas, as dificuldades que ainda travam qualquer perspectiva de retomada efetiva da demanda devem continuar em voga em 2017, tornando pouco provável que a saída da crise se torne uma realidade no curto prazo. As perspectivas para diferentes setores da economia gaúcha no que vem são o tema da edição especial da carta de conjuntura que comemora os 43 anos da Fundação de Economia e Estatística (FEE), comemorados no próximo domingo, dia 13.
Se as projeções para a economia brasileira no ano que vem são pouco animadoras, a situação é praticamente a mesma no Rio Grande do Sul. Para analistas, as dificuldades que ainda travam qualquer perspectiva de retomada efetiva da demanda devem continuar em voga em 2017, tornando pouco provável que a saída da crise se torne uma realidade no curto prazo. As perspectivas para diferentes setores da economia gaúcha no que vem são o tema da edição especial da carta de conjuntura que comemora os 43 anos da Fundação de Economia e Estatística (FEE), comemorados no próximo domingo, dia 13.
Como a matriz econômica do Estado é pouco diferente da nacional, a principal justificativa para a projeção negativa é, justamente, a situação macroeconômica brasileira. "O Rio Grande do Sul acompanha, em linhas gerais, o Brasil, então qualquer análise tem de começar olhando a economia nacional", justifica o diretor técnico da instituição, Martinho Lazzari. Ao apresentar a carta, composta por nove artigos assinados por pesquisadores da FEE, o economista ressaltou um dos tópicos que defende que o foco do governo federal está em recuperar a confiança, e não a demanda. "A hipótese é de que, se vier, a recuperação será lenta e penosa", pinçou Lazzari.
Já sobre a situação específica do Rio Grande do Sul, a carta defende duas peculiaridades que podem influenciar o desempenho para além do panorama nacional. O primeiro deles é a questão climática, já que a agricultura possui mais relevância na matriz econômica gaúcha. O documento alerta para riscos de escassez de chuvas no verão, que poderia diminuir a safra de grãos, principalmente a soja. "De qualquer forma, como estamos vindo de supersafras consecutivas, mesmo se não houver problema nenhum já não trará um grande impacto de incremento", relativiza o diretor.
Economista da FEE, Vanclei Zanin espera recuperação nas culturas do arroz e do milho, este último alavancado pelos preços altos de 2016. Ao mesmo tempo, porém, são justamente os preços que Zanin vê como os grandes problemas para o setor, que ainda têm estoque das últimas colheitas. "Isso sim é um desafio, pois a rentabilidade da produção pode ser reduzida", argumenta.
A outra peculiaridade é a maior dependência gaúcha dos chamados bens de capital, como equipamentos industriais, máquinas e implementos, por exemplo. O lado bom apontado por Lazzari é de que, se esse setor for bem, o Estado será mais beneficiado do que a média. O lado ruim, porém, é que não há indícios de que essa retomada acontecerá. "Com a queda que tivemos na produção industrial nos últimos três anos, o normal seria crescer rápido, mas o que estamos vendo é um crescimento muito modesto", argumenta a economista da FEE, Cecília Hoff.
A economista defende que a continuidade desse crescimento, mesmo que pequeno, também é incerta, pois poderia ser reflexo de uma simples reposição de equipamentos e estoques, e não se sustentaria sozinha. "A retomada do consumo poderia significar uma saída, mas está sujeito a uma série de condições, como a redução nos juros, que por sua vez só acontece se a inflação convergir para a meta", ressalta Cecília. Ao contrário de ciclos passados, porém, a eficiência da redução nos juros será testada pelo alto endividamento das famílias, que, sem espaço para novos comprometimentos, podem não responder ao estímulo.
A alta taxa de desemprego, que tem projeção de continuar crescendo em 2017 aliada com a queda na renda, também desafia a chance de retomada na demanda. Os pesquisadores também relativizam a possibilidade de que os investimentos privados puxem o crescimento, já que o setor industrial, por exemplo, continua operando com capacidade ociosa.
 

Exportações podem ser positivas, mas dependerão do câmbio

Retorno de práticas protecionistas elevam riscos no comércio exterior

Retorno de práticas protecionistas elevam riscos no comércio exterior


ANTONIO PAZ/JC
Um dos poucos pontos positivos vistos em 2016, o aumento constante no volume das exportações pode ter continuidade no ano que vem. Ao contrário deste ano, entretanto, os preços recebidos pelas commodities tendem a ser mais favoráveis. "Em 2016, os preços internacionais dos produtos básicos chegaram ao fundo do poço e voltaram a se revalorizar. Caso mantenha essa dinâmica, será positivo ao Estado", argumenta o economista da FEE, Tomás Torezani, que defende que a continuidade é incerta.
Os riscos estão concentrados no fato de que, embora a economia mundial volte a registrar crescimentos mais relevantes, o movimento não tem refletido no comércio internacional. Além disso, práticas protecionistas estariam em voga no mundo, segundo Torezani. A eleição nos EUA de Donald Trump, que tinha o protecionismo como bandeira, só reforçaria o ganho de força dessa corrente.
Além disso, a valorização do real frente ao dólar também põe em xeque os setores industriais, que, em 2016, tiveram os melhores resultados nas vendas externas. Entre eles, o principal é o polo calçadista, que, após décadas de perda de competitividade, retomou acordos graças à capacidade de negociação trazida pela desvalorização. "De qualquer forma, os setores mais exportáveis não têm força para puxar toda a indústria junto", relativiza a economista da FEE, Cecília Hoff.