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JC Logística

- Publicada em 29 de Novembro de 2016 às 17:38

Governo edita MP de concessões

Empresários queixam-se de falta de soluções para a metade da malha de rodovias

Empresários queixam-se de falta de soluções para a metade da malha de rodovias


ELZA FIÚZA/ABR/JC
Após dois meses de debate interno, o presidente Michel Temer assinou, na semana passada, a Medida Provisória (MP) das Concessões, que busca destravar investimentos em infraestrutura. O texto desagrada, em parte, às concessionárias. Três pontos foram particularmente mal recebidos, todos ligados à relicitação de projetos.
Após dois meses de debate interno, o presidente Michel Temer assinou, na semana passada, a Medida Provisória (MP) das Concessões, que busca destravar investimentos em infraestrutura. O texto desagrada, em parte, às concessionárias. Três pontos foram particularmente mal recebidos, todos ligados à relicitação de projetos.
O que mais incomodou é o fato de a concessionária que devolve o projeto, por falta de recursos para finalizá-lo, fica no "escuro". Não sabe qual será o valor da indenização antes de oficializar a devolução, mas, depois de devolver, não pode voltar atrás. "Se não concordar com a indenização, pode até recorrer a um tribunal arbitral, mas aí a dor de cabeça já está contratada", disse uma fonte ligada uma das concessionárias que enfrenta problemas financeiros.
Outra questão: sócios de empresas com problemas que aderirem à relicitação, ainda que tenham condição financeira de ficar no projeto, não poderão permanecer nem participar da nova licitação. A exclusão também vale para empresas que estão financeiramente bem, mas que venham a entregar a concessão por discordarem dos parâmetros iniciais do projeto, que foram definidos quando a economia ia bem e agora não valem na crise, como a demanda de usuários, que tende a cair quando a economia vai mal. Quem devolver por essa razão também não pode entrar na nova licitação.
No caso das rodovias, o problema é que a MP não trouxe nenhuma alternativa para viabilizar as concessões leiloadas no governo Dilma Rousseff, na primeira etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL). Desequilibradas pela falta de liberação do financiamento de longo prazo do Bndes, elas propuseram, por exemplo, realizar duplicações conforme o aumento da demanda - e não no prazo de cinco anos, como previsto. Mas o governo não cedeu.
"Na época dos leilões, prevíamos a economia crescendo a 4,5% e o Bndes financiando até 70% do investimento a TJLP mais 2% ao ano", disse César Borges, que conduziu os leilões à época como ministro dos Transportes e hoje preside a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). "Isso mudou integralmente, e o País é outro."
Com isso, diz ele, o governo deixa de oferecer uma solução a um conjunto de 5.000 quilômetros de rodovias concedidas, metade da malha federal em mãos do setor privado. Entre elas, estão dois trechos da BR-163, no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, para o escoamento da safra.
O ex-ministro fez a crítica baseado nas informações que obteve às vésperas da assinatura do documento. A versão final, de fato, não contemplou o pleito da associação dos concessionários de rodovia. O governo também excluiu da versão final da MP um artigo que permitia a reprogramação dos pagamentos da taxa de outorga. Esse ponto era de interesse da concessionária Rio Galeão, que queria mudar a forma de pagamento dos R$ 19 bilhões prometidos no leilão do aeroporto. Em vez de parcelas anuais na casa de R$ 900 milhões, ela queria reduzir os recolhimentos no início do contrato, quando há investimentos, e concentrá-los no final.
Essa reprogramação é um ingrediente-chave nos planos da concessionária para viabilizar o negócio. Segundo fontes da área técnica, ela foi incluída no texto por sugestão do Bndes, por fazer sentido do ponto de vista financeiro. Porém houve receio no governo federal de que as demais concessionárias exigissem o mesmo tratamento.
Haverá, ainda, reações das atuais concessionárias de ferrovias brasileiras. Isso porque a MP, ao permitir a possibilidade de renovação antecipada da concessão, exigiu, por outro lado, que elas façam investimentos. E esses, conforme a medida provisória, não ocorrerão, necessariamente, nas malhas que elas controlam.
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